Alternativa indicada por especialistas para aproveitar a alta do dólar, o aumento das exportações ainda não é uma realidade na economia de Blumenau. A receita das empresas da cidade com as vendas externas no primeiro trimestre deste ano foram praticamente iguais às do mesmo período de 2015 (veja mais abaixo). Por outro lado, a cotação elevada da moeda provocou queda de 45,1% nas importações no período e contribuiu para mudar o cenário da balança comercial do município.

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As exportações de Blumenau somaram R$ 114,1 milhões de janeiro a março, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Já as importações contabilizaram R$ 81,6 milhões, totalizando um saldo positivo de R$ 32,5 milhões. O resultado é o melhor desde 2009, quando o superávit foi de R$ 58 milhões.

– Blumenau teve mais venda de produtos do que compra do mercado externo, ou seja, recebeu mais dólares. E com a desvalorização da nossa moeda (em relação ao dólar), mesmo que não tenha variação no preço do produto, o exportador ganha mais reais pelo mesmo preço, enquanto o importador está pagando mais reais pelo mesmo preço em dólar – explica Bruno Thiago Tomio, economista e professor da Furb.

Redução da demanda contribui para o resultado

Além da variação cambial, outros fatores podem ter contribuído para a redução nas importações, diz o empresário da área de importação e exportação Anderson Stolfi. Ele cita a redução da demanda no mercado interno e medidas aplicadas pelo governo brasileiro para a entrada de produtos no país, sobretaxando, por exemplo, itens importados.

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– Quando o produto importado custa mais caro você sobe o preço dele para acompanhar. Ninguém deixa o preço mais baixo se pode ganhar mais. No começo tem impacto mas depois o próprio mercado regula e quem acaba pagando isso é o consumidor.

Num cenário onde a definição da balança está mais ligada à taxa cambial do que a um crescimento de negócios internacionais, o ponto mais positivo, segundo Tomio, é a valorização do mercado interno. Para o especialista, as empresas podem buscar as exportações, mas passam a consumir mais produtos e insumos locais. Um dos parceiros comerciais mais comuns e que registrou uma das principais quedas na importação em Blumenau foi a China, com uma redução de 55% no volume de compras no primeiro trimestre deste ano.

– O que ocorre muito na nossa região é que não são só insumos, mas produtos prontos da China que vinham para cá com a marca, como se fosse produzido aqui. Mas com o dólar na situação que está hoje isto se tornou inviável para as empresas e a tendência é fortalecer o mercado local. Esse é o ponto mais positivo de toda essa história – analisa Tomio.