Além do forte calor, a chegada do verão traz outro incômodo para a gerente de vendas Adair Champowski, de 31 anos: a falta de água. Natural de Canoinhas, mas moradora de Araquari há três anos, ela reclama que o abastecimento no município, que já é precário ao longo do ano, fica ainda mais comprometido nesta época por causa do aumento do consumo.

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-Fiquei a semana passada inteira sem água. Não tinha durante o dia e só voltava de madrugada. Tive que acordar à uma hora da manhã para poder lavar roupa-, critica.

O problema é crônico e já levou a Prefeitura a cogitar romper o contrato com a Casan, responsável pelo abastecimento. A empresa promete resolver o impasse. O diretor regional Valter Gallina anunciou investimentos de R$ 28 milhões para os próximos três anos.

No pacote de medidas, estão a construção de uma estação de tratamento e abastecimento (ETA), com previsão de licitação ainda no primeiro semestre de 2014, e de um reservatório no bairro Itinga, um dos que mais sofrem com a falta de abastecimento. Até lá, porém, o jeito é apelar a medidas paliativas. Por ora, a Prefeitura espera contornar o problema captando água de Balneário Barra do Sul.

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As torneiras secas denunciam um problema estrutural básico, mas não é o único enfrentado por Araquari. Se de um lado o município registra avanços econômicos importantes, evidenciados com o lançamento da pedra fundamental da fábrica da BMW nesta segunda-feira, por outro, indicadores nas áreas de educação e saúde não acompanham o mesmo ritmo.

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) está abaixo da média estadual. O saneamento básico deixa a desejar: apenas 4% da cidade têm rede de esgoto. O asfalto em regiões mais afastadas do Centro também é raro.

Parcerias com empresas

A expectativa é de que os investimentos industriais que estão sendo feitos em Araquari tragam melhorias nessas áreas. Nas negociações, o prefeito João Pedro Woitexem tem solicitado que as empresas ofereçam convênios de saúde aos funcionários. Isso ajudaria a desafogar a estrutura local. Em contrapartida, o poder público isenta os empreendimentos de taxas municipais.

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Na área da educação, a Prefeitura já subsidia o transporte de universitários de Araquari que estudam em cidades vizinhas, como Joinville. Mas também é preciso melhorar os índices de frequência escolar no ensino nos primeiros anos letivos, que estão abaixo da média do Estado.

Tudo é prioridade, diz secretário

Questionado sobre a principal demanda de Araquari hoje, o secretário de Planejamento, Josué Vieira, é direto: tudo.

O vice-prefeito Clenilton Carlos Pereira reconhece os desafios e garante que a Prefeitura está trabalhando para corrigir os erros. Para ele, os níveis de crescimento de Araquari são “de cidade grande, mas a receita ainda é de cidade pequena”. Por isso, ele defende a realização de parcerias público-privadas, que “têm mais condições de investir do que a Prefeitura”.

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Para o presidente da Associação das Micro e Pequenas Empresas (Ampe) de Araquari, Gilberto Boettcher, é preciso criar condições para que as pessoas que estão sendo contratadas para as multinacionais estabeleçam moradia no município.

-Precisamos fomentar a criação de grandes núcleos habitacionais para que as pessoas não apenas trabalhem, mas também morem aqui-, diz.

O movimento, avalia Boettcher, estimularia investimentos em serviços essenciais, já que a Prefeitura ainda tem poucos recursos para atender à demanda. Na educação, o empresário sugere atrair escolas particulares enquanto o município ainda não dispõe de vagas suficientes na rede pública.

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