A adoção é um encontro entre pais que querem ter filhos e filhos que precisam de pais. A definição está na cartilha Conversando Sobre Adoção, publicada pelo Núcleo de Estudos Interdisciplinares em Saúde e Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), e parece perfeita para introduzir o assunto.
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Por que eu quero?
Mas o que um casal ou a pessoa que decidem adotar uma criança precisam saber antes de tomar uma decisão tão importante em suas vidas? Depois de uma conversa com a juíza Lilian Paula Franzmann, que cuida das adoções em Santa Maria, chego à conclusão de que a primeira coisa, e talvez a mais importante de todas, é descobrir a motivação da adoção: por que estamos querendo adotar?
Os motivos podem ser muitos, e todos devem ser alvo de muita reflexão. Mas a motivação principal deve ser a mesma que um casal tem quando decide encomendar a cegonha: a vontade de ter um filho.
– É preciso que os pais que queiram adotar tenham o mesmo desejo que aqueles pais que decidem gerar um filho. A motivação tem de ser: eu quero ser mãe, eu quero ser pai. Jamais pode ser praticar a caridade, fazer o bem para uma criança, por mais louvável que seja essa intenção – afirma a juíza.
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Quando o motivo é a infertilidade de um ou ambos os pais, torna-se necessário que eles primeiro elaborem o luto de não poderem ter filhos de sangue. Só depois é que poderão se realizar na paternidade e maternidade enquanto pais adotivos.
A importância de ser dentro da lei
Ainda hoje, ocorrem muitas adoções irregulares, ou seja, sem contar com o intermédio dos juizados. A maior vantagem dos que adotam conforme a lei é a impossibilidade de a família biológica ter o filho de volta.
– Mãe e pai biológico jamais terão acesso aos pais adotivos quando a adoção é feita conforme a lei – garante Lilian.
O perfil desejado
Na hora de preencher um formulário, os pais informam o perfil da criança/adolescente desejada: faixa etária, sexo, raça/cor e se aceita ou não crianças com doença tratável, doença não tratável, deficiência física, deficiência mental ou vírus HIV.
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O perfil desejado hoje, em Santa Maria, por exemplo, é um bebê recém-nascido e saudável, o que em grande parte explica a demora no tempo de espera para a adoção. Não se consegue pais para irmãos, e se um tiver idade mais avançada, mais difícil ainda. Dos candidatos a pais adotivos em Santa Maria, nenhum aceita bebê com HIV.
– A maioria dos pais desconhece que, fazendo o tratamento adequado, a grande maioria desses bebês negativa para o HIV antes de chegar aos dois anos – afirma a juíza.