Terceira maior fabricante de aviões do mundo, a Embraer inaugurou nesta sexta-feira um centro de engenharia e tecnologia no Parque Tecnológico Alfa, em Florianópolis, numa parceria com a Fundação Certi, com apoio da Embrapii e da Fundação de Amparo à Pesquisa de SC (Fapesc).
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O CEO da companhia, Paulo Cesar Souza e Silva, disse que 17 engenheiros vão atuar no desenvolvimento de sistemas eletrônicos para aeronaves na unidade, mas essa parceria pode crescer em função da força do polo tecnológico de SC. Os investimentos somarão R$ 18,5 milhões até 2019.
Por que a decisão da Embraer de investir num centro de engenharia e tecnologia em Santa Catarina?
Santa Catarina está muito avançada em inovação. É um Estado que tem investido muito em educação, tem universidades importantes e tem um polo de eletrônica forte. Foi identificada essa oportunidade e tem tudo para dar certo. Esse centro de engenharia é um embrião neste momento. Vamos ter 17 engenheiros, mas eu vejo isso com crescimento. Acho que vamos utilizar mais essa parceria para fazer novos projetos.
Esses produtos serão somente para as aeronaves da Embraer?
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São produtos eletrônicos embarcados nas nossas aeronaves que vendemos no mundo todo. Não venderemos para os concorrentes.
A Embraer está fazendo pesquisas para tecnologias disruptivas, incluindo um veículo aéreo. Como está esse projeto?
Esse é um projeto novo. Este ano, abrimos o Embraer Innovation Center, uma iniciativa para termos uma presença maior no Vale do Silício, onde as tecnologias disruptivas acontecem com mais intensidade, onde os novos modelos de inovação avançam. Quando abrimos, logo surgiu a oportunidade de uma parceria com o Uber. Estamos desenvolvendo um veículo elétrico vertical para regiões urbanas. A ideia é fazer um protótipo para em 2020 ser usado em Dubai e Dalas, com operação comercial prevista para 2023.
A concorrência no mercado de aviões está crescendo. Quem está entrando?
Nós atuamos mais no segmento de aeronaves de 70 a 130 assentos. Esse segmento tem novos entrantes. Temos os chineses, russos e japoneses chegando. Além disso, temos Embraer e Bombardier que são as duas clássicas empresas nesse segmento. Temos mais três empresas, muito apoiadas pelos seus governos, o que desequilibra o jogo porque quando você tem governos injetando muitos recursos e uma empresa como a nossa investindo recursos próprios, fica um desafio maior. Isso faz com que a gente precisa ser mais forte ainda. Hoje somos líderes desse mercado, com mais de 50%, mas temos que fazer a lição de casa porque o que eles querem é tirar a Embraer do jogo, levar os empregos do Brasil para lá. Isso a gente não vai deixar.
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Como a empresa está na aviação agrícola no Brasil?
Temos o Ipanema, que é um campeão de vendas no país. O desenvolvimento da agricultura no país é fantástico. Temos uma posição forte no mercado e vamos investir mais.
O senhor falou que 50% da receita da Embraer vem de inovações dos últimos cinco anos. Pode dar exemplo?
Temos inovação em toda área de empresa. Uma importante foi o aumento da ponta da asa de um avião que vendemos muito nos EUA. Isso permitiu reduzir o consumo de combustível em 6% e, com isso, vendemos muito mais porque o avião ficou muito melhor que o do nosso competidor. Estamos investindo em novos produtos como o jato executivo Legacy 500 e estamos desenvolvendo há cinco anos a segunda geração da família E-Jets, jatos para aviação comercial onde temos mais de 50% do mercado mundial. O faturamento nosso nesse segmento é de US$ 6 bilhões. Estamos investindo nessa família nova de aviões US$ 1,7 bilhão para tornar o avião mais eficiente. Ele vai consumir 16% menos combustíveis, vai emitir menos CO2 e menos ruídos.