Embora o número de mortes por meningite em Santa Catarina neste ano seja menor do que em 2018, com dez casos confirmados até terça-feira (22), a letalidade da doença chama atenção — proporcionalmente, mais pessoas contaminadas acabaram morrendo.

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De acordo com os dados da Diretoria de Vigilância Epidemiológica do Estado (Dive/SC), no ano passado foram registrados 89 casos e 16 mortes confirmadas, o que representa uma taxa de letalidade de 18%. Já neste ano, o percentual é de 23% com 42 ocorrências e 10 mortes.

A infectologista pediatra Sônia Faria explica que a meningite bacteriana pode ser causada por três tipos de bactérias: o Haemophilus influenza tipo b (Hib), o pneumococo e o meningococo. Todas elas podem ser prevenidas por meio de vacinação. A médica ressalta ainda que todas as mortes registradas no Estado estão ligadas ao Neisseria meningitidis, mais conhecida como meningococo.

Existem vários tipos desta bactéria, sendo os mais frequentes A, B, C, W e Y. Entretanto o sorogrupo A só circula na África. No Brasil, o mais comum é o tipo C. Por isso, desde 2010 o Calendário Nacional de Imunização do SUS ofertas doses da vacina que devem ser aplicadas aos três meses, cinco meses e um ano.

— Santa Catarina têm uma particularidade. É o único estado país com predomínio acentuado do sorogrupo W nos últimos três anos. Ainda não se tem uma explicação precisa do motivo. Uma hipótese de contágio que tem sido considerada é a forte circulação de turistas argentinos em território catarinense, já que no país vizinho este é sorogrupo predominante — explica a médica.

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Os dados do último relatório mensal da Dive/SC sobre a doença apontam que os dois sorogrupos predominantes no Estado são o C e W, sendo cada um deles responsáveis por 30,8% dos casos. Logo atrás temos o sorogrupo B responsável por 17,9% das ocorrências. Destes três, apenas o sorotipo C possui vacinação prevista pelo SUS.

Casos confirmados de doença meningocócica segundo sorogrupos

Número de casos de meningite em SC classificadas por subtipo de bactéria
Número de casos de meningite em SC classificadas por subtipo de bactéria (Foto: Dive/SC / Divulgação)

A médica explica que o tipo W tem se apresentado com maior gravidade, porém ressalta que o que precisa ser entendido sobre a doença meningocócica é que ela pode ocorrer em dois quadros: meningite com dor de cabeça, vômitos e febre ou meningococcemia, forma mais grave que dá manchas arroxeadas no corpo e que pode matar em menos de um dia.

— A mortalidade da doença está muitas vezes associada à demora no diagnóstico. Ela começa com sintomas que podem ser confundidos com outras doenças simples, com vômitos e febre, porém se a pessoa apresentar na pele manchas avermelhadas a recomendação é buscar imediatamente atendimento médico — recomenda Sônia.

A meningite é uma infecção das membranas que recobrem o cérebro (as meninges), que afeta toda a região e dificulta o transporte de oxigênio às células do corpo. A doença é transmitida por via respiratória, ou seja, tosse, espirro, beijo, beber no mesmo copo ou comer com talheres de outra pessoa. Por isso, além da imunização recomenda-se que a população evite aglomeração de pessoas e mantenha os ambientes ventilados e limpos.

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— Não há motivos para pânico, não há surto em SC para isso acontecer precisamos ter casos repetidos em um mesmo local. Até mesmo nota-se que a incidência da doença não é alta, a taxa de letalidade é que é elevada — conclui a infectologista.

Número total de mortes em 2019

1) Mulher, 18 anos, residente em Lages​

2) Bebê, 9 meses, residente em Jaraguá do Sul​

3) Menina, 12 anos, residente em Imbituba​

4) Mulher, de 70 anos, residente em São José​

5) Homem, de 22 anos, residente em Criciúma​

6) Bebê, 7 meses, residente em Água Doce

7) Homem, 17 anos, residente em Brusque

8) Bebê, 7 meses, residente em Criciúma​

9) Mulher, de 58 anos, residente em Blumenau

10) Professora, de 36 anos, residente em Passos de Torres

Fonte: Dive/SC.

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