Sociedade e poder público entenderam a relevância de um trabalho mais profissional no sentido de ter em mãos informações meteorológicas cada vez mais confiáveis e tratá-las com transparência e responsabilidade.

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Atingido por sucessivas enchentes desde o início da década de 80, o Estado de Santa Catarina passa a contar em breve com uma ferramenta importantíssima para aperfeiçoar a cultura de prevenção que ajuda a evitar transtornos, minimizar prejuízos econômicos e, principalmente, salvar vidas. A entrada em funcionamento em fase de testes, a partir de hoje, do Radar Meteorológico de Lontras, no Alto Vale do Itajaí, é um marco que deve ser comemorado pelos catarinenses, que convivem há muito tempo com a insegurança provocada por mudanças climáticas bruscas. A história comprova que esse sentimento é legítimo, respaldado por episódios marcados pelo amadorismo e pela falta de suporte tecnológico que serviram para potencializar o drama dos cidadãos atingidos pelas cheias.

Com um investimento de R$ 10 milhões, coordenado pela Defesa Civil catarinense, o radar será acompanhado remotamente e servirá para aprimorar o monitoramento das mudanças do tempo, com uma expressiva cobertura de 77% do território catarinense. Ou seja, 191 dos 295 municípios catarinenses estarão sob a abrangência do equipamento. Não há dúvida que o radar, que vai ficar em uma torre de concreto de 25 metros a 900 metros acima do nível do mar entre os municípios de Lontras e Presidente Nereu, representa um avanço considerável na mudança de postura que vem sendo percebida em relação ao assunto nos últimos anos.

Em vez de atuar com prioridade no enfrentamento das enchentes e no importantíssimo apoio às vítimas, sociedade e poder público entenderam a relevância de um trabalho mais profissional no sentido de ter em mãos informações meteorológicas cada vez mais confiáveis e precisas e, num segundo momento, tratá-las com absoluta transparência e responsabilidade.

Nas recentes cheias de junho, que tantos transtornos e prejuízos causaram no Planalto Norte, Meio-Oeste, Oeste e Alto Vale do Itajaí, o que se viu foi uma rede muito maior de compartilhamento de informações, que são de relevantíssimo interesse público. No caso da pequena cidade de Arvoredo, por exemplo, a população foi alertada com antecedência sobre o estouro de uma barragem particular em Ponte Serrada. A inundação resultante foi, felizmente, bem menor do que a prevista inicialmente, mas a ação emergencial mostra que estamos no caminho certo.

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