*Por Igor Gielow

Trazido ao centro da crise retórica entre o escritor Olavo de Carvalho e os militares, Leon Trótski foi um dos mais radicais líderes da revolução comunista de 1917 que deu origem à União Soviética em 1922.

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Em uma postagem no Twitter, o ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas, que chamou Olavo de um "Trótski de direita", dizendo que o escritor radicado nos EUA "não compreende que substituindo uma ideologia pela outra não contribui para a elaboração de uma base de pensamento que promova soluções concretas para os problemas brasileiros".

A associação feita pelo general da reserva não é muito clara, mas é possível supor que ele se referia à fama de incendiário de Lev Davidovitch Bronstein, um judeu ucraniano nascido em 1879 e envolvido com as agitações socialistas da virada do século 19 para o 20.

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Familiarizou-se com a obra de Karl Marx e Friedrich Engels e, com 18 anos, era líder de um sindicato no sul do Império Russo. Foi preso e exilado duas vezes, adotando o que dizia ser o nome de um de seus carcereiros durante uma fuga.

Associou-se aos mencheviques, a facção principal da esquerda russa que ajudou a derrubar o czarismo em fevereiro de 1917. Mas naquele ano já havia se bandeado para a ala bolchevique liderada por Vladimir Lênin.

Os bolcheviques tomaram o poder da coalizão liderada por liberais e socialistas moderados no fim daquele ano, e Trótski ocupou-se de liderar a formação do Exército Vermelho — que passou os próximos cinco anos combatendo os rivais, ditos "brancos", e consolidando territorialmente a União Soviética.

Com a morte de Lênin em 1924, o até então herdeiro presumido do império comunista Trótski se viu preterido na disputa interna de poder com Josef Stálin. Grosso modo, Trótski defendia que a revolução fosse permanente e internacionalizada, enquanto o rival buscava estruturar o poder interno nas antigas fronteiras do império da família real Románov. Em 1927 foi expulso do Partido Comunista e da União Soviética.

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Stálin governou com mão de ferro até sua morte, em 1953. Em 1940, enviou um agente para assassinar o rival na Cidade do México, onde Trótski vivia exilado. O líder comunista morreu com um golpe de picareta na cabeça.

Sua fama e influência prosseguiu, como atestam os diversos grupos trotskistas que emergiram durante a ditadura militar brasileira nos anos 1970 e depois abrigaram-se no PT e em siglas mais à esquerda. A natureza cruel e implacável do líder comunista, comparável à do ditador Stálin, sempre foi abrandada nesses círculos, deixando mais em evidência um suposto charme revolucionário.