Pilhas de partituras, paletós, fotos, cupim e muito pó acabaram, nesta terça-feira, com o mistério de 18 anos sobre o conteúdo de uma sala nos fundos do palco da Sociedade Harmonia-Lyra. O pequeno espaço foi desativado desde a saída do maestro Tibor Reisner da extinta Orquestra Filarmônica Harmonya-Lyra e permaneceu trancado mesmo depois da morte dele, em 1999.

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Naquela sala, Tibor compôs peças, criou novos arranjos para músicos de Joinville e fez dela seu camarim durante quase duas décadas. O destino do material, que deve ser utilizado em pesquisas, ainda será definido pelo Ministério Público. Já a sala receberá o nome do maestro, passando a servir para a maestrina da Orquestra da Cidade, Fabrícia Piva.

Quando a porta foi aberta

Muito afetada por cupins, uma das pilha de partituras caiu de uma das prateleiras, esparramando várias folhas pelo chão da sala. Os papéis ocupam quase todos os armários. Ventiladores, latas de tintas, algumas roupas usadas nas apresentações e fotos de Tibor e da orquestra também compõem o acervo. Além do péssimo estado do material, o forro da sala, em madeira, ameaça ruir.

– A burocracia e o esquecimento são os responsáveis por deixar a sala assim – afirma o diretor da sociedade, Álvaro Cauduro, que estima que o lugar possa voltar a ser usado depois de 30 dias.

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A chave estava em poder do presidente da Fundação Musical Harmonia-Lyra (Fundhaly), Ivo Birckholz, que aos poucos se desfaz do patrimônio da orquestra – os instrumentos já foram encaminhados para a banda do Corpo de Bombeiros.

A porta do cômodo chegou a ser aberta para inventário há cinco anos, mas não deixou de atrair a curiosidade dos músicos que frequentam a sociedade. Fabrícia Piva também participou da histórica filarmônica – a primeira formação erudita de Joinville – e conviveu com Tibor durante sete anos. Ao entrar no espaço depois de tantos anos, ela não segurou a emoção.

– Eu sempre tentava espiar por uma fresta na porta – revela a maestrina, idealizadora do documentário As Influências do Maestro Tibor Reisner, lançado no ano passado.

A abertura da sala também faz parte do projeto de recuperação da Sociedade Harmonia-Lyra, que começou com duas iniciativas: o restauro do piano de cauda que pertencia a Liselott Trinks, primeira professora de balé da cidade, e que deverá ser reinaugurado em breve, e do quadro A Rainha e o Pavão, de Hugo Calgan, ainda em fase de conclusão.

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