Santa Catarina fechou o primeiro semestre de 2019 com adesão abaixo dos 95% recomendado pelo Ministério da Saúde (MS) para 10 vacinas do Calendário Nacional de Imunização. Os dados são do Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SIPNI) e apontam que em crianças de até um ano a adesão mais baixa até o momento é da Tetravalente, com apenas 79,7% do público alvo imunizado.

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Há dois anos o percentual dessa vacina fica abaixo da meta, atingindo apenas 66,6% em 2017 e 68,9% em 2018. Ela protege contra Difteria, Tétano, Coqueluche e Meningite causada por Haemophilus e deve ser tomada aos 2, 4 e 6 meses.

O caso da BCG é semelhante, responsável pela prevenção da tuberculose, a distribuição de doses está abaixo do ideal pelo mesmo período, imunizando 86,9% das crianças em 2017, 91,4% em 2018 e neste ano chegou a 84,5%.

A Hepatite A por sua vez, imunizou 83,8% até o momento. A adesão está abaixo do objetivo desde 2016 quando o índice foi de 79,8%, em 2017 houve um crescimento, encerrando o ano com 82,71%, 2018 seguiu a tendência, com 87,1%.

A famosa “gotinha” também está entre as que tiveram quedas mais significativa. A prevenção da Poliomielite está inferior ao estabelecido com apenas 86,08% das crianças protegidas neste primeiro semestre. Se a meta não for atingida até o fim deste ano, 2019 será o quarto ano consecutivo que o Estado não concluiu o objetivo do governo federal nesta imunização.

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Além das crianças, duas vacinas direcionadas a adolescentes fecharam o último ano com um resultado abaixo do proposto pelo MS: a do HPV e a da Meningite tipo C. A primeira encerrou 2018 com apenas 27,8% de adesão entre os meninos e 52,1% entre as meninas, já a segunda, registrou a imunização em apenas 42,1% da população.

Veja os dados dos últimos 10 anos da vacina infantil:

Tabela demonstrativa dos dados dos últimos 10 anos
(Foto: SIPNI / Divulgação)

Confira abaixo contra quais doenças cada vacina protege:

BCG – formas graves de tuberculose

Rotavírus humano – diarreia por rotavírus

Pentavalente – tétano, difteria, coqueluche, bactéria Haemophilus influenzae B e hepatite B

Pneumo 10 – doença pneumocócica invasiva para os 10 sorotipos

Polio – poliomielite

Meningo C – doença meningocócica tipo C

VTV – tríplice viral – sarampo, caxumba e rubéola

Hepatite A – hepatite A

Tetra viral – sarampo, caxumba, rubéola e varicela

FA – febre amarela

Médicos em alerta

A médica, pediatra e especialista em imunização Sônia de Faria afirma que o quadro é preocupante e destacou que a busca agora é por estratégias para reverter os índices. Ela pontua como primeiro foco dos esforços a informação, trabalhando com a conscientização do público, reforçando a importância e a segurança da vacinas. Além disso, cita a facilitação do acesso a vacinas no Estado, com a ampliação dos horários de atendimentos.

— Nós nos preocupamos com o recrudescimento dessas doenças. No caso do sarampo, por exemplo, responsabiliza-se os venezuelanos pela reintrodução da doença, porém não são eles os únicos responsáveis. Por que se a população estivesse devidamente vacina nós não teríamos a reintrodução do sarampo no país — destaca Sônia

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Sônia comenta que um dos fatores principais para essa mudança no comportamento da população é um fenômeno paradoxal, ocorre justamente pelo fato de muitas doenças estarem fora de circulação. Além disso comenta que acredita que o que fazer a diferença na questão da vacinação é um relacionamento mais próximo entre médicos e pacientes.

— É preciso ter em mente que vacina não é apenas coisa de criança, há também as recomendadas para adolescentes, adultos, gestantes e idosos. O público precisa entender que ao vacinar alguém você está protegendo ele individualmente e sim a coletividade — conclui Faria