Udo Döhler não é mais o presidente executivo da Döhler S/A, de Joinville. Em assembleia de acionistas realizada na sexta-feira, o executivo José Mário Gomes Ribeiro, ex-diretor técnico da companhia, assumiu o comando. Tem larga experiência profissional dentro da companhia e foi preparado para o cargo nos últimos anos..

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Com a transição, Udo, empresário de 74 anos que há 60 trabalha na empresa da família, passa a dirigir o conselho de administração. Também prefeito de Joinville, ele terá mais tempo para se dedicar às atividades públicas. ¿E às plantas¿, como gosta de dizer.

Com José Mário à frente, os outros integrantes da diretoria são César Pereira Döhler (financeiro); Ingo Döhler (industrial); Carlos Alexandre Döhler (comercial) e Ricardo Döhler (diretoria técnica).

José Mário é graduado em engenharia elétrica e em administração de empresas. Além de ter feito carreira na Döhler, tem importante atuação no comitê de gerenciamento das bacias hidrográficas dos rios Cubatão e Cachoeira.

No conselho de administração, além de nomes da família, um integrante vem de fora: é Antonio Carlos Minatti, ex-diretor da Docol e que, nos últimos anos, atua como consultor. Com o tempo, é provável que novos membros externos assumam postos no conselho. Um movimento natural para empreendimentos do porte da centenária empresa joinvilense. A transição de mando na diretoria, oficializada agora, foi conduzida ao longo dos últimos três anos, com assessoramento jurídico da Martinelli Advogados.

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A entrevista concedida logo depois de encerrada a assembleia de acionistas aconteceu em meio ao almoço, numa ampla sala. Empresário e repórter saborearam arroz, salada, bife e um suco de laranja. De sobremesa, um chocolate Sonho de Valsa. Frugal e tradicional, ao mesmo tempo.A seguir, confira os principais trechos da conversa.

Por que saiu do comando executivo da companhia familiar?

Udo Döhler – A empresa cresceu e se percebeu a necessidade de aperfeiçoar o processo de gestão e assegurar que o controle da companhia possa abrigar as futuras gerações. Um acordo de acionistas resolveu isso para o futuro.

Que papel terá o conselho de agora em diante?

Udo – Teremos um conselho muito ativo. A empresa se caracterizou pela diversificação de linhas de produção. Atende a clientes que nos compram variadas linhas de cama, mesa e banho e a linha profissional. Também fazemos produtos para as Forças Armadas.

E para que lado olha a empresa quando avalia o futuro dos negócios?

Udo – Nossas equipes de pesquisa e desenvolvimento focam em novidades para alta tecnologia. Um dado: estamos na direção de criar tecidos tridimensionais, em especial para as áreas de construção civil, energia e metalurgia, por exemplo.

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Que vem a ser isso exatamente?

Udo – É uma tecnologia em desenvolvimento. Não dá para contar muito sobre os detalhes. Ao menos por enquanto.

Quando as novidades serão conhecidas pelo mercado?

Udo – Pretendemos colocar algumas coisas novas, transformadoras, no mercado no próximo ano. Produtos absolutamente diferenciados. O futuro da companhia passa, necessariamente, por adentrar fortemente na fabricação de produtos com grande utilização de novas tecnologias de ponta. A âncora continua sendo as mercadorias dos segmentos de cama, mesa, banho e decoração. Porém, é vital não ficarmos nisso.

Após esses anos à frente dos negócios, o senhor vai sentir saudades do quê?

Udo – Saudade… não sei se é a palavra. Tenho o sentimento do dever cumprido. A Döhler é uma das líderes nacionais no setor têxtil em que atua. É uma empresa sólida. Gostaria de que essa transição tivesse acontecido há mais tempo. Não foi possível. Era necessário construir o processo. E este, agora, é o momento oportuno de oxigenar a gestão da companhia.

O senhor passa a funções mais estratégicas…

Udo – Exatamente. Saindo da operação, posso enxergar com mais clareza todo o contexto.

Que frase, que ensinamento dá ao sucessor?

Udo – Aproveite bem este espaço que foi construído ao longo dos anos para avançar ainda mais, a partir de pesquisa e desenvolvimento.

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Qual deve ser o faturamento da companhia neste ano?

Udo – A Döhler projeta faturar R$ 580 milhões em 2017; 6% a mais do que no ano passado. Fabricamos 1.440 toneladas por mês e temos parque fabril de 200 mil m².

A indústria têxtil passa por um momento complicado…

Udo – Não dá para se continuar fazendo o mesmo. Está bem claro que só vai sobreviver aquele que procurar, aquele que prospectar novos nichos de mercado. É o que estamos procurando fazer aqui.