O número de mortes em SC cresceu 25,8% em 2021 na comparação com 2020. Desta forma, o ano passado se tornou o mais letal dos últimos sete no Estado. O saldo teve o impacto da Covid-19, que representou 25,6% do aumento. Os dados são do Portal da Transparência do Registro Civil, que mostra a contagem desde 2015.
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Até o primeiro ano de pandemia no Brasil, o Estado seguia uma média anual no aumento do número de mortes variando entre 4% a 12%. Em 2020 foram registrados 46,3 mil óbitos, enquanto 2021 apresentou o total de 58,2 mil vidas perdidas.
O aumento percentual é ainda maior se comparado aos dados de 2015, quando 31,5 mil óbitos foram registrados em Santa Catarina. A comparação para 2021 apresenta um crescimento de 84,7% nesse período.
Mortes registradas no Estado nos últimos sete anos

Até a manhã desta quinta-feira (17), Santa Catarina já havia registrado 6,6 mil óbitos desde o primeiro dia de 2022. No último boletim divulgado pelo governo do Estado, nessa quarta-feira (16), do total de óbitos, 907 pessoas morreram em decorrência da Covid-19.
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Contagem de dados do IBGE
Segundo dados levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de óbitos registrados em 2020 (pesquisa mais recente do órgão) teve o aumento percentual mais alto nos últimos dez anos, com cerca de 33,3% em comparação a 2010. De acordo com o chefe da Unidade Estadual do IBGE em Santa Catarina, Roberto Kern Gomes, o aumento de 2019 para 2020 é considerado significativo de um ano para outro, com acréscimo de 9,5%.
— Por qualquer indicador que se analise 2020 nós fazemos uma inferência, ou seja, não tivemos aumento na criminalidade, não teve guerra, não teve aumento na mortalidade infantil, a nossa única variável foi a pandemia — explica.
A contagem analisada pelo IBGE faz divisão entre óbitos por causas naturais e não naturais. O aumento de 2020 foi registrado nas mortes naturais, enquanto mortes não naturais (homicídio, acidente de trânsito, suicídio, entre outros) permaneceram estáveis. A divulgação dos dados referentes a 2021 será feita em dezembro, conforme o calendário do instituto. A previsão é de que apresente aumento semelhante aos indicadores do Portal da Transparência do Registro Civil, em razão do agravante da pandemia da Covid-19.

Covid-19 e expectativa para 2022
O professor e pesquisador do Laboratório de Bioinformática da UFSC, Glauber Wagner, explica o impacto da Covid-19 no aumento ocorrido em 2021. De acordo com o pesquisador, cuidados com a pandemia e o seguimento de restrições tiveram maior adesão pelos catarinenses em 2020.
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Com as liberações tendo início gradativo ao longo de 2021 e a chegada de variantes mais infecciosas, o Estado passou de 5,2 mil óbitos em 2020 (causados pelo coronavírus), para 14,9 mil em 2021. As variantes com maior taxa de transmissão, como a Delta e a Ômicron, e grupos de pessoas não vacinadas impactaram para a alta no número de óbitos em 2021, conforme Wagner.

Segundo o secretário de Estado da Saúde de Santa Catarina, André Motta Ribeiro, apesar das perdas por Covid-19 em dois anos de pandemia, o Estado está preparado para que o aumento na mortalidade não se repita em 2022, incentivando e cumprindo o calendário de vacinação.
— Toda e qualquer perda é triste, esse aumento é uma consequência da pandemia que nenhum de nós gostaria de ter que justificar ou entender, mas apesar dos nossos sofrimentos, temos uma das menores taxas de mortalidade do país. Portanto, dentro de um cenário ruim, ainda estamos bem — conta.

Pesquisadores apontam que a expectativa para 2022 (passando os picos causados pelas variantes), com aumento no número de pessoas vacinadas no Brasil e no mundo, é de que a pandemia passe a ser tratada como endemia. Segundo Wagner, o coronavírus continuará circulando, assim como acontece com a gripe e H1N1, que ainda registram casos de óbitos e novas cepas, mas com uma baixa taxa de mortalidade em decorrência da vacina.
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Nesse caso, conforme Motta, Santa Catarina está estruturada com estratégias sendo aplicadas e desenvolvidas desde 2020. Passando a ser tratada como uma doença endêmica, um calendário de vacinação anual será adotado no Estado (como ocorre com doenças como febre amarela, hepatite, HPV, influenza, entre outras) para conter a disseminação do vírus e evitar aumento no número de mortes por Covid-19.
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