O Grupo Itapemirim anunciou que suspendeu temporariamente as operações da companhia aérea ITA para uma reestruturação interna. Em nota, a empresa afirma que a decisão foi tomada por necessidade de fazer ajustes operacionais e que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) foi informada.

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Antes da suspensão, no entanto, a empresa já vinha acumulando problemas como salários atrasados, dívidas com fornecedores e reclamações, segundo informação do portal Uol. A suspensão de atividades da ITA, de acordo com a empresa, não irá afetar a prestação do serviço de transporte rodoviário e as operações na Viação Itapemirim seguirão normalmente.

O grupo afirma que prestará assistência aos passageiros impactados e orienta aos clientes com viagens programadas para os próximos dias que entrem em contato com a companhia pelo email falecomaita@voeita.com.br. Em nota, a companhia afirma que irá se dedicar para retomar seus voos “em breve” e que dará assistência aos passageiros conforme a resolução 400 da Anac, que trata dos direitos dos passageiros aéreos. A empresa não detalhou as opções que serão oferecidas aos consumidores.

Dívidas, salários atrasados e reclamações

O plano de saúde dos funcionários estava suspenso desde o começo do mês, segundo o portal Metrópoles. Por este motivo, a companhia foi alvo de ação movida pelo Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA).

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Além disso, o salário dos funcionários da Itapemerim e outros benefícios, como vale-refeição e transporte também estavam em atraso. Apenas neste mês, a empresa parcelou o pagamento dos servidores em duas vezes.

Segundo o sindicato de mecânicos da empresa, havia ainda queixas da categoria por estar trabalhando sem os equipamentos de proteção adequada.

Segundo fornecedores da empresa, houve problemas com os pagamentos devidos pela Itapemerim e agências de viagem alegavam não ter o retorno de valores por remarcações de bilhetes e acomodação de passageiros com voos cancelados.

Além disso, de acordo com clientes da companhia aérea, ainda durante o funcionamento da empresa, era comum que os voos fossem cancelados.

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A empresa, que começou a operar no Brasil há seis meses, já soma 4.300 queixas no site Reclame aqui, sendo a maioria relacionada a estorno de bilhetes.

No consumidor.gov.br, a companhia possui mais de mil reclamações – mais da metade foi feita nos últimos 30 dias.

Voos foram cancelados com avião na pista

A Itapemerim conta com sete aviões em sua frota e já operou em 14 aeroportos nacionais — incluindo o de Florianópolis. A decisão de suspender temporariamente os voos no país provocou revolta entre passageiros da companhia.

Após o anúncio, voos foram cancelados quando a aeronave já havia iniciado o processo de taxiamento. No aeroporto de Guarulhos (SP), cerca de 100 clientes da empresa ficaram sem ter como prosseguir com as viagens.

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Grupo passa por processo de recuperação judicial

A companhia aérea, que oferecia um mínimo serviço a bordo, enfrentava uma quebra de caixa, com descasamento nos pagamentos dos tripulantes, o que chegou a levar a ações do sindicato da categoria.

No início de dezembro, Sidnei Piva, presidente do Grupo Itapemirim, afirmou, durante o Fórum Panrotas 2021, que a Itapemirim estava com preços de passagens aéreas que não cobriam o custo operacional. Mesmo com a alta da inflação e a economia fraca no país, o empresário afirmou, na ocasião, que a companhia estava segurando aumentos.

A Itapemirim Transportes Aéreos teve seu voo inaugural em junho deste ano, de Guarulhos a Brasília, com o plano de atender 35 destinos em sua malha até junho de 2022. O lançamento ocorreu num momento em que as companhias aéreas globais perdiam clientes com as restrições da pandemia de coronavírus.

O grupo Itapemirim está em recuperação judicial desde 2016 e com dívidas tributárias de quase R$ 2 bilhões. À época, o grupo afirmou que a companhia aérea não faz parte do processo de recuperação judicial e que os investimentos do conglomerado foram autorizados pelo juiz responsável pelo processo.

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Meses depois, a ITA foi alvo de acusações sobre atrasos de salários de funcionários. À época, a empresa afirmou que um “problema técnico” impediu que centralizasse os pagamentos dos seus funcionários em um único banco.

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