Com 69.050 segurados aguardando mais de 45 dias por uma perícia do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Santa Catarina lidera o ranking nacional da fila de espera por um benefício previdenciário.

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Concentrado no sul do país, o colapso do sistema expõe falhas de gestão, o êxodo dos médicos e um aumento exponencial na demanda por atendimentos. Juntos, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul acumulam 189.241 pedidos de exames, mais da metade de todo o contingente de espera no território nacional, que totaliza 363.889 pedidos.

Enquanto o presidente do INSS, Mauro Hauschild, cobra agilidade dos médicos peritos, quem tenta marcar um exame pela internet na agência central de Florianópolis terá de esperar até 12 de dezembro. Em Lages, a situação é ainda pior – só há disponibilidade a partir de 28 de dezembro.

Pressionado pela Casa Civil a melhorar o desempenho na região, o presidente do INSS, Mauro Haulschid admite as deficiências e acena com a contratação de 125 peritos em todo o país. Na última semana, ele comprou uma briga no Rio Grande do Sul para cobrar um aumento na produtividade dos peritos, com a realização de 18 exames ao dia por cada profissional.

– Antes de servidores, somos médicos. Precisamos tratar as pessoas com dignidade e não como se elas fossem gado – reage o presidente do sindicato dos peritos, Ricardo Abdou.

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Médicos reclamam do salário de R$ 9 mil

Os médicos reclamam de baixos salários (R$ 9 mil para uma jornada de 40 horas) e da insegurança nas agencias da Previdência e da falta de contratação de novos profissionais. Enquanto a demanda cresce ano a ano, desde 2008 a região sul teve perda de 41% no quadro clínico.

Em Criciúma, o Ministério Público Federal ingressou com uma ação civil pública na última quarta-feira, com um pedido de liminar para que o benefício seja concedido automaticamente quando a perícia demorar mais de 15 dias, mediante apresentação de um laudo do Sistema Único de Saúde (SUS).

A ação atinge as agências de Araranguá, Braço do Norte, Criciúma, Içara, Laguna, Lauro Müller, Orleans, Praia Grande, Sombrio, Tubarão e Urussanga. Em janeiro, o tempo de espera para em Laguna, por exemplo, era de 139 dias.

– A empresa só paga salário ao empregado doente, durante os primeiros 15 dias de afastamento. Depois disso, como o segurado sobreviverá? – questiona o procurador da República em Criciúma, Darlan Airton Dias.

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