O que um bom boteco tem? Cerveja barata e gelada? Amendoim japonês? Uma trilha sonora com cara de fim de semana? É com este clima descontraído que o Festival de Botecos chega à terceira edição com 15 bares e 14 cervejarias artesanais da região na próxima semana. Em uma versão mais gourmet, o evento resgata o ambiente boêmio daquele bar tradicional onde o tempo não tem hora pra passar. Longe da badalação do setor 2 da Vila Germânica, os botecos tradicionais da cidade cultivam a freguesia pela bebida gelada e pelo bom papo durante o ano todo.
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Sobre o balcão de fórmica desgastado, os clientes trocam crônicas sobre as lutas cotidianas. Entre um gole e outro de cerveja, os olhos fitam a televisão que só transmite futebol. É assim a rotina diária dos botecos espalhados pelos quatro cantos de Blumenau. No Centro ou no bairro, a comida sempre fica na estufa e varia, de sobrecoxa frita a rollmops, passando por ovo cozido e cachorro-quente com chucrute. Para beber, uma cerveja bem gelada, cachaça artesanal, um café passado e um aperitivo para abrir o apetite.
Não é à toa que Bráz da Rosa, 62 anos, está há 33 no ramo. No endereço na Rua Almirante Barroso já havia uma mercearia, quando a cidade ainda não tinha espaço para supermercados. Hoje o que resta no local são algumas mesas de plástico, uma televisão, fotos dos jogadores do Vasco de 1960 e um quadro de madeira com a frase “Nois bebe para ficar ruim se fosse para ficar bom tomaria remédio”. Para comer, o Bar do Bráz é minimalista: amendoim e ovo cozido curtido na conserva.
– Tenho a minha clientela fixa e fiz muita amizade aqui no bar. Tendo cerveja gelada e pinga boa, nunca falta cliente – garante Bráz.
Do outro lado da cidade uma portinha na Rua Amazonas esconde um boteco com mais de 50 anos. Sem placa, o proprietário do local há oito anos, Vilmar Tege, logo explica:
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– Aqui é o Bar e Lanchonete do Tege, lugar de aposentados ou gente com acima de 50 anos. Mulher não entra que é para não dar fofoca.
Para Tege, o boteco de verdade é aquele que tem um aperitivo para oferecer, uma fritura para enganar a fome e uma bala de menta para tirar o bafo. Sem esquecer do fiado. O segredo é que apesar do aviso “Não vendemos fiado” os clientes fixos têm um nome na caderneta e acertam sempre quando o calendário chega no dia 5.
Já para Jonathan da Silva, 27, proprietário com o pai do Bar e Restaurante da Adriana, na Curt Hering, no Centro, o que atrai mesmo a cliente é a cerveja gelada de 600 ml, a cachaça de barril e o salgado de estufa. Mas é o menor preço que para o dono do VP Bar e Lanchonete, na Rua Sete de Setembro torna um bar em um bom boteco:
– Tem que ter um balcão, bebida e mais nada. Mas é o menor preço que fideliza o público. Cerca de 70% da clientela vem toda a semana e gasta todo dia um pouquinho. São ele que mantêm o bar.
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