A cada dia, 46 caminhões cegonha chegam a Santa Catarina. Eles abastecem o Estado que tem posição de destaque no cenário nacional da venda de veículos novos.

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No ano passado, foram vendidos 15,85 carros para cada mil catarinenses, média atrás apenas da registrada no Distrito Federal. E o crescimento continua forte neste ano.

Até julho, foram vendidos 108.940 carros novos em SC, o que significa uma média de 511 veículos por dia. O desempenho representa uma alta de 8,78% na comparação com o mesmo período do ano passado – o terceiro maior crescimento entre os estados brasileiros. A média brasileira ficou bem abaixo e fechou o período com ganho de 3,01%.

O bom desempenho confirmado pelos números não surpreende o caminhoneiro Roberto Moreira, que trabalha com caminhões cegonha no trecho entre Santa Catarina e São Bernardo do Campo. Na profissão há nove anos, ele viu a quantidade de carros transportados para o Estado só aumentar neste período. Nas três viagens semanais percebe que a Grande Florianópolis e o Vale do Itajaí são os maiores compradores.

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O alto poder aquisitivo da população catarinense é apontado como o principal motivo para o bom desempenho no ranking de vendas, explica Leonardo Ghidini, gerente de Marketing da Dimas Automóveis. A população do Estado tem a quarta maior renda per capita do Brasil.Em média, cada habitante recebe R$ 21,2 mil por ano.

Mas existem outros motivos, lembra Ademir Saorin, presidente da Fenabrave-SC, entidade que reúne os donos de concessionárias. Ele ressalta o mercado de trabalho catarinense. O cenário local é mais favorável. Enquanto o país abriu 25,9% de vagas a menos do que no ano passado, SC manteve os mesmos patamares.

Economia diversificada

e classe C em expansão

O diretor da concessionária de luxo Top Car, Eduardo Scheer, acrescenta que a diversidade da economia catarinense, com a indústria atuando em vários segmentos e com um agronegócio forte, forma uma barreira contra crises. Gerente da Jato, maior consultoria do setor automotivo do mundo, Milad Kalume Neto diz que essa folga ajuda SC a se destacar num cenário de crescimento do PIB menor e com o desconto do IPI perto de acabar (em vigor desde 22 maio, a alíquota reduzida está prevista para durar até a próxima sexta, dia 31).

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Grande estrela da expansão do consumo nos últimos anos, a classe C também é apontada como um dos pilares do crescimento no Estado. O presidente da Fenabrave-SC diz que este fator, mais o acesso ao crédito, levaram muitas pessoas que tinham veículos usados a conseguir comprar um zero quilômetro. Ele não acredita que os níveis de aumento do setor sejam mantidos, mas espera crescimento na busca por itens de conforto e segurança. A mudança de comportamento levará ao ganho no valor médio gasto com veículo em SC, que hoje é de R$ 43 mil. A previsão de Ademir é alcançar os R$ 45 mil até 2013.

Vale do Itajaí compra

25% dos carros de SC

A região do Vale do Itajaí é destaque na venda de carros novos em Santa Catarina. Os números oficiais revelam que, de cada quatro carros vendidos no Estado, um é comercializado na região. Em julho, foram entregues 18.012 unidades nas lojas catarinenses, sendo 4.421 nas cidades do Vale do Itajaí (24,54% do total).

O diretor de vendas da concessionária blumenauense Breitkopf, Alceu Peixer Filho, ressalta que em toda a região a participação da indústria é muito forte e há várias cidades com grande concentração de renda, como Blumenau, Brusque, Rio do Sul, Itajaí e Navegantes. As duas últimas também foram beneficiadas nos últimos anos pela expansão da atividade portuária na região. Várias empresas foram criadas atraindo toda uma cadeia produtiva.

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O presidente da Fenabrave-SC, Ademir Saorin, ressalta a mudança no perfil econômico de Blumenau, maior cidade do Vale do Itajaí. Com a história construída a base da indústria têxtil, o município soube investir também no setor de tecnologia da informação. Hoje, a cidade está entre os três polos estaduais do setor.

Saorin considera que não se trata apenas de aumentar o número de empresas e empregos com a tecnologia, mas também incluir uma área bastante promissora e que paga salários acima dos R$ 3 mil. Desta maneira, o poder aquisitivo aumenta e a venda de carros segue a tendência.

E a expansão do mercado não se limita à comercialização de modelos baratos, mas também dos veículos de luxo. O diretor comercial da Top Car, Eduardo Scheer, revela que entre as cidades brasileiras de médio porte, Blumenau tem o maior número de BMW por habitante. Ele diz que em números absolutos, o Estado é o terceiro maior consumidor da marca Land Rover e o quarto das marcas BMW e Mini. Em todos os casos, tratam-se de carros com preços acima dos R$ 100 mil.

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O diretor da Top Car explica que há dois grupos bem definidos de clientes. O primeiro é tradicional e formado por grandes empresários donos dos maiores grupos do Estado. Eles formam cerca de 40% dos compradores de veículos de luxo. Os restantes são os chamados emergentes. Pessoas que abriram pequenos negócios e que conseguiram rápido crescimento.