A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) emitiu, na segunda-feira (28), uma série de recomendações para crianças, adolescentes e pais que irão se vacinar contra a febre amarela. O documento foi produzido em um momento delicado, no qual a doença se intensifica por regiões como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia.

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— Trazemos as informações porque há muitas dúvidas em relação às doses, às regiões geográficas com recomendação de aplicá-las, os intervalos e o uso de doses fracionadas. Como qualquer vacina, pode haver efeitos adversos, mas o risco é muito pequeno e bem menor do que se uma pessoa realmente tiver febre amarela — destaca a pediatra Heloisa Giamberardino, do Departamento Científico de Imunizações da SBP.

A Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul (SES) investiga dois casos suspeitos no Estado, em Dois Irmãos e Portão. De forma preventiva, o RS é, desde 11 de janeiro, área recomendada para imunização — é possível proteger-se em qualquer Unidade Básica de Saúde (UBS). O governo estadual, no entanto, salienta que não há circulação confirmada do vírus em humanos nem em macacos. Mas recomenda que pessoas de nove meses a 59 anos façam a imunização. Quem tem mais de 60 só deve se proteger se morar ou se deslocar a uma zona afetada pela febre amarela — neste caso, é preciso aguardar 10 dias antes de viajar, para o corpo ter tempo de criar os anticorpos. Veja, a seguir, os destaques das recomendações da SBP.

Vacina cruzada

A entidade recomenda que, para evitar a interferência de uma vacina em outra, a dose contra febre amarela não deve ser tomada junto com a tríplice viral (contra sarampo, rubéola e caxumba) ou tetra viral (sarampo, rubéola, caxumba e varicela) em crianças com menos de dois anos. O ideal é proteger-se contra a febre amarela e aguardar 30 dias para aplicar a tríplice ou a tetra virais.

Contraindicações

— Crianças com menos de seis meses de vida

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— Pacientes com imunodeficiência primária ou adquirida

— Indivíduos com imunossupressão secundária à doença ou terapias

— Imunossuprimidos (pessoas que fazem uso de quimioterapia, radioterapia, corticoides em doses elevadas)

— Pacientes em uso de medicações anti-metabólicas ou medicamentos modificadores do curso da doença (Infliximabe, Etanercepte, Golimumabe, Certolizumabe, Abatacept, Belimumabe, Ustequinumabe, Canaquinumabe, Tocilizumabe, Ritoximabe)

— Transplantados e pacientes com doença oncológica em quimioterapia

— Indivíduos que apresentaram reação de hipersensibilidade grave ou doença neurológica após dose prévia da vacina

— Indivíduos com reação alérgica grave ao ovo

— Pacientes com história pregressa de doença do timo (miastenia gravis, timoma)

Maternidade

Lactantes que amamentam bebês com menos de seis meses devem suspender a amamentação por 10 dias após tomar a dose. E quem pretende ter um filho deve aguardar 30 dias antes de engravidar.

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Dose fracionada?

Com o aumento da demanda por imunização no Brasil, a estratégia atual do Ministério da Saúde (MS) é fracionar as doses (isto é, dividir as aplicações) em Estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. Não é o caso do Rio Grande do Sul, onde é aplicada a dose única. A SBP salienta que há estudos sustentando que a dose fracionada protege a população tanto quanto a única, apenas por menor tempo. A entidade destaca que a estratégia não é recomendada para crianças com menos de dois anos, por falta de pesquisas, e que a aplicação não garante o Certificado Internacional de Vacinação e Profilaxia (CIVP), necessário para viajar ao Exterior — para isso, é preciso tomar a dose única.

Quando adiar a vacina?

A dose deve ser postergada em até três meses após tratamento com imunossupressores ou corticoides em dose elevada, em até seis meses após terapia com anticorpos anticélulas B, e após a espera de febre grave, que pode estar ligada à própria febre amarela.

Doação de sangue

O vírus atenuado da vacina da febre amarela pode ser transmitido por transfusão de sangue, então a SBP recomenda que os vacinados não doem sangue por quatro semanas.