O sequestro de uma recém-nascida no Hospital Santa Clara é tratado pela instituição como falha na execução das medidas de segurança do hospital. A direção da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre apura o porquê e onde ocorreu o problema. A partir disso, serão apontadas as responsabilidades e, se for o caso, estabelecidas punições administrativas.
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A instituição tem um protocolo para identificação de pessoas – pelo complexo, circulam cerca de 25 mil por dia. Na maternidade, a entrada e a saída são feitas pelo mesmo local, e as mães têm de apresentar nota de alta para deixar o prédio com as crianças.
– Estamos investigando. A verdade é que esta senhora (identificada pela Polícia Civil como Luciana Soares Brito, 39 anos), de alguma forma, passou por ali. Serão apuradas as responsabilidades e tomadas todas as providências cabíveis – afirma Julio Dornelles de Matos, diretor de Relações Institucionais da Santa Casa, acrescentando que a ação foi rápida e planejada.
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O crime foi cometido por volta das 16h de terça-feira, horário de visitas e de grande movimento nas dependências do hospital. Nas áreas de maternidade, existe um estímulo para a ampliação da humanização do parto, que busca a aproximação de familiares e aumenta a quantidade de pessoas no local.
– Isso nos fará refletir sobre os processos desta dinâmica de abertura e fluxo de pessoas, que torna mais difícil o controle – complementa Matos.
Gerente do Departamento Jurídico da Santa Casa, Vera Pescador explica que há um projeto em andamento que aperfeiçoa a segurança:
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– Neste projeto, estamos evoluindo para que a mãe seja acompanhada por um técnico de enfermagem até a área de controle de acesso. Lá, serão rompidas as pulseiras da mãe e do paciente, e ele será liberado. Não sairá se não tiver o acompanhamento da área de enfermagem.
Câmeras de segurança foram fundamentais
A tecnologia foi fundamental para o desfecho do caso. Por meio das imagens de câmeras de segurança da Santa Casa, foi possível identificar a mulher. Conforme o delegado Hilton Müller Rodrigues, da 17ª Delegacia da Polícia Civil, os policiais chegaram até Luciana por meio de denúncia. Uma pessoa viu as imagens da suspeita, que a esta altura já repercutiam nos veículos de imprensa, e passou informações sobre sua localização.
Em um primeiro momento, os agentes fizeram buscas no bairro Glória e localizaram familiares da mulher. Com a ajuda deles, chegou-se à residência no Lami, zona sul da Capital, onde a provável autora do crime estava com os filhos mais velhos. Nenhum deles sabia do caso.
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Na tarde de quarta-feira, o delegado solicitou que Luciana seja submetida a um exame de sanidade mental.
Para especialista, há dificuldade no controle
Coordenadora do curso de Gestão Hospitalar da Unisinos, Margareth Schreiner ressalta a dificuldade que os hospitais têm para controlar a grande circulação de pessoas nos horários de visitas, principalmente em construções antigas, com muitos acessos externos.
– Câmeras de vigilância ajudam muito no monitoramento. Os funcionários precisam estar identificados, sempre com crachá e, se for possível, uniformizados. Fica mais difícil um terceiro entrar e se passar por funcionário – afirma a especialista.
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A professora também chama atenção para a necessidade de os pacientes verificarem se as pessoas que se dizem funcionárias estão usando o crachá. Segundo ela, casos de furto e inconvenientes a pacientes causados por indivíduos de fora das instituições de saúde não são raros – no entanto, só situações extremas, como sequestro e tentativas de homicídio, acabam ganhando repercussão.
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