Santa Catarina se destacou na geração de vagas de emprego no primeiro semestre de 2019, na Região Sul. No estado, as empresas abriram 49.895 postos de trabalho com carteira assinada. O resultado é melhor que o do Paraná, com 40.022 novas vagas e do Rio Grande do Sul, onde foram criados 21.535 empregos, menos da metade das empresas catarinenses.

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Os dados constam no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Os números foram divulgados nesta quinta-feira (25). Comparando com os demais estados, Santa Catarina teve o terceiro melhor resultado do Brasil, ficando atrás apenas de São Paulo, onde foram abertas 151.722 vagas e Minas Gerais, com saldo positivo de 88.238 contratações.

No mês de junho, Santa Catarina também foi melhor que os vizinhos regionais, já que foram abertas 940 vagas, ante 158 no Paraná e o fechamento de 3.812 postos no Rio Grande do Sul.

Indústria é área que mais contrata

Em Santa Catarina, o principal destaque do primeiro semestre foi o setor industrial que ficou responsável por 29.280 vagas abertas nos primeiros seis meses deste ano. Dentro dessa área, a maior parcela das vagas veio das indústrias têxteis. Segundo o Caged, o saldo de contratações nesse setor ainda está positivo em 7.424 postos, apesar de o resultado de junho ter sido o pior entre os setores analisados, com o fechamento de 1.068 vagas.

Na sequência, aparecem as empresas do setor alimentício, de bebidas e álcool etílico. No primeiro semestre, elas conseguiram abrir outras 5.123 vagas.

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O gerente do Setor de Inteligência Competitiva da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Sidnei Manoel Rodrigues, destaca que apenas as empresas do setor têxtil e de alimentos no Estado abriram mais vagas do que 20 outras unidades da federação no primeiro semestre. Ele afirma que isso aconteceu graças ao crescimento econômico das empresas que atuam nessas áreas.

— O que a gente consegue identificar no setor de alimentos, nós estamos tendo um ano muito positivo para o mercado externo. Tem relação com o setor de carne de aves, suína, que cresceu no volume de exportação, cresceu quase 60% — diz.

No caso do setor têxtil, os empresários acreditam que isso tem ligação com o trabalho do setor, que tem sido reconhecido nacionalmente, ampliando o mercado para os produtos catarinenses e, consequentemente, as vagas de emprego.

— A gente está conseguindo ser mais sólido, mais firme e ter estratégias mais claras. A gente tem mais sucesso no desenvolvimento de coleções. O mercado tem reconhecido o esforço no estado — diz Rodrigues.

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Segundo o gerente da Fiesc, a perda de vagas do setor têxtil em junho foi pontual, porque os empresários tiveram prejuízos com as vendas de inverno, já que as altas temperaturas fizeram com que os comerciantes não conseguissem desovar os estoques nas lojas, levando as perdas também para as indústrias.

Setor de serviços tem bom desempenho

Conforme os dados do Caged, o setor de serviço teve o segundo melhor desempenho, das seis macro-áreas analisadas nos dados. Entre janeiro e junho, as empresas dessa área tiveram 15.416 mais contratações do que demissões.

Dentro desse setor, o melhor resultado ficou com as empresas de comércio e administração de imóveis, que geraram 7.189 novas vagas, seguido das instituições de ensino, que abriram mais 4.036 vagas.

No caso das imobiliárias, o resultado tem paralelo com a retomada do setor da construção civil, que também teve bom resultado no primeiro semestre. Foram 5.900 contratações a mais do que desligamentos nesse período.

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O economista Luciano Córdova, da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Santa Catarina (Fecomercio-SC) diz que apesar dos números positivos com as imobiliárias e com a construção civil, ainda não é possível afirmar que essas duas áreas estejam se recuperando de forma mais firme. Isso porque esses setores estão entre os que mais sofreram no auge da crise econômica pela qual o país ainda passa.

— A construção civil vem criando vagas de emprego, mais ainda são muito tímidas. é mais para repor um certo nível de vagas que tinham sido fechadas anteriormente. Uma melhora da economia, em relação ao pior volta a criar vagas. Ainda tem uma capacidade ociosa elevada — avalia.

Comércio patina

Neste primeiro semestre, quase todos os setores da economia catarinense conseguiram saldo positivo na comparação entre contratações e desligamentos. Os únicos que ficaram negativos foram o comércio e o setor agropecuário.

Em números relativos, as empresas que trabalham na agropecuária tiveram um desempenho pior. Enquanto foram contratadas 18.576 pessoas nesse setor, houve a demissão de 19.873, gerando déficit de 3,12%.

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Já em números absolutos, o comércio acabou fechando 5.421 vagas, bem mais que as 1.297 da agropecuária. Entre janeiro e junho, os comerciantes contrataram 117.703 pessoas, mas demitiram outras 123.124, uma variação de 1,25%.

Córdova explica que o resultado no comércio é sazonal, ou seja, historicamente, os primeiros seis meses do ano são piores para os comerciantes, com tendência de melhora no segundo semestre. Ele diz que, apesar da queda, ela foi menor neste ano do que em relação a 2018.

— Para o segundo semestre, a gente espera uma retomada do comércio, com inversão dessa queda no primeiro semestre, até para fechar com saldo positivo — diz.