Com nota 6,73 em uma escala que vai se zero a 10, as calçadas de Florianópolis estão em terceiro lugar num ranking que avaliou as 27 capitais do país, apontou o levantamento feito pela Campanha Calçadas do Brasil 2019, por meio do Mobilize, divulgado na semana passada. Na frente da Capital catarinense estão São Paulo (6,93) e Belo Horizonte (6,84). Nenhuma das capitais conseguiu chegar à média mínima aceitável, estipulada em 8. A média nacional ficou em 5,71.
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Apesar da boa colocação em relação a outras cidades, as 20 calçadas avaliadas pelos pesquisadores em Florianópolis, todas no entorno de prédio e demais estruturas mantidas pelo poder público, são consideradas ruins. Os avaliadores visitaram, fotografaram, tomaram medições e atribuíram notas de zero a 10 para cada um dos 13 itens considerados na pesquisa.
Entre os pontos observados estão regularidade do piso, largura da calçada, inclinação transversal do piso, existência de barreiras e obstáculos, condições de rampas de acessibilidade, faixas de pedestres, semáforos de pedestres, mapas e placas de orientação, arborização e paisagismo, mobiliário urbano, poluição atmosférica, ruído urbano e segurança.
Na conclusão do levantamento, os avaliadores apontaram que os frequentes buracos e imperfeições no pavimento, mobiliário mal instalado e ausência de piso tátil foram pontos que tornaram o ato de caminhar pelas calçadas da cidade uma atividade perigosa, especialmente para a população idosa e com deficiência visual.
Poucos trechos com características ideais
Nesta segunda-feira (23), a reportagem percorreu as seis calçadas com melhor e pior avaliação do levantamento. As notas variam entre 5,07 e 7,87. As passagens, localizadas no Centro, Trindade, região continental e Lagoa da Conceição, independentemente da condição, não parecem ser obstáculos para quem, na pressa do dia a dia, caminha por ali normalmente.
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No entanto, ao observar os detalhes usados para balizar as avaliações, é perceptível que as calçadas interferem no ir e vir, conforme aponta o relatório. Os principais prejudicados, conforme aponta José Roberto Leal, o Zezinho, presidente da Associação Florianopolitana de Deficientes Físicos (Aflodef), são as pessoas com mobilidade reduzida:
— A pessoa com deficiência, gestantes, pessoas com carrinhos de bebê, percebem muitos buracos, placas de sinalização de trânsito, árvores nas calçadas. Não tem como a pessoa com deficiência andar na Rua Felipe Schmidt, na Rua Conselheiro Mafra, na região da Alfândega, na Praça XV. Está cheio de buraco. No Ticen, que a calçada é mais larga, está quebrada. Isso gera um grande problema pra quem tem mobilidade reduzida.
Ele afirma que a associação dialoga constantemente com a prefeitura, e recebeu a informação que projetos de asfaltamento em andamento incluem melhorias nas calçadas. Zezinho cita ainda que, além dos reparos em pisos quebrados, é preciso construir novas rampas para acesso às faixas de pedestres, e fazer a demarcação das vagas de estacionamento para pessoas com deficiência.
Em entrevista publicada ao fim do levantamento dos dados, em julho deste ano, um dos arquitetos urbanistas que fez as avaliações da campanha em Florianópolis ponderou, inclusive, que em alguns pontos a largura das calçadas não comportava o fluxo de pedestres, obrigando as pessoas a desviarem pela rua:
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De maneira geral, o estado das calçadas da cidade é ruim, seja pela má conservação do piso ou porque a largura da faixa livre é insuficiente. Foram poucos os trechos que identificamos durante as avaliações que têm características ideais para o deslocamento confortável das pessoas, ainda mais aquelas em cadeira de rodas ou conduzindo carrinho de bebê, por exemplo.
O que diz a prefeitura
A prefeitura informou por nota, na semana passada, que "em relação às melhorias em calçadas que são de responsabilidade da administração municipal, diversas ações estão sendo implementadas" e mencionou o Manual Calçada Certa.
A prefeitura pontuou ainda "as ações de mais mobilidade lançadas pela prefeitura no início deste mês incluem a implantação de rotas acessíveis e continuidade do programa Mais Pedestres, que visa ampliar os espaços de circulação de pedestres e ciclistas". Informou que as ruas como a Álvaro de Carvalho, Tenente Silveira e Esteves Júnior já contam com a iniciativa.
Ressaltou ainda que sabe "dos desafios e por isso estamos realizando no plano de mobilidade uma análise mais detalhada do panorama e as formas de aprimorar a cidade para as pessoas" e que estão "trabalhando justamente nas políticas de mobilidade com foco nas pessoas com diversos programas integrados".
Por fim, a nota enviada pela assessoria de imprensa ainda aponta que o "estudo, o Calçadas do Brasil, aponta que a Capital está no terceiro lugar geral" e que "destaca que Florianópolis obteve a melhor nota entre as 27 capitais no item segurança e poluição atmosférica.
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MELHORES AVALIAÇÕES
Praça XV de Novembro

Avenida Paulo Fontes

Avenida Madre Benvenuta

PIORES AVALIAÇÕES
Avenida das Rendeiras

Avenida Governador Ivo Silveira
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Entorno do Tilag

DADOS
Média por critérios
Inclinação transversal do piso = 9,05
Poluição atmosférica = 8,15
Barreiras e obstáculos = 8
Segurança = 7,90
Largura total e da faixa livre = 7,85
Faixas de pedestres = 7,20
Regularidade do piso = 6,95
Ruído urbano = 6,65
Rampas de acessibilidade = 5,50
Semáforos de pedestres = 4,55
Arborização e paisagismo = 4,55
Existência de mobiliário urbano e praças = 4,30
Mapas e placas de orientação = 0,65
* Colaborou Stefani Ceolla