Encurtar a cadeia produtiva e degustar o prato com calma e sem o atropelo das grandes redes de alimentação é a proposta do slow food, um movimento que surgiu em 1986, na Itália. O país onde a filosofia nasceu é o mesmo que recebe, a partir desta quarta-feira, o Salone Internazionale de Gusto Terra Madre (Salão Internacional do Sabor).
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O chef Ubiratan Farias faz parte da delegação catarinense que parte nesta terça para o evento. Conhecido como Bira, o chef prepara pratos com a gastronomia elaborada a partir de produtos da região, como o berbigão, em Florianópolis. O molusco é comprado de Fabrício Gonçalves, produtor artesanal que cria berbigões na Costeira do Pirajubaé, no Sul da Ilha.
Todos os meses, o produtor revende cerca de 15% do produto para que Ubiratan faça pratos e os ofereça a pequenos grupos em jantares particulares em Florianópolis.
– Acredito que comer é muito mais do que um ato gastronômico, comer é um ato de responsabilidade com o paladar e com a própria vida – avalia o chef de cozinha, que apronta as malas para mostrar o seu trabalho na Itália.
O slow food propõe e articula cadeias locais, aproximando os chefs (que atendem pelo conceito de coprodutores) e os produtores em si. A meta é estabelecer cadeias curtas que demandam menos transporte e, portanto, menos gasto.
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O nome é uma referência a uma nova gastronomia, que começa com a escolha dos alimentos e a forma de produção, respeitando o meio ambiente e os produtores, chegando até a mesa, onde a convivência entre as pessoas é fundamental.
Assim como o berbigão, Santa Catarina conta com participantes do movimento na cadeia da farinha de mandioca e do pinhão.
A filosofia de consumir as matérias-primas locais estará com uma grande representação de SC durante o evento, que também abarca o Congresso Internacional do slow food. Além de Ubiratan, a delegação catarinense que participará do encontro é formada por outras 10 pessoas, entre chefs de cozinha, agricultores familiares, proprietários de engenho de farinha, extrativistas de berbigão e pinhão e pesquisadores.
O movimento
Entenda o conceito slow food, que tem conquistado cozinheiros de todo o mundo
Em meados dos anos 1980, surgia na Itália o movimento slow food (comida devagar, em tradução literal). Liderado por Carlo Petrini, o movimento prega a mudança na relação com os alimentos.
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A intenção é orientar as pessoas para que dediquem mais tempo para as refeições. A pausa para se alimentar, na visão dos adeptos, deve representar um momento de prazer e apreciação, que envolve desde a escolha de alimentos orgânicos até a valorização de produtos cultivados na região.
Atualmente o slow food conta com mais de 100 mil sócios em cerca de 130 países. No Brasil há 59 comunidades envolvidas, sendo 12 delas no Sul do Brasil, segundo a organização nacional do movimento.
Para saber mais: www.slowfood.com e www.slowfoodbrasil.com