Durou cinco dias a sobrevida do ministro Orlando Silva no Esporte. Alvo de uma série de denúncias sobre irregularidades nos convênios firmados entre a pasta e organizações não governamentais (ONGs), ele confirmou em entrevista na noite desta quarta-feira a sua saída, decidida durante reunião com a presidente Dilma Rousseff.

Continua depois da publicidade

– Eu decidi sair do governo. Tomei a decisão de me afastar do governo para defender com ênfase a minha honra. A presidente Dilma aceitou. Conversei com ela e disse seria melhor eu me afastar – afirmou ao sair do Planalto.

A série de demissões no governo Dilma

(Crédito: Agência Estado)

Continua depois da publicidade

No final da tarde, o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, já havia confirmado que Orlando Silva deixaria o governo na quarta.

– A abertura de inquérito pelo Supremo (Supremo Tribunal Federal) foi o fator determinante para a mudança da situação – disse Carvalho.

O comunista do PC do B é o sexto ministro a deixar a Esplanada desde o início do governo Dilma.

Cinco dias de sobrevida

Em reunião com a presidente na última sexta-feira, o ministro se defendeu das acusações feitas pelo policial militar João Dias na Revista Veja e garantiu sua permanência na pasta por mais alguns dias – contudo, naquele dia, a demissão já era vista como irreversível. Também no fim da semana passada, a Fifa excluiu Orlando Silva de uma reunião sobre Copa do Mundo prevista para novembro.

Continua depois da publicidade

Na terça-feira, veio a gota d´água para o fim do período de cinco anos à frente da pasta. A pedido da Procuradoria-Geral da República, o Supremo Tribunal Federal (STF) abriu um inquérito para investigar o ministro. A assessores próximos, Dilma deixou claro que não estava disposta a bancar um integrante do primeiro escalão com status de investigado.

À tarde, durante audiência de uma comissão da Câmara dos Deputados para falar sobre o mundial, o desgaste de Orlando Silva constrangeu o governo. Líderes da oposição atacaram o ministro e defenderam a sua saída.

No final da tarde, Dilma chamou o presidente do PC do B, Renato Rebelo, para uma reunião às pressas. Embora o tema do encontro não tenha sido divulgado, a presidente comunicava o partido sobre a situação insustentável de Orlando Silva.

Continua depois da publicidade

Na manhã desta quarta-feira, um integrante da sigla já havia confirmado que o ministro entregaria sua carta de demissão à tarde. Orlando passou a manhã reunido com o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, e com a cúpula do partido.

Secretário-executivo deve assumir como interino

Ao contrário dos primeiros boatos – que davam conta do nome do deputado Aldo Rebelo (PC do B) para assumir a pasta do Esporte -, Dilma deve nomear um substituto interino para a vaga de Orlando Silva – provavelmente o secretário-executivo da pasta, Waldemar Manoel Silva de Souza, também do PC do B.

Segundo fontes com acesso ao gabinete da presidente, a presidente não teve tempo de se debruçar sobre um nome para definir o novo titular do ministério.

Continua depois da publicidade

A cronologia da queda do ministro

15/10 – Em reportagem da revista Veja, o ex-policial João Dias, militante do PC do B preso no ano passado sob suspeita de desvio de dinheiro público, acusa Orlando Silva de montar esquema de corrupção e receber propina na sede do ministério. De acordo com a publicação, as ONGs conveniadas no programa Segundo Tempo só ganhavam os recursos mediante pagamento de uma taxa previamente negociada, que podia chegar a 20% do valor dos convênios.

16/10 Orlando Silva antecipa sua volta do México, onde acompanhava os Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, após ser convocado pela presidente Dilma a dar explicações sobre as acusações de corrupção na pasta.

18/10 – O ministro participa de audiência pública na Câmara dos Deputados para prestar esclarecimentos. Enquanto Orlando se defendia a parlamentares da base, a oposição ouvia o PM João Dias em outra sala. No mesmo dia, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, informa que irá investigar as denúncias. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, determina à Polícia Federal (PF) a proteção especial de João Dias Ferreira.

Continua depois da publicidade

19/10 – Por decisão da presidente Dilma, Orlando deixa de ser o interlocutor do governo nas negociações da Copa de 2014 e na tramitação da Lei Geral da Copa no Congresso. As decisões passam a ser centralizadas no Palácio do Planalto, nas mãos da presidente e da chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. No mesmo dia, o ministro participa de audiência no Senado para prestar esclarecimentos.

21/10 – O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, solicita a abertura de inquérito no STF para investigar Orlando Silva e o ex-comandante da pasta Agnelo Queiroz, atual governador do Distrito Federal.

21/10 – Após se explicar a Dilma, Orlando Silva diz que permanece no Ministério do Esporte.

25/10 – Em depoimento na Polícia Federal, o pm delator do suposto esquema, João Dias Ferreira, reconheceu não ter provas diretas para incriminar Orlando Silva. Ele entregou áudios e documentos que comprovariam as suspeitas de irregularidades.

Continua depois da publicidade

26/10 – O STF atende pedido da PGR e abre inquérito para investigar o ministro. No mesmo dia, em audiência na Câmara dos Deputados para falar sobre Copa do Mundo, o ministro foi atacado pela oposição, que exigiu a sua saída.

O carteado dos ministros de Dilma

Desdes o início do governo Dilma, no dia 1° de janeiro, seis ministro deixaram a Esplanada. No carteado dos ministros, saiba quem está no jogo, quais são as cartas que já saíram do baralho e os trunfos da presidente: