Na carteira de identidade de um professor universitário de São José, coexistem dois grandes nomes da música dos anos de 1980. Mike Lennon Machado, 30 anos, nasceu em 1982, meses após a morte de John Lennon.
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– Pessoas escutam a banda, mas tenho o nome do Lennon. Me sinto mais fã por isso – diz.
– Meu pai quis fazer uma homenagem ao John. Como sempre gostou dos Rolling Stones, decidiu associar os dois nomes – conta.
Também fã de Beatles, Mike destaca que o nome contribuiu para que encontrasse pessoas com afinidades.
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– Quem conhece essas bandas, quer saber quem eu sou. Isso acabou me aproximando de amigos que gostam das mesmas músicas que eu – afirma.
Mick Lennon não é o único da família a ter nome de beatle. Um primo de segundo grau chama-se George Harrison Machado Candido. O professor explica que o pai, Amilton Machado, foi o grande disseminador, na família, do “beatlemanismo”, uma espécie de religião ligada à banda que vem sendo passada de geração em geração. Por isso, Mick não descarta a possibilidade de nomear um dos futuros filhos com o nome de Paul, na esperança de se finalizar o quarteto na família.
– Faltaria o Ringo para completar – brinca.
O professor espera ter o espírito crítico de John Lennon e a energia de Mick Jagger. Ter nomes de músicos famosos, para ele, é uma maneira de registrar personalidades que marcaram época. E ressalta que ter nome de beatle obriga a pessoa a gostar ou, pelo menos, conhecer suas músicas.
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O beatlemaníaco Cristfan Candido, 37 anos, de Passos de Torres, foi o responsável pela nomeação do segundo integrante dos Beatles na família. Ele é o pai de George Harrison, 9 anos. A escolha foi uma homenagem ao músico que havia morrido no ano anterior, 2001.
– A gente acompanha a carreira da pessoa e ela parece próxima. Quando morre, bate aquela tristeza – explica Cristfan, que é primo de Mick Lennon.
A mãe de George, que não era fã da banda, comoveu-se com o sentimento do marido e aprovou o nome.
– O George gosta bastante dos Beatles, canta Help, Twist and Shout. Ainda bem – conta o pai.
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Um nariz igual ao do Ringo
Outro pai fã é Ciderlei Antônio da Silva, 43 anos. Quando chegou o segundo filho, ele quis batizar com o nome mais incomum do quarteto britânico: Ringo.
– É um nome diferente, não iria ter um outro – diz o pai do Ringo catarinense.
O tempo foi passando e o bancário de Seara, no Meio-Oeste catarinense, foi deixando os discos de lado. Agora, ele percebe a influência do nome que deu ao filho. Aos 16 anos, Ringo Silva, comprou um toca-discos legítimo e não tira os LPs dos Beatles do equipamento.
– Todo mundo aqui em em casa é obrigado a gostar da banda – conta Ciderlei, que agora pede para o filho baixar o volume.
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Apesar do homônimo ser baterista, o jovem decidiu tentar aprender violão e brinca:
– Tentei tocar as músicas dos Beatles no violão, não deu muito certo. Não sei se tenho muito jeito para música, mas o nariz grande como o Ringo eu tenho.