Santa Catarina não para de ganhar beach clubs. Só em Bombinhas, Balneário Camboriú e Itajaí surgiram, de 2011 para cá, cinco novos clubes à beira-mar – lugares de nomes curiosos como Bora Bora Brasil, Rakenne, Ydra Beach Club, Vitali e Sky (no caso, uma segunda unidade da marca, na Praia dos Amores).
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Aliás, não é em qualquer passeio por aí que se percorre esse universo. A alguns dos novos lugares só se chega após dirigir por muitos costões. Para oferecer aos clientes a atmosfera das orlas recolhidas, as baladas diurnas abrem em lugares como a Praia da Conceição, uma das menos lembradas do mapa de Bombinhas, a 16 quilômetros da região central do município.
Ali, o DJ Gee Moore, ex-residente dos principais clubes de Ibiza, vive agora o seu segundo verão como dono do Bora Bora Brasil, um parador com heliponto, piscina com espreguiçadeiras no raso, jacuzzis e muitos quiosques de palha. Do outro lado da rua fica o mar cor de caneta Bic azul da Conceição. Ali chega uma boa parte do público, de lancha. No site da casa, o endereço é fornecido em coordenadas de GPS.
Outros recantos com atmosferas de éden são Estaleiro e Estaleirinho, na parte menos movimentada do Interpraias, um prazeroso caminho de 14 quilômetros que se estende por seis praias no Sul de Balneário. Embora aumente o número de condomínios e pousadas locais, ainda é incrível que um trecho de litoral com beleza acima da média permaneça (com exceção de Laranjeiras, uma miniatura de Porto Seguro) ignorado por tantos turistas.
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Quando alguém não entende o que festeiros de todo o país e eventualmente do exterior procuram por aqui, mentalize-se a afastada Estaleirinho. Ficam lá a primeira unidade do Sky, com estrutura coberta para encarar o mau tempo, e o Parador Beach Club, algo que Florianópolis ainda não tem: um permanente hotel balada com 14 quartos, festas diárias na virada do ano, academia, duas piscinas e cortesias para a recém-inaugurada Space B.Camboriú, casa noturna que tem sócios em comum com o parador.
Na vizinha Estaleiro ficam os mais novos Ydra e Vitali. Esse tem inspiração grega (Vitali é uma praia da ilha de Andros, na Grécia) e é anunciado como o primeiro parador de praia gay do país; aquele combina apenas branco, azul claro e vermelho na estrutura também, aparentemente, para remeter a ilhas gregas. Como no caso de praticamente todos os outros paradores, há atendimento na areia e uma gastronomia além da batata-frita – ceviche com pimenta doce é a recomendação da casa.
Na Praia Brava de Itajaí, o Rakenne faz vizinhança ao Galera’s, aberto na década de 1980, mas nos últimos anos reconfigurado como parador.
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Música eletrônica e cenário perfeito
Nos beach clubs, como se sabe, frequentadores de academias bronzeados compõem o público principal, mas se você for magrelo(a) e branquelo(a) também encontrará semelhantes. A idade média é algo entre 20 e 35 anos, mas não se estranha a presença de baladeiros de 45.
As piscinas, sabe-se lá por que, nem sempre ficam cheias – entrar logo na água talvez denuncie falta de piscina em casa.
Algo incontestável: sobram mulheres bonitas e muitas das músicas eletrônicas, tocadas por DJs locais, nacionais ou mundiais, harmonizam perfeitamente com o cenário, por mais que os antipáticos ao gênero torçam o nariz.
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Para entrar, há alguns anos havia paradores sem cobrança de consumação ou ingresso. Hoje, apenas as mulheres pagam pouco ou nada. Para os homens, entradas de R$ 60 ou mais são comuns.
Um lembrete necessário: por mais que sunsets sejam anunciados nos flyers das festas e o clima do final da tarde seja excelente, o sol não se põe diante dos paradores – as praias em questão (aliás, como Praia Mole e Jurerê Internacional) ficam viradas para o Leste.
Para beber a boa e velha cerveja, garrafas de 600 ml são eventualmente oferecidas, mas estão em extinção. As long necks de marcas como Stella Artois, Heineken e Budweiser custam entre R$ 5 e R$ 8. Muitos, em todo caso, preferem vodca com energético.
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Finalmente, há a clássica overdose de champanhe. O espocar das rolhas segue comum. O dono de um beach club disse há dois verões: “Aqui não tem essa de Fórmula 1, de champanhe estourando o tempo todo”, disse, orgulhoso.
No lugar do parador dele, fechado, hoje fica outro novinho em folha, com rolhas voando o tempo todo. ?
Conceito
? Para o dicionário Houaiss, parador é aquilo que para; um cavaleiro que não cai do cavalo; um trem suburbano que para em todas as estações; um peão que auxilia a parar o rodeio. O significado difundido recentemente no Brasil, de clube à beira-mar, não consta.
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? Em espanhol, a palavra também não tem exatamente essa conotação, mas fica mais próxima. Na Espanha, paradores são hotéis de luxo associados a órgãos oficiais e geralmente em prédios históricos. Segundo o dicionário da Real Academia Española, parador tem ainda o significado de “estabelecimento típico onde se servem comidas e bebidas”.
? Aos responsáveis pelos dicionários livres de purismos, favor incluir na próxima edição: Parador – clube de praia com comidas, bebidas, frequentemente com festas, a maioria de músicas eletrônicas.