Todo o mês Santa Catarina contribui ao Disque 100 com 70 denúncias de violência contra crianças e adolescentes. De janeiro a agosto deste ano foram 572 casos, sendo 271 de exploração sexual infantil. O maior número corresponde à negligência. Seguem-se violências psicológica, física e sexual, além da exploração do trabalho infantil.

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Outro dado negativo é o da pornografia infantil, que coloca o Estado como o segundo no ranking nacional – 21 denúncias – ficando atrás apenas de São Paulo, com 29 casos.

Quando o assunto é exploração sexual no turismo, Santa Catarina também vai mal. Para se ter uma ideia, exceto os Estados que receberam jogos da Copa do Mundo, Santa Catarina é o primeiro da lista.

Para os técnicos do assunto, o número em si – três denúncias neste ano – não é tão significativo. Porém, o que pode estar por trás desses números é uma realidade perversa que usa meninas e meninos como atrativo sexual.

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Para debater o assunto, Florianópolis recebe hoje um evento do Ministério do Turismo. A coordenação geral é do setor de Proteção à Infância, com a participação de representantes do Ministério da Saúde, do Conselho Nacional do Sesi e Pronatec.

A técnica da secretaria municipal de Saúde de Florianópolis, Katia Rebello, irá falar sobre as dificuldades e como a Capital enfrenta o problema. O encontro ocorre das 14h às 18h, no Recanto Marista Champagnat.

– Esse é um dos maiores e mais urgentes desafios a serem vencidos por nossa sociedade – sugere Adelino Neto, coordenador geral de Proteção à Infância do Ministério do Turismo (MTur).

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Neto enumera uma série de iniciativas que pretendem impedir o crime. Cita a qualificação profissional das vítimas de exploração sexual como uma das ações do MTur e parceiros.

“O turismo sexual é crime”

Entrevista: Adelino Neto, coordenador-geral de Proteção à Infância do Ministério do Turismo

Diário Catarinense – Qual o motivo de Florianópolis receber o encontro de hoje?

Adelino Neto – Fizemos balanço dos encontros de mobilização nacional contra a exploração sexual de crianças e adolescentes em 12 cidades-sede da Copa do Mundo. Agora estamos visitando capitais que estiveram fora do evento esportivo.

DC – O número de denúncias também é alto no Estado.

Neto – Sim, precisamos alertar que turismo sexual não é turismo. É crime.

DC – Esse tipo de mobilização gera algum resultado impactante na questão da violência e exploração contra crianças?

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Neto – O Ministério do Turismo realizou debates em todas as cidades-sede da Copa durante o primeiro semestre. Os encontros mobilizaram, diretamente, cerca de 1,5 mil pessoas, entre professores e profissionais de saúde, que atuam como multiplicadores. Isso reverte positivamente.

DC – Quem participa desses encontros?

Neto – Normalmente guias de turismo, agentes de saúde, estudantes, policiais, educadores, representantes de organizações, empresários de hotéis, bares e restaurantes. São os que chamamos de multiplicadores.

DC – Qual a importância do Disque 100?

Neto – É uma das estratégias mais eficazes no combate à violência contra crianças. Pelo programa, denúncias são analisadas e encaminhada aos responsáveis.

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