Apenas hoje, 130 pessoas em Santa Catarina podem sofrer algum tipo de acidente de trabalho. Esta é a média diária no Estado, de acordo com o Ministério da Previdência Social, que registrou 50 mil ocorrências a cada ano entre 2008 e 2010 – período com as informações mais recentes. Nesta rotina trágica, o número de mortes também impressiona: um trabalhador morre a cada dois dias.
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Confira os números de acidentes de trabalho e morte
Para reduzir estas estatísticas, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT-SC) propõe a criação de comitês com empresas e entidades de classe para conscientizar e reforçar o uso de equipamentos para proteção individual.
Na madrugada desta terça-feira foi registrada a morte mais recente de um trabalhador em SC. O operador Atamis Itamar Bedin, 28 anos, caiu em um misturador de carne em um frigorífico da empresa Aurora, em Chapecó. Ele trabalhava na limpeza do maquinário na hora do acidente. O corpo foi encaminhado para o Instituto Geral de Perícias (IGP), que realizará exames para apurar o que houve. O laudo deve sair em 30 dias.
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A indústria de alimentos, especialmente o segmento da agroindústria, e a construção civil, são os dois ramos da economia que mais registram acidentes de trabalho no Estado, conforme a avaliação da desembargadora Gisele Pereira Alexandrino, presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região (TRT-SC).
No entanto, o presidente da Federação dos Trabalhadores na Indústria de SC (Fetiesc), Idemar Antonio Martini, acredita que estes números podem ser ainda maiores:
– As lesões por esforço repetitivo ainda não são contabilizadas como acidentes de trabalho, mas afasta trabalhadores principalmente de frigoríficos, assim como os dos setores têxtil, plástico e químico – explica.
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Entre 2008 e 2010, o Estado manteve a sexta posição no ranking nacional de acidentes de trabalho (veja o quadro), mas conseguiu reduzir o número de mortes nos dois primeiros anos, passando do quinto lugar para o oitavo lugar.
Em 2010 houve nova alta de 33% e passou para 152 mortes, passando a ocupar o quarto lugar brasileiro, atrás apenas dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná, nesta ordem.
– Essas mortes acontecem tanto porque falta o hábito dos trabalhadores em usar os equipamentos, como cintos de segurança, capacetes e botas, por exemplo, quanto porque há empresas que ainda não investem na segurança do seu funcionário – pondera a desembargadora.
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– As empresas começam a se habituar a aplicar parte dos recursos na saúde e segurança porque percebem que é, realmente um investimento. Hoje, R$ 1 na compra de equipamentos significa deixar de ter um prejuízo de R$ 3 por afastamento do trabalhador ou perda de produtividade – esclarece o superintendente do Serviço Social da Indústria em SC (Sesi-SC), Hermes Tomedi.
Na semana passada, o Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região propôs a criação de um comitê interinstitucional e a Fetiesc e os sindicatos da Construção Civil de Florianópolis e de Balneário Camboriú aceitaram a sugestão.
A Federação das Indústrias de SC (Fiesc) também deve assinar a adesão. Na prática, o comitê deve atuar para socializar os dados sobre os acidentes de trabalho e solicitar para que as empresas vencedoras de licitações estaduais sejam obrigadas a treinar seus funcionários, o que depende de decisão do governo do Estado.
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