A história da Harley-Davidson se confunde com a do funcionário público catarinense Dauzelei Benetton, de 60 anos. Ao entrar em seu apartamento, descobre-se um mundo particular, um mundo da Harley-Davidson. São mais de 70 jaquetas e centenas (não há como precisar, pois o próprio Benetton já perdeu as contas) de pares de botas espalhadas pelo quarto, pela sala e pela cozinha. Aliás, a cozinha dele só é identificada pela geladeira. Isso porque a mesa, a pia e o fogão deram lugar aos apetrechos relacionados à marca.
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Retratos em viagens e encontros de motos lotam as paredes do imóvel de dois quartos no Bairro Itacorubi, em Florianópolis. Como é de se imaginar, a música ambiente é o velho e bom rock’n roll. Benetton está camuflado neste ambiente, que é também o seu habitat natural. Bandana, anéis em todos os dedos, correntes, brincos, colete com 30 anos de histórias e bottons que vão desde mulheres nuas a temas religiosos compõem o figurino, utilizado inclusive para trabalhar como geólogo na Casan, quando apenas retira os “itens mais pesados”.
Além disso, a adoração pela Harley está na pele, literalmente: uma tatuagem da Harley cobre as costas do funcionário público.
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Dauzelei tem uma ligação muito forte com a marca há tempos. Basta ver as “loucuras” que ele já fez. Quando o seu filho Pietro, de 10 anos, nasceu, deu um macacão exclusivo da Harley em vez de um tip-top comum.
Nem no casamento ele deixou a vestimenta habitual de lado. Seu traje foi composto de botas e acessórios, além de entrar na festa pilotando uma das oito Harleys que já teve. Dauzelei conta que não ficou um único dia sem motocicleta nos últimos 48 anos. Nem que para isso precisasse dormir três dias na concessionária, como aconteceu em Curitiba, em 1999, ao esperar pela chegada da motocicleta que viria dos Estados Unidos. Ao ser perguntado sobre o que significa para ele andar de motocicleta, a resposta é rápida:
– Quando você está de moto, você não curte a paisagem, você faz parte dela. No meu exame de sangue, eles constatariam que em minhas veias corre 40% de gasolina, 40% de óleo e 20% de sangue – brinca.
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Toda essa dedicação teve um reconhecimento há pouco tempo. Benetton foi o anfitrião de Willie G. Davidson , o neto de um dos fundadores da Harley-Davidson, na comemoração do aniversário da marca em Punta Del Este. A admiração do herdeiro pelo motociclista foi evidente e ao receber de presente um anel de Benetton, Willie G. enviou depois uma carta de agradecimento, inclusive com tradução para o português, dizendo que nunca tinha recebido um presente tão especial de “uma lenda viva da Harley-Davidson”.
A partir de hoje, fãs de todas as partes do mundo estarão em Milwaukee, nos Estados Unidos, cidade onde tudo começou, para comemorar os 110 anos de fundação. Mesmo distante, Dauzelei estará atento a tudo que passa, afinal, ele é um filho legítimo da cultura Harley. O evento segue até o dia 1º de setembro e deve reunir milhares de pessoas na cidade americana.