Paulo Ricardo Patrício, 31 anos, um brasileiro como outro qualquer. Barbeiro de profissão, precisou aumentar a renda e decidiu fazer um bico como entregador de cachorro-quente. Morreu na noite de quinta-feira (15), por volta das 22h30min, quando sua moto foi atingida por um carro entre a Rodovia Admar Gonzaga e a Amaro Antônio Vieira, em Florianópolis. 

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Apesar de o motorista se negar a fazer o teste do bafômetro, a assessoria de comunicação da PMRv chegou a informar que o motorista preso tinha sinais de embriaguez.

Paulinho dirigia sua motocicleta, não estava na contramão, e ou fazendo imprudências. Com a licença poética ao mestre Chico Buarque, se alguém atrapalhou o trânsito com certeza a culpa não foi dele. Por isso também, a morte violenta tocou o coração de tanta gente. 

Paulinho era diretor de bateria da Embaixada Copa Lord, uma das escolas mais tradicionais da cidade, onde tocava caixa e coordenava uma ala com cerca de 60 percussionistas. 

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Foi um amigo que passava pelo local que viu o corpo estendido no chão, e ajudou a notícia a espalhar-se. O rapaz reconheceu a motocicleta amassada e telefonou para um conhecido. Em seguida o celular dos familiares tocou.

— Não havia mais nada a fazer. Ele morreu no local e só restou a gente tratar das providências na 5ª Delegacia de Polícia e Instituto Médico Legal. Fernanda, nossa irmã, está destroçada — conta a cunhada Ana Paula Dutra.

Agora, além da dor, a família tem outro sentimento:

— Precisamos que se faça justiça. Era um trabalhador, estava na mão certa (trânsito) e que não voltou para a casa — diz Ana Paula.

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Paulinho e Fernanda Dutra, também diretora de Harmonia da Embaixada Copa Lord, estavam juntos havia seis anos. O casal não tinha filhos e vivia uma vida simples. Ele faria 32 anos no dia 16 de agosto. No dia seguinte, 17, é o aniversário de Fernanda. Diferente do que ocorreu em anos anteriores, não deve haver uma roda de pagode e nem de samba. O silêncio é que dará o ritmo no quintal dos Dutra.

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Fernanda fez um pedido aos ritmistas da Embaixada Copa Lord:

— Vamos atendê-la e prestar uma homenagem durante o sepultamento do nosso amigo — conta o mestre de bateria Diego Cunha. 

Diego lembra que ao se transferir da Unidos da Coloninha para a escola do Morro da Caixa se sentiu muito bem recebido por Paulinho: 

— Era um cara bacana, sorridente, sempre presente nos ensaios e envolvido com a produção do material de divulgação das atividades da bateria. 

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Além da dor, assim como os familiares, os amigos do samba também temem pela impunidade do homem que causou o acidente: 

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— Agora, estamos envolvidos com a despedida e homenagens, mas tememos pela impunidade e para isso vamos lutar por justiça.

Bandeira do samba fala mais alto

É histórica a disputa entre Embaixada Copa Lord e Os Protegidos da Princesa, mas a morte de Paulinho entristece a todos:

— Neste momento a bandeira do samba fala mais alto: não tem cor, não tem pavilhão, estamos todos enlutados. Por si só a morte de um sambista seria sentida, mas quando se trata de um jovem e de forma violenta choca ainda mais a todos nós — diz Zezinho Carriço, vice-presidente da Os Protegidos. 

Carriço lembra das vezes em que encontrou Paulinho e da forma educada com que ele se apresentava:

— Era um ritmista que tratava os sambistas e os carnavalescos mais velhos de uma forma muito respeitosa.

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O corpo de Paulinho será velado no cemitério do Itacurubi, a partir das 14h, e o enterro ocorre às 16h20min. O sepultamento será junto com a avó que o criou, a quem reconhecia como mãe.

Paulinho será lembrando pelo gosto por uma vida tranquila. Quando não tinha atividades da escola, gostava de ficar em casa jogando videogame. Torcedor do Avaí, ele acompanhava os jogos pela TV. Mas era no samba que revelava a alegria pela vida, conta Fernanda. 

Muitos eram os sambas que gostava, diz, especialmente sambas-enredos que marcaram grandes carnavais. Mas tinha uma música que parecia gostar mais: o hino da Embaixada Copa Lord. A forma como entoava ficará como lembrança do amor pela escola que aprendeu a amar, e pelo homem que dividiu com ela os últimos seis anos da vida:

Quem vê lá, de amarelo e vermelho e branco; levantando a poeira do chão…

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