O primeiro veleiro para expedições científicas de oceanografia do Brasil é catarinense. Chamado de Veleiro ECO, o barco foi totalmente projetado e construído no Sapiens Parque por alunos, professores, técnicos e engenheiros da UFSC. Agora as equipes trabalham na operação logística para colocá-lo na água, o que deve acontecer entre estas terça e quarta-feiras.

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Com 5,3 metros de altura, 18,6 de comprimento e 5,4 de largura, o veleiro tem o casco feito de alumínio naval, cobertura do convés em fibra, e pesa cerca de 35 toneladas. Ele será levado por um caminhão especial até uma empresa na cabeceira continental da ponte Hercílio Luz, onde guindastes o colocarão na água. A operação depende das condições meteorológicas, então há previsão de que aconteça entre estas terça e quarta-feiras.

Apesar de estar a poucos metros da praia, o veleiro não poderia ganhar o mar pela região de Canasvieiras. O engenheiro italiano Andrea Piga, responsável pela construção, explica que o balneário não tem condições adequadas para a montagem dos equipamentos que vão suspender o barco, o que comprometeria a segurança do procedimento. “Além disso, as ruas do bairro têm muitos cabos elétricos e de telefone, e não temos como passar com o caminhão carregado sem cortar as redes”, explica. O deslocamento contará com o apoio da polícia e deve ser feito no período noturno.

Depois de ser colocado nas águas da baía norte, o Veleiro ECO será levado para Itajaí, onde será batizado e seguirá para a primeira viagem: uma expedição com destino ao Arquipélago de São Pedro, São Paulo e Trindade, pertencente ao estado de Pernambuco – distante quase mil quilômetros da costa do Nordeste. Com capacidade para oito pesquisadores e dois tripulantes, a embarcação será fundamental para aprimorar a pesquisa marítima brasileira, ajudando a desenvolver soluções em robótica, estudos sobre as mudanças climáticas no oceano, tecnologias na área de óleo e gás, monitoramento e apoio à exploração sustentável da biodiversidade e contribuirá para a preservação da Amazônia Azul.

Além de trabalhos nas águas brasileiras, será possível usar o veleiro para viagens longas e em território internacional – incluindo trabalhos nas regiões polares. Além dos mastros de 22 e 14 metros de altura, o veleiro tem um motor à diesel com autonomia de 4 mil quilômetros, alojamentos, laboratório completo, cozinha e um dessalinizador: o equipamento consegue produzir dois mil litros de água potável por dia com o que captar do mar.

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Desde 2012, quando começou a ser projetado, o veleiro já recebeu investimentos que somam R$ 3 milhões. Os recursos vêm da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (FAPESC), Coordenação de Aperfeçoamento de Pessoal de Nivel Superior (CAPES), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. Se fosse para comprá-lo pronto, o custo seria, no mínimo, duas vezes maior.

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