Talento ajuda, mas não é tudo. Quando se tem um quintal de casa quebrando com ondas perfeitas e um litoral com condições variadas de surfe é difícil não se render ao esporte que hoje está entre as preferências nacionais. Não é à toa que três catarinenses fizeram história no surf mundial. A tradição vem de seis títulos de WQS – World Qualifying Series, correspondente à divisão de acesso à elite do surf mundial.

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O último dos títulos foi conquistado nesta quarta-feira. Jacqueline Silva, florianopolitana que cresceu nas ondas da Barra da Lagoa, sagrou-se bicampeã do WQS. Jacque já era dona do título de 2001 e, neste ano, foi campeã por antecipação quando passou às quartas-de-final da etapa de Haleiwa, no Hawaii. A catarinense é a única mulher na história a conquistar dois títulos de WQS.

Aos 28 anos, ela acumula um total em prêmios de U$ 232.850 e nove títulos de etapas WQS, além de duas vitórias em etapas do WCT – World Championship Tour. Na elite do surfe mundial, Jacque também terminou o ano de 2002 como vice-campeã e, em 2007, mantém-se entre as Top 10.

No masculino, irmãos Padaratz também colocaram SC no topo

Para quem pensa que é do litoral que saem os surfistas mais talentosos, os irmãos Padaratz, nascidos em Blumenau, são duas exceções. Primeiro, Santa Catarina vibrava com Flávio, conhecido como Teco, o mais velho da família. Nas ondas catarinenses, Teco ganhou experiência para conquistar o mundo do esporte e o título do WQS de 1992 e 99.

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Seu talento, porém, não foi só dentro do mar. Fora dele, mas sempre ligado às origens, atualmente ele participa de um quadro em um programa de televisão, é empresário e um dos organizadores da etapa do WCT que acontece no Brasil.

Depois de Teco, foi a vez do irmão mais novo entrar para a história do surfe mundial. Seguindo as trilhas do primogênito, Neco também levou Santa Catarina ao topo, e por duas vezes. Foi campeão do WQS em 2003 e 2004 e coleciona nove títulos de etapas na carreira, a maioria deles conquistados no Brasil.

SC: cenário de eventos e muito treino

O calendário masculino do WQS em 2007 contou com cinco etapas no Brasil, três delas em Santa Catarina. No feminino, apenas uma etapa aconteceu no país, em março, na Bahia.

O que pode ser uma boa justificativa para a tradição catarinense na competição é que maioria das praias que constam no cronograma da divisão de acesso à elite do surfe mundial oferecem condições que se assemelham àquelas encontradas no litoral catarinense.

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De Norte a Sul, o litoral é recortado com pequenas e diferentes baías, com costões de pedra em variadas direções que recebem ondulações de Norte, Leste, Sul e suas variantes.

Os bancos de areia são bem formados e, embora sejam mais constantes as ondas pequenas e com boa formação, eles seguram ondas de até três metros, como é o caso da Praia da Vila, em Imbituba, e do Silveira, em Garopaba.

O cenário diverso e especial é, sem dúvida, um estímulo a mais para a prática do esporte e um centro de treinamento ideal para projetar os surfistas catarinenses ao topo do esporte mundial. Com muito talento e força de vontade, é claro.