Com uma produção riquíssima e um elenco primoroso, Liberdade, Liberdade chega na metade do caminho com a promessa de algumas viradas na história de Mario Teixeira, dirigida por Vinícius Coimbra e protagonizada por Andreia Horta, no papel de Joaquina, filha do inconfidente mineiro Tiradentes (Thiago Lacerda).

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A trama enfrentou percalços antes mesmo da largada: passou por três supervisoras diferentes, teve a sua autora inicial substituída por Mario, e as gravações começaram faltando dois meses para a estreia. Mas as dificuldades, admite Vinícius, ressaltaram uma virtude da equipe, fundamental para a virada do jogo e o sucesso ao qual a trama chega hoje:

— Todos se uniram e falaram “Vamos acreditar na novela, remar juntos nesse barco”.

Produto elogiado

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Amparada no triângulo amoroso formado por Joaquina, Rubião (Mateus Solano) e Xavier (Bruno Ferrarri), a trama remete a um passado menos distante do que cruel da história do Brasil, no ano de 1808, ápice da escravatura. E celebra o seu êxito, principalmente, nas redes sociais.

— Nunca tive um produto tão elogiado. As pessoas falam o tempo todo no Twitter que é muito curta. Ficam com vontade de assistir mais — comemora o diretor.

Retratos da Fama viajou ao Rio de Janeiro e visitou os estúdios da TV Globo, onde fica a cidade cenográfica de Vila Rica, com 10 mil metros quadrados, cenário da história. Confira o que vem por aí, as viradas de Liberdade, Liberdade e o que pensam diretor e a protagonista deste sucesso.

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Para os fortes

Ousada, Liberdade, Liberdade não economiza em sexo nem brutalidade. Logo na estreia, a tortura de Rubião deu o que falar pela nudez de Mateus Solano e pelo sangue que saltou aos olhos. A direção também não teme a comparação aos dias atuais com a abordagem de temas tão atemporais como a violência contra a mulher, retratada com Dionísia (Maitê Proença), vítima do marido, Terenciano (Jackson Antunes).

— Infelizmente, é uma realidade que ainda existe. Não pensamos nessa associação. Mas, se as pessoas a fazem, é natural — analisa Vinícius, que tem a função de dosar o que vai ao ar:

— A realidade era muito pior do que a gente mostra. Tenho que fazer uma escolha. Até que ponto acho que o público vai gostar ou sentir repulsa?

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Emoção real

Quem também padece é Bertoleza (Sheron Menezzes), escrava alforriada que foi sequestrada e torturada.

— Uma cena bem forte foi ela sendo marcada a ferro. Toda vez que um ator negro faz uma sequência desse tipo, mexe com ele em outro lugar, além do talento de ator. Mexe com a emoção real, com uma memória ancestral dessas pessoas que tiveram tataravós negros, escravos. Está dentro da alma deles esse sofrimento — diz o diretor.

Pode pintar a primeira cena de sexo gay

Um dos pontos altos da novela, o envolvimento entre Tolentino (Ricardo Pereira) e André (Caio Blat) pode ser um marco histórico na TV Globo. Se depender do diretor Vinícius Coimbra, deve pintar a primeira cena de sexo gay na história da emissora:

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— Se houver chance, vai rolar, sim! Ainda não veio escrito, mas eu gostaria de tratar de uma maneira bastante visceral. A gente tem um cuidado com estas cenas de homossexualismo e trata levando para um lado muito mais do afeto, não da atração sexual. Por ser uma novela das 23h, a relação desses dois passa por uma coisa carnal, e eu achava importante colocar isso no ar. Junto com o afeto, tem um tesão físico mesmo que eu gostaria de mostrar.

A torcida do público pode ser um diferencial nessa decisão.

— O telespectador já está curtindo André e Tolentino, já há uma expectativa — adianta o diretor.

Uma tarde no século 19

Na terça-feira, Retratos da Fama esteve nos estúdios da TV Globo, no Rio de Janeiro, onde estava sendo gravada a novela das 23h. Pelos corredores, um desfile de personagens saídos direto do século 19 com vestidos pomposos, perucas imponentes e um figurino impecável em cada detalhe.

Unhas feitas? Nem pensar! As de Nathalia Dill e Andreia Horta, por exemplo, eram assimétricas e sequer tinham uma base. Os cabelos de Bruno Ferrari exibiam aquele aspecto seboso, tão comum aos homens do Brasil imperial. Antes do início dos trabalhos, fora do estúdio, Nathalia e Bruno repassavam o texto juntos. Juliana Carneiro, a Alexandra, tia de Branca na história, andava com o papéis pra lá e pra cá, falando sozinha, como quem tenta memorizar as falas que diria em seguida.

