Santa Catarina já tem 100 cidades que decretaram situação de emergência por conta da estiagem, segundo o boletim divulgado pela Defesa Civil no dia 1º de junho. A falta de chuva tem afetado o Estado e provocado reflexos no abastecimento de água e também na agricultura.

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Por conta do problema, a Defesa Civil montou uma força-tarefa para auxiliar os municípios. O órgão também solicitou ajuda ao governo federal para o envio de recursos voltados a aluguel de caminhões-pipa e itens de assistência. Também foi deflagrado no dia 12 de maio a Operação Estiagem, com ações para enfrentar a falta de chuva. A iniciativa reúne órgãos como Casan, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros Militar e secretarias ligadas à agricultura e ao meio ambiente. A ação é liderada pelo Grupo de Ações Coordenadas (Grac) e pelo Comitê de Recursos Hídricos.

Segundo o último boletim hidrometeorológico, divulgado pelo governo do Estado em 15 de maio, Santa Catarina tinha 46 municípios em estado de normalidade, 136 em condição de atenção, 56 em estágio de alerta e 30 em estado crítico por causa da estiagem. O mesmo documento mostra que ainda na primeira metade do mês anterior, a maior parte do Estado ficou mais de 10 dias sob tempo seco, o que mostraria um aspecto irregular da pouca chuva que caiu no solo catarinense.

Previsão 

De acordo com o meteorologista da NSC, Leandro Puchalski, há previsão de chuva para os próximos dias. Ele ressalta, porém, que um ou outro episódio isolado não irá resolver o problema, já que chove abaixo da média há um ano.  

– A longo prazo, a previsão é de que entre os meses de junho e agosto ainda tenhamos chuva abaixo do padrão que estamos acostumados no Estado, mas especialmente em junho tem chance de pelo menos algumas regiões de Santa Catarina terem o padrão normal de chuva.

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No Vale do Itajaí, seca atinge produção de cebola

Augusto Ittner

Problemas com a seca atingem principalmente os produtores de cebola
Problemas com a seca atingem principalmente os produtores de cebola (Foto: Léo Laps, especial)

No Vale do Itajaí, 18 meses nos últimos dois anos tiveram chuva abaixo da média. Em Blumenau, por exemplo, choveu apenas 32,1 milímetros em maio, um terço daquilo que era esperado para os 31 dias que se passaram.

Se no maior município da região a preocupação é manter o abastecimento de água à população, no Alto Vale os problemas da seca atingem principalmente os produtores de cebola. Nas maiores cidades produtoras – Ituporanga, Imbuia e Aurora, e também Alfredo Wagner, na Grande Florianópolis – os agricultores sentem o impacto da falta de chuvas.

> Seca preocupa produtores de cebola de SC e deve comprometer a safra

Com reservatórios vazios por conta da irrigação que foi necessária para a safra 2019/2020, os produtores se veem em uma encruzilhada. Neste mês começa uma fase importante do cultivo e que requer muita umidade. Sem chuva considerável, a lavoura será menor e, como consequência, a produção por hectare despenca. 

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A estiagem, no Oeste, causou prejuízos ao agronegócio

Letícia Ferrari

Em São Miguel do Oeste as estimativas de perda são expressivas: 35% na soja e no feijão e 40% no milho safrinha. A cidade declarou, recentemente, situação de emergência – em uma tentativa de prorrogar as dívidas do setor. Além disso, houve um aumento considerável no número de famílias que precisam receber água nas propriedades rurais: de dez, para 70. 

Outra cidade que declarou – há mais de dois meses – situação de emergência é Concórdia. Atualmente, 100 famílias são atendidas pela prefeitura: 80 delas precisam de água para consumo humano. Já Xanxerê, que nos últimos seis meses entregou mais de 1,5 milhão de litros d’água à famílias de comunidades rurais, trabalha com um plano de ação para minimizar os efeitos da estiagem. Uma das ações é um pedido à Casan, em Florianópolis, para o transporte de água potável às comunidades mais atingidas. 

No Sul, medidas tentam diminuir problemas com o abastecimento de água

Lariane Cagnini

O Rio Vargedo, onde está a principal captação do Samae, diminuiu a vazão de 140 metros cúbicos por hora para 30 metros cúbicos, em razão da falta de chuva.
O Rio Vargedo, onde está a principal captação do Samae, diminuiu a vazão de 140 metros cúbicos por hora para 30 metros cúbicos, em razão da falta de chuva. (Foto: Marciano Bortolin / Prefeitura Morro da Fumaça)

Na região Sul estão quatro dos 30 municípios estão em estado crítico frente à estiagem. O levantamento faz parte do Boletim Hidrometeorológico Integrado, divulgado pelo governo do Estado. Morro da Fumaça é uma dessas cidades, e precisou decretar situação de alerta no sistema de abastecimento de água.

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A medida foi tomada na semana passada em função da estiagem, que tem diminuído os níveis de água nos reservatórios. O decreto proíbe o uso de água fornecida pelo Samae para uso em piscinas, lavagem de veículos, lava jatos de uso doméstico, entre outros, pelo período de 30 dias ou até que se restabeleça a normalidade de abastecimento. O Rio Vargedo, onde está a principal captação do Samae, diminuiu a vazão de 140 metros cúbicos por hora para 30 metros cúbicos, em razão da falta de chuva.

Além de Morro da Fumaça, Cocal do Sul, Tubarão e Lauro Müller também apresentam nível crítico de abastecimento urbano por conta da estiagem.

Incêndios florestais atingem a capital

Lucas Paraizo

Fogo chegou perto de casas na noite de sábado (30) no Morro Nova Descoberta
Fogo chegou perto de casas na noite de sábado (30) no Morro Nova Descoberta (Foto: Divulgação / Corpo de Bombeiros)

A seca que atinge Santa Catarina tem favorecido os incêndios em vegetação ao longo dos últimos meses. Em Florianópolis, a Polícia Civil abriu inquérito para investigar se houve ação criminosa no incêndio que atingiu o maciço do Morro do Cruz no sábado, dia 30 de maio. As chamas atingiram uma área de vegetação no Morro Nova Descoberta, na região central da cidade. O incêndio se espalhou com velocidade por causa do vento e tempo seco, e o combate do Corpo de Bombeiros durou até a madrugada de domingo, dia 31. A polícia trabalha com várias hipóteses para o incêndio, inclusive a de um ato criminoso que teria começado quando alguém ateou fogo em sacos de lixo.

No município, além do caso no Morro da Cruz, nos últimos dias os bombeiros também precisaram combater focos de incêndio na região dos bairros Monte Verde e Saco Grande.

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Famílias sofrem com o desabastecimento de água na região Norte

Claudia Morriesen

Família de Elisane Krupacz sofre com a estiagem
Família de Elisane Krupacz sofre com a estiagem (Foto: Moisés Gonçalves/ Divulgação)

No Norte do Estado, as pessoas também sofrem com a falta de água. Há algumas semanas, a família de Elisane Krupacz, 40 anos, começou a perceber um barulho estranho na casa. Quando ligavam a bomba de água para tomar banho ou lavar roupa, ela “roncava” de um jeito diferente. 

– O poço tinha começado a secar. Isso nunca aconteceu em toda a minha vida. Ficamos sem água até para beber – conta ela.

Eles moram no Rio das Veadas, comunidade rural de Canoinhas, no Planalto Norte. Ela, o marido e os filhos têm vivido com os galões de água que chegam no caminhão da prefeitura. Em meio a uma pandemia que tem na higienização a principal forma de prevenção, eles precisam economizar para não correr o risco de faltar em um momento em que não é possível solicitar mais galões de água ao poder público.