Última sede a definir seu estádio, São Paulo volta a ser fonte de dor de cabeça para a Fifa, que não gostou nada de saber que o Corinthians previa terminar a obra do Itaquerão apenas no início de 2014, em vez do prazo acertado – dezembro deste ano.
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Na quarta-feira, o ex-presidente do clube, Andrés Sanchez, foi ao Rio voltar atrás e garantir a conclusão no prazo. Mas ainda há indefinição sobre como serão instalados os 20 mil assentos provisórios que farão o estádio chegar aos 68 mil lugares exigidos pela Fifa para realizar a abertura do Mundial de 2014. Não há contrato firmado, nem empresas e construtoras definidas para as arquibancadas móveis, situadas atrás das goleiras.
A obra tem valor estimado em R$ 35 milhões e será bancada por empresas privadas. Apenas uma delas está definida, a Ambev, que afirma não estar autorizada a falar sobre o assunto. As outras corporações que arcarão com o custo ainda não foram escolhidas. O próprio orçamento, dizem fontes próximas à negociação, pode mudar.
Quem deve escolher a construtora é o governo estadual de São Paulo e as empresas que vão patrocinar o projeto – a única certeza é que a Odebrecht, que constrói a Arena Corinthians, não fará parte do projeto. Ex-presidente do Corinthians e coordenador da Arena, Andrés Sanchez, não soube dar detalhes sobre as obras da arquibancada móvel, mas fez questão de dizer que o processo está lento.
– Começando em outubro, desde que o governo do estado escolha logo as empresas que bancarão a obra, deve acabar em janeiro, por aí. Está em cima da hora. Está tudo em cima da hora – diz Sanchez.
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Ele também comentou o motivo que levou o Corinthians – segunda maior torcida brasileira – a optar por um estádio de 48 mil lugares em vez de um com 68 mil. A razão é manter o estádio sempre lotado.
– O estádio com mais de 50 mil lugares enche só quatro ou cinco vezes por ano. O custo da obra e a manutenção seriam bem mais caros – explica.
Procurado pela reportagem para comentar o funcionamento da arquibancada móvel, o Comitê Paulista da Copa do Mundo afirmou não poder dar detalhes pois “empresas, métodos e custos ainda estão sendo estudados”. Não há, ainda de acordo com a agremiação, previsão para que haja a definição completa.
O valor da construção da Arena é avaliado em R$ 820 milhões: R$ 420 milhões advindos de incentivos fiscais da Prefeitura de São Paulo; e R$ 400 milhões vindos do BNDES. Este último montante, de acordo com Sanchez, deve ser liberado nos próximos dias, depois de negociações bem sucedidas com bancos repassadores. Os custos da arquibancada móvel, ainda não confirmados, não estão incluídos no preço total. Em abril, o estádio completou 75,24% das obras.
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Entrevista com Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians
Zero Hora – Andrés, tudo bem? Podemos conversar agora?
Andrés Sanchez – Qual o assunto?
ZH – Arquibancada móvel na Arena Corinthians. Adiantei para sua assessora ontem.
Sanchez – Adiantou? Mas vocês não são do Sul? Que interessa isso, uma obra temporária?
ZH – Uma obra como essa é de interesse nacional.
Sanchez – Mas não tem o que falar. A obra começa em outubro e acaba quando acabar. O resto cê vê com o governo do Estado.
ZH – Não tem uma previsão de término?
Sanchez – Começando em outubro, desde que o governo escolha logo as empresas que bancarão a obra, deve acabar em janeiro, por aí.
ZH – As negociações com as empresas não estão em cima da hora?
Sanchez – Tá tudo em cima da hora. O Beira-Rio, inclusive.
ZH – Quanto vai custar a arquibancada móvel? O valor de R$ 35 milhões procede?
Sanchez – Não sou eu que defino isso. Tem que ver com o governo.
ZH – Que empresa fará a construção da arquibancada móvel? A Odebrecht, pelo que me disseram, não fará…
Sanchez – Não fará. Quem escolhe é o governo ou as empresas que bancarão a obra.
ZH – Além da Ambev, quem bancará a construção da arquibancada móvel?
Sanchez – Meu amigo, não sou eu que defino isso. Já te disse. Essas perguntas não têm cabimento. Não sou que respondo isso.
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ZH – Falei com a Ambev, os comitês da Prefeitura e do Estado de São Paulo e todos dizem para falar com o Corinthians, que, por sua vez, manda eu conversar com você…
Sanchez – Eu? Eu não sou do Corinthians.
ZH – Mas é você o encarregado de coordenar toda a parte comercial e burocrática do estádio…
Sanchez – O que mais cê quer saber?
ZH – Como funcionará a implementação e a retirada da arquibancada móvel?
Sanchez – Quem pôs, tira.
ZH – O senhor não sabe como nem quando será feita a retirada?
Sanchez – Eu não sou engenheiro, meu amigo.
ZH – Por que o Corinthians optou por um estádio com 46 mil lugares, sem os 20 mil assentos temporários?
Sanchez – Porque o estádio de mais de 50 mil lugares enche só quatro ou cinco vezes por ano. O custo da obra e a manutenção seriam bem mais caros.
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ZH – Por que a manutenção é mais cara?
Sanchez – Eu não sei. Um monte de coisa, amigo. Não sou gestor dessa parte.
ZH – Na nossa última conversa, você falou que estava negociando com bancos para liberar o dinheiro do BNDES. Algo avançou?
Sanchez – Estamos negociando com dois ou três bancos. Acredito que nos próximos dias faremos o anúncio de qual será.