Não se conversa muito num Bloco de Sujos. Aliás, esse nem é o plano. Mas se canta, muito e alto. Se dança também. Até o chão, de preferência. Também não é preciso chegar até o local da festa pro espírito carnavalesco baixar. Ele desce automaticamente a partir do momento em que se veste a fantasia.
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Homem se veste de mulher, mulher se veste de homem. Folião se veste de freira, ou de oncinha, ou de bailarina, ou de Minion. Do que vier à cabeça. Vale improvisar, vale ensaiar, vale alugar. Num Bloco de Sujos, vale tudo.
É com esse espírito que tanta gente desceu as ruas que levam até o centro de Florianópolis, mais uma vez, no sábado de Carnaval, como acontece todo ano. Os festeiros já vão animados pelo caminho. Carregando isopores, caixas térmicas e até grandes lixeiras cheias de cerveja, vão falando alto, gritando e cantando pelas ruas. Todo mundo é um personagem. E todo personagem está feliz.
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Atrás da Praça XV, perto do TAC, o som é uma mistura. Vários carros fazem quase que uma competição de música alta. Tem de tudo: música eletrônica, samba, arrocha, funk. Descendo as duas ladeiras ao redor, que levam até a praça, surgem os trios elétricos, onde, em geral, o samba predomina. Mas nesse Carnaval, quem bombou mesmo foi a banda Vingadora e seu “Pega a metralhadora e Trá, Trá, Trá”. O refrão é língua universal na folia.
Teve um grupo do Ceará que pela primeira vez passou o Carnaval na Capital. Vestidos de freira, curtiram a festa no meio da multidão, que se espalha pelas ruas do centro histórico. Teve um casal de adolescentes que encarnaram Arlequina e Coringa, personagens clássicos do Batman. Teve um grupo da praia do Sambaqui – o Bloco da Walkiria – que deu o melhor exemplo: vestidos de Galinha Pintadinha e munidos com cervejas nas mãos, fretaram um micro-ônibus que os levou até o centro da Capital. Eles sabem: se beber, não dirija.
Os primeiros foliões começam a chegar no início da tarde. Às 16h, já fica difícil caminhar pelas ruas. A festa invade a noite. A Polícia Miliar ainda não tem uma estimativa de quantos pessoas participam do bloco este ano.
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A escadaria da Catedral Metropolitana se tornou um local pagão. Mais que reunir os festeiros, a escada dava vista panorâmica para a festa. Os blocos são incontáveis. E tem até quem consiga espaço para descansar embaixo das velhas figueiras da Praça XV.
Floripa tem o Carnaval aberto pelo Berbigão do Boca, uma semana antes da festa. Na última quinta, foi a vez do Enterro da Tristeza. Já teve Baiacu de Alguém, que volta às ruas de Santo Antônio de Lisboa na segunda-feira, e Zé Pereira, no Ribeirão da Ilha, no dia 31. Mas poucas festas reúnem tanta gente, de idades tão variadas, de locais tão diferentes, quanto o Bloco dos Sujos. É a materialização da democracia que embala o Carnaval em todo o país.
Confira a galeria de fotos do Bloco de Sujos 2016: