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A próxima novela global das 21h, Insensato Coração, nem estreou e já provoca polêmicas. A primeira foi a saída da atriz Ana Paula Arósio, que interpretaria a protagonista, Marina. O papel ficou com Paola Oliveira. Depois, Fábio Assunção se afastou para continuar o tratamento contra dependência química. Ele seria o vilão Léo e foi substituído por Gabriel Braga Nunes.

Na Central Globo de Produção em Jacarepaguá (Projac), o diretor Dennis Carvalho quebra o silêncio e fala sobre o novo folhetim, que vai ao ar em 17 de janeiro, e comenta a parceria com Gilberto Braga.

Insensato Coração fala sobre o quê?

Sobre relações familiares. As famílias são núcleos muito fortes, e os conflitos acontecem dentro delas. São conflitos que o Gilberto sabe escrever como ninguém. É um retrato da família tradicional, com todos os seus problemas. E não é só a família central como a do Pedro (Eriberto Leão), mas outras famílias também. As histórias vão se entrelaçando, é muito legal.

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E por que Florianópolis?

Só pela beleza das praias e do lugar. O Rio já está muito explorado, tem de ir para fora mesmo.

Como passou esses dias de turbulência?

(risos) Sabia que você ia falar disso… Foram dois casos diferentes. O primeiro caso, daquela senhora que abandonou a novela, que nem sei o nome dela (Ana Paula Arósio), a gente estava em Florianópolis, no começo da gravação. Claro que foi tumultuado, terrível, uma surpresa. Todo mundo lá esperando e, de repente, ela liga e diz “não vou”. Foi a atitude mais antiprofissional que vi na minha vida. O difícil foi encontrar uma substituta, porque não havia atriz disponível. Tudo isso foi uma tensão muito grande, e eu lá em Florianópolis, resolvendo tudo pelo telefone. Até que acertamos com a Paola (Oliveira). Estou adorando trabalhar com ela, que é um amor e tem um ótimo caráter. Isso para mim é o mais importante. Eu a tranquei por três dias num quarto de hotel, decorando os capítulos. Sobre o outro caso, do Fábio (Assunção), não tenho comentários a fazer. É meu irmão.

O que será feito para recuperar esse atraso?

Estávamos querendo estrear com 18 capítulos de frente (prontos). Talvez diminua um pouco, porque vai ficar apertado. Mas não vai mudar a data de estreia. Chegamos a pensar em pedir, por favor, uma semana a mais. Mas o Silvio de Abreu já escreveu o último capítulo de Passione. Vamos adaptar alguma coisa que foi gravada em Florianópolis com o Fábio, e regravar umas 20 cenas dele. No Brasil, os autores são muito conhecidos pelo público em geral – o que não costuma acontecer com os roteiristas lá fora.

Nesse sentido, no caso da autoria da obra como um todo, você sente que o diretor fica um pouco para trás com relação ao autor?

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Você tem razão: nem minha mãe sabia o que eu fazia. Ela dizia “o que você faz na TV, meu filho, que nunca te vejo?”. O publicão de novela não sabe o que o diretor faz. E a própria Globo faz a chamada pelo nome do autor “uma novela de…”. Então, criou-se o hábito. Mas não sinto que o diretor fique para trás na autoria, não. O autor bota no papel, e a partir dali, a responsabilidade é do diretor. De tudo: música, figurino, cenário, logotipo, festa de lançamento, tudo. É como levantar um Boeing.

Esse boeing levanta com quantos passageiros?

(risos) Não contei, mas é mais personagem do que normalmente o Gilberto usa. Ele estreava com 50 ou 60, mas esta novela deve ter uns 70. Tem muitos personagens que entram e saem. O (Hugo) Carvana, por exemplo, fica 15 capítulos; a Fernanda Machado, 7.

O que achou do sucesso da reprise, no Canal Viva, de Vale Tudo, que você dirigiu em 1988? A audiência passa um recado quando consagra uma novela que foi feita há mais de 20 anos?

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Sempre soube que Vale Tudo era uma puta novela, mas não imaginava essa repercussão, ainda mais nesse horário (0h45min). Você vê como o público está carente de uma boa história. O sucesso de Vale Tudo é a história. É muito bom a gente ver o que fez há 20 anos. Lá em Florianópolis, via quase todos os dias. É bom ver as pessoas mais jovens e também lembrar como eu fazia as cenas. Dá para perceber o salto técnico que tivemos – as câmeras eram precárias, as imagens são horríveis.

Com essa discussão, que nunca termina, sobre o futuro da telenovela e a pulverização da audiência, qual é o sentimento de começar uma novela, sabendo que audiência não será a mesma dos trabalhos anteriores?

Acho que o gênero é difícil acabar, embora esteja correndo um grande risco de ficar repetitivo e cansativo. Os autores tentam se renovar, mas não podem sair do formato do folhetim – amor, traição e assassinato são ingredientes que não podem faltar. Mas, por enquanto, não vejo, infelizmente, concorrência. Seria muito bom se a Record estivesse ameaçando a Globo, se as novelas de lá estivessem dando ibope. Porque para nós, do meio, quanto mais concorrência, melhor. Torço pela Record.

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