Até os anos 1960, quando passou a ser mais identificado com o cancioneiro regional diante da ascensão da bossa nova e da jovem guarda, o acordeon era polivalente, até porque nem só de cavaquinho vivia o choro. Ainda hoje é comum que a gaita (para os sulistas) ou a sanfona (para os nordestinos) — ou ainda acordeão para os preciosistas — seja associada apenas à música de baile. Em mais uma edição, o Acordeon Festival mostra as tantas possibilidades de gêneros e estilos musicais que o instrumento é capaz de executar. Depois de passar por sete cidades, chega a Florianópolis hoje para espetáculo dentro do projeto CIC 8:30 – Grandes Encontros. Vai ter choro, música nativista e temas clássicos do cinema.
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Na Capital, o festival terá a participação dos músicos Leandro Panneitz, Eddy Stafin, Diego Fagundes, Flavinho Alves, Samuca do Acordeon, Willian Hengen, Daniel Hack e Edson Dutra. Eles apresentam miniconcertos de até 15 minutos cada. Entre os destaques está o trio de gaiteiros de Os Serranos (Willian Hengen, Daniel Hack e Edson Dutra), um dos mais antigos e tradicionais grupos de música nativista do Sul do Brasil — criado há 49 anos. Liderado por Edson Dutra, 65 anos, fundador da banda, os músicos apresentam números solo e em arranjos para trio.
O festival começou em 2010 e era realizado apenas em São Bento do Sul, Norte do Estado. No ano passado, passou a ser itinerante e circulou por 14 cidades, incluindo Florianópolis. O sucesso se deve à paixão e empenho do músico Leandro Panneitz, 33 anos, que em 2017 pretende aumentar o número de cidades.
— Acordeon é um instrumento universal. E no festival serão apresentados vários estilos. Samuca, por exemplo, toca só choro. Já Eddy Stafin faz releituras de temas de fimes — diz Panneitz.
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O idealizador do evento também sobe ao palco. Embora atue como proprietário e diretor de uma empresa de colchões, Panneitz começou a tocar acordeon aos 13 anos graças a um empurrãozinho do pai. Não tinha a pretensão de ser profissional, mas se dedicou tanto que já gravou seis discos, todos autorais. Foi assim, aliás, que teve a ideia de criar o festival, pois a cada novo disco ele próprio produzia os shows de lançamento.
Símbolo do sul e da música nacional
Hermeto Pascoal é quem talvez tenha a melhor definição para o acordeon: “é a cachaça dos nordestinos e o chimarrão dos gaúchos.” A história do instrumento remonta ao ano 2.700 AC, na China, e de lá para cá, claro, passou por várias transformações até chegar à forma como é conhecido hoje. Chegou ao Brasil pelas mãos dos imigrantes.
— O acordeon foi declarado símbolo do Rio Grande do Sul, assim como o chimarrão. Chegou ao Sul pelos italianos no século 19, que tocavam as tarantelas. Depois veio o movimento tradicionalista, um movimento cultural que culminou com a criação do primeiro Centro de Tradições Gaúchas (CTG), em 1948. A gaita é um elo de tudo isso — conta o músico Edson Dutra.
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Premiado em festivais de música, Samuca do Acordeon também é gaúcho, mas é apaixonado pelo choro.
— Desde a década de 20, quando entrou o rádio no Brasil, o choro e o samba canção ditavam a moda no Brasil inteiro. E o acordeon fazia parte, junto com outros instrumentos — diz ele.
AGENDE-SE
O quê: Acordeon Festival – CIC 8:30 – Grandes Encontros
Quando: quarta-feira, 26/7, às 20h30min
Onde: Teatro Ademir Rosa, no CIC (Av. Irineu Bornhausen, 5.600, Agronômica, Florianópolis)
Quanto: R$ 30 / R$ 15 (meia)
Informações: (48) 3664-2628