Os bebês parecem ser inocentes, frágeis, fofinhos, descoordenados e até um pouco bobinhos. Pois essa última percepção está sendo desafiada pela ciência. As crianças de zero a quatro anos não só pensam, como talvez pensem até mais do que você. Já era sabido que, nessa época da vida, muitas partes do cérebro são desenvolvidas, como a motora e a linguística. Mas o boom do desenvolvimento logo no início pode surpreender.

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– O primeiro ano de vida é incomparável a qualquer outro. A criança vai passar de um ser frágil para alguém que já tem independência, pois a maioria já caminha e ensaia as primeiras palavras – diz o neuropediatra do Hospital Moinhos de Vento Sócrates Salvador.

Além do físico, o desenvolvimento intelectual parece correr na mesma intensidade. A capacidade de aprendizado na primeira infância pode ser a maior experimentada na vida em alguns aspectos. A pesquisadora e professora de psicologia da Universidade da Califórnia (EUA) Alison Gopnik levantou essa hipótese em um experimento. Ela deu um mesmo jogo de lógica para adultos e crianças de quatro anos, que estão aprendendo a contar. O resultado foi que os mais novos eram melhores em descobrir a resposta do que os mais velhos.

Segundo ela, os bebês estariam, inconscientemente, fazendo estatísticas complicadíssimas o tempo inteiro para tentar decifrar o mundo ao seu redor. Por isso, conseguem chegar mais rapidamente às soluções. Claro, não conseguem expressar verbalmente ou de um modo entendível para os adultos seus cálculos ou explicações sobre o que descobrem. Seria algo intuitivo e natural, justamente para tentar se adaptar. Como eles são novos no mundo, estão interessados por tudo e todos ao mesmo tempo.

– Costumamos dizer que bebês não têm atenção. E é justamente o contrário: eles estão atentos a tudo – explica Alison.

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Brinca comigo

Rafaela (na foto acima) tem um ano e meio e já passou pela fase do xilofone (brinquedo musical), do móbile com seus penduricalhos hipnotizantes, da vaquinha que apertava e saía um barulho de papel amassado e dos outros bichinhos bons para morder. Agora, moça grande como é, prefere os blocos. Monta uma barreira. Um castelo. E derruba tudo. E monta de novo. No meio da bagunça da sala, os pais se divertem com a filhota – pelo menos meia hora por dia.

– Quando ela se cansa de um brinquedo, escondemos no canto do quarto. Depois de um tempo, puxamos de novo, e ela brinca como se fosse novo – diz a mãe, Márcia Andréa de Oliveira Schneider, 37 anos.

A fase de Rafaela é considerada normal para o neuropediatra do Hospital Moinhos de Vento Sócrates Salvador. Segundo ele, nessa faixa etária, as crianças devem ser incentivadas a mexer com brinquedos que deem uma noção de tamanho, para começar a criar um senso de espaço.

Dicas para desenvolver

Para saber se seu filho está com o desenvolvimento adequado para a idade e descobrir como incentivá-lo para que atinja todo o seu potencial, pedimos ao neuropediatra do Hospital Moinhos de Vento Sócrates Salvador que citasse atividades estimulantes para a criança. Confira:

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ATÉ TRÊS MESES

:: O que esperar – Sustenta sozinho a cabeça, não precisa mais de apoio. Começa a ter “sorriso social”. Isso significa que ele nem sempre sorri por achar engraçado, mas como forma de socializar e ser simpático com o outro. Vira a cabeça ao encontrar objetos interessantes. Responde a estímulos visuais, principalmente luminosos.

:: Como estimular – Quando estiver no colo, não vire a criança para si. Deixe que ela olhe para o mundo ao redor, estimule sua curiosidade. Móbiles no berço despertam o interesse pela visão.

TRÊS A SEIS MESES

:: O que esperar – Consegue ficar sentado sozinho, não precisa do apoio das costas. Tende a colocar tudo na boca, pois a sensibilidade maior está na língua. Período de grande elasticidade, pode conseguir colocar o pé na boca.

:: Como estimular – Brinquedos de borracha que possam ser colocados na boca, com texturas diferentes.

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SEIS A NOVE MESES

:: O que esperar – Começa a engatinhar. Fica repetindo sílabas na intenção de testar a voz e se comunicar. Capacidade de, deitado, sentar-se sozinho.

:: Como estimular – Insistir nas palavras e não falar errado, pois a criança copia a linguagem. Não use andador, pois o sistema não ajuda a fortalecer o quadril, parte do corpo importante na hora de caminhar. Dê alimentos de gostos diferentes, pois o paladar está sendo aprimorado. E ouvir muita música.

NOVE A 12 MESES

:: O que esperar – Fica de pé sem apoio, dá os primeiros passos. Fala palavras com sentido (ex: de pipi para xixi, papa para papai, mama para mamãe etc.). Com melhor coordenação nas mãos, consegue juntar polegar com indicador e pegar objetos com mão em forma de pinça.

:: Como estimular – Quando o bebê apontar para um objeto, fale o nome e faça a brincadeira: – O que você quer? Castelinho? Carro? – mostrando cada um.

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12 A 18 MESES

:: O que esperar – Corridas pela casa. Fala em torno de 10 palavras, forma pequenas frases como “me dá!” ou “Mamãe, me dá água!”. Sobe escadas se apoiando no corrimão e com o pé dominante sempre na frente. Aprende a comer com colher e começa a ter controle urinário.

:: Como estimular – Brinquedos de encaixe como os de madeira, cubos e brinquedos para empilhar, pois começam a dar noção de espaço.

18 MESES A DOIS ANOS

:: O que esperar – Melhor coordenação motora, consegue chutar bola e fazer desenhos em círculos. Fala de 50 a 60 palavras e frases mais elaboradas.

:: Como estimular – Incentivar que brinque com outras crianças. Contar histórias. Continuar com brinquedos como cubos e blocos que ensinam sobre altura, gravidade, peso e dimensões físicas dos objetos e do mundo.

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DOIS A TRÊS ANOS

:: O que esperar – Sobe e desce escadas sem apoio. Pega objeto sem jogar no chão. Anda em linha reta. Melhora aptidão da mão, faz desenho com retas.

:: Como estimular – Brinquedos como quebra-cabeças graúdos (peças grandes), bicicleta, motocas e brinquedos que estimulem a mobilidade e o equilíbrio.