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E em meio a estas e outras estrelas consagradas como Mateus Solano, Zezé Polessa (Ascenção), Lilia Cabral (Virgínia) e Genézio de Barros (o Diogo, pai de Branca), figurantes de escravos circulavam pelo complexo.

Engrenagem perfeita

Dez cenas foram gravadas em duas horas de trabalho. A cada dia de gravações, que acontecem não só no estúdio mas também em ambientes externos, cerca de 30 profissionais são recrutados, fora o elenco – entre eles, câmeras, equipe de iluminação, cenografia, figurino, caracterização, produção e direção.

Quando é necessário trocar de roupa, os atores se revezam em cenas das quais não participam. Nessa hora, vão até o camarim e trocam o que for preciso ou, então, aproveitam brechas como mudanças de cenário ou de iluminação para fazer isso. Mas pequenos retoques são feitos no set mesmo. Uma engrenagem perfeita.

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Começa a grande virada

O retorno de Terenciano (previsto para terça, dia 7)

Dionísia vai ao Rio de Janeiro para acompanhar Raposo (Dalton Vigh) e decide ir à praia com Saviano (David Junior), pois desconfia de que está sendo seguida. Enquanto dá um mergulho, Terenciano aparece sem ser visto.

Sorrateiramente, entra na água e tenta afogar Dionísia. Saviano, que havia ido buscar algo para a sua patroa, encontra-a desacordada. Ela não vê o ex-marido, mas tem certeza de que o vilão voltou.

— Ele ficará um bom tempo aterrorizando-a, como vulto, como um fantasma, até que aparecerá de vez. Dionísia vai ter uma reação a aparição dele, e Terenciano vai torturá-la. Vão acontecer cenas ainda mais fortes do que as que já foram mostradas — adianta o diretor.

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Primeira transa da mocinha (previsto para sexta, dia 10)

Joaquina termina o seu noivado com Rubião e precisa respirar. Ela vai até o riacho, onde encontra Xavier, e repara na marca da flor-de-lis, símbolo dos condenados, no ombro dele.

— Você então, cumpriu pena, foi torturado… Por amor à liberdade? — pergunta ela.

— Tenho um passado. E também um futuro. De liberdade, espero. E de amor. Junto com você — responde ele.

E os dois se entregam ao sentimento. Para Andreia, a virgindade de Joaquina é um detalhe que reforça a personalidade da heroína:

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— Ela é muito linda porque é uma personagem atemporal. Não tá presa nas amarras do tempo. Ela nem comenta, não tem nenhuma frase relacionada a “perder” a virgindade. Ela não perdeu nada, fica com o que ganhou. Apenas se limita a dizer: “Descobri o que é o amor verdadeiro”.

Término de noivado (previsto para quinta, dia 9)

Depois de ouvir diversos alertas de Xavier e de André, Joaquina decide romper de vez com o noivo.

– Rubião, entenda, nós não temos nada em comum… Você e eu somos diferentes em tudo! O nosso casamento vai ser um erro! – afirma Joaquina para ele.

O todo-poderoso fica perplexo com a notícia. Furioso, diz que ninguém larga o Intendente assim.

– Acredito que a relação do Rubião com a Joaquina é de caça. Ele a vê como uma presa, que é muito especial. É uma mulher que pensa diferente dele, que é diferente de todas as mulheres daquele tempo. Para ele, ter a posse disso é um troféu – analisa Mateus Solano.

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Gravidez como trunfo (previsto para sexta, dia 10)

Branca começa a ter vontades estranhas de comida, calores, enjoos e muito desconforto. Isso desperta a desconfiança de Alexandra, que questiona a sobrinha e avisa Luiza (Chris Couto): Branca está grávida.

Justo agora que Xavier havia declarado seu amor para a filha de Raposo (Dalton Vigh) e os dois haviam prometido terminar seus relacionamentos para assumirem sua paixão.

— A gravidez veio a calhar no momento em que ela sente que o Xavier está distante. Uma coisa que seria ruim, porque ela ficou desonrada, acaba sendo a favor. A gravidez é a maior chave para segurar o Xavier — diz Nathalia, que faz a vilã na trama.

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Apesar do choque com a notícia, Joaquina reage com serenidade, o que, para sua intérprete, reforça a personalidade altruísta da heroína:

— Quando ela fica sabendo, é claro que toma um baque. Não gravei ainda a cena, só li, mas ela fala mais ou menos assim pra ele: “Bom, é isso, você engravidou uma mulher. Sua responsabilidade, agora, é assumir esse filho, e não me cabe nessa história”. Ele se explica e diz pra ela: “Quando transei com a Branca, eu não sabia que te amava”. Aliás, é a única coisa que salva Xavier (risos)… Ele não sabia mesmo, não tinha realizado isso na cabeça dele (risos).