Santa Catarina pode ter índices de oferta de vagas próximos aos de Cingapura, mas os salários ainda estão muito distantes. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a remuneração média de um trabalhador do país asiático é de cerca de R$ 6 mil, enquanto no Estado não ultrapassa os R$ 2 mil.

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Mesmo no Brasil, Santa Catarina fica para trás quando o assunto é remuneração. Conforme a Relação Anual de Informações Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho e Emprego de 2012, a média salarial no Estado é de R$ 1.898. Esse valor fica abaixo inclusive do índice nacional, que é de R$ 2.080 e da região Sul (R$ 1.940).

De acordo com Leandro dos Santos, sociólogo da Secretaria da Assistência Social, Trabalho e Habitação de Santa Catarina, assim como os bons resultados de emprego no Estado, a média salarial baixa também é histórica. Para Eduardo Guerini, economista e professor da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Santa Catarina é reconhecida pela grande geração de postos de trabalho, porém de baixa remuneração e que exigem pouca qualificação profissional.

O economista do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos em Santa Catarina (Dieese-SC), José Álvaro Cardoso, afirma que um dos fatores que colocam SC como o 13o Estado no ranking de remuneração média é o custo de vida mais alto de outros locais, como São Paulo. Ele cita que a média salarial do Sudeste e do Distrito Federal – que é de mais de R$ 4 mil -, por exemplo, aumenta a média nacional.

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– No Distrito Federal, ela é mais alta por conta dos salários pagos aos funcionários públicos – afirma.

Outro fator apontado pelo economista é a concentração sindical nos grandes centros.

– Há uma maior capacidade de pressão e mobilização por aumento de salário nessas regiões.

Apesar da média baixa, o Estado é o quinto do país em PIB per capita, conforme dados de 2011 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para Cardoso, isso mostra que SC tem condições de aumentar a remuneração. Aos poucos, a realidade do Estado tem mudado. O piso salarial regional auxilia nesse processo.

Saída é investir em inovação

Para o secretário do Desenvolvimento Econômico e Sustentável, Paulo Bornhausen, os salários baixos estão relacionados à fabricação de produtos e insumos de pouco valor agregado.

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– Não temos uma produção com agregação de tecnologia, isso é uma característica catarinense. Estamos menos competitivos e temos que mudar isso rapidamente.

De acordo com ele, a indústria de alta intensidade tecnológica respondeu por 6% do valor bruto da produção industrial no Brasil de 2008 a 2010. Em SC, a participação é de 2%. Para Bornhausen, a solução é atrair setores estratégicos e investir em inovação.

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