Mais de 8 mil crianças com menos de 5 anos apresentam o quadro de desnutrição aguda na Faixa de Gaza, sendo que 1,6 mil estão em estado grave. Os dados foram divulgados pelo diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, na semana passada. As informações são do g1.
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Segundo Adhanom, boa parte da população de Gaza sofre com “fome extrema e catastrófica”, além de condições análogas à fome.
— A nossa incapacidade de prestar serviços de saúde com segurança, combinada com a falta de água potável e saneamento, aumenta significativamente o risco de crianças subnutridas — pontua.
O que é a desnutrição aguda?
Segundo o Ministério da Saúde, a desnutrição aguda acontece quando o indivíduo está com o peso abaixo da média prevista para a idade. Ela é diferente da desnutrição crônica, que é quando a pessoa está abaixo da média estabelecida para a altura.
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O médico pediatra Roberto Tobaldini, que atua em Florianópolis, destaca que a desnutrição aguda pode ser subdivida em grave, moderada e leve. Nos casos graves, representados por 1,6 mil crianças em Gaza, o peso está inferior a cerca de 30% do peso normal, segundo o médico.
— Nestes casos em que o peso está muito abaixo do normal, ou seja, uma criança que deve pesar 10 quilos pesa menos de sete, as funções corporais vão se alterando, e não só a questão imunológica, mas todo o metabolismo — afirma.
Nessas situações, o risco de morte é elevado e a reversão é difícil, segundo o pediatra.
Causas e sintomas
Para a pediatra Juliana Bianchini Garcia, também de Florianópolis, as principais causas para o desenvolvimento da desnutrição aguda são a crise econômica e o baixo nível socioeconômico, além da falta de acesso ao saneamento básico e à saúde.
O médico Tobaldini destaca que a desnutrição pode ser causada pela falta de alimentação adequada, mas também devido a outros problemas de saúde, que impedem a criança de absorver os nutrientes de maneira correta.
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— Doenças que impedem a absorção de nutrientes são geralmente as doenças do trato gastrointestinal, que acarretam a desnutrição, seja ela de forma aguda ou crônica — explica.
Além das doenças que dificultam a absorção de certos nutrientes, há outro fenômeno que acontece em épocas de fome ou em países mais pobres, segundo Tobaldini.
— Às vezes, não há nenhuma doença no trato gastrointestinal, mas se a pessoa fica em jejum prolongado, a condição pode se desenvolver — pontua.
Juliana lista alguns dos principais sintomas da desnutrição aguda:
- Comprometimento do ganho de peso e crescimento;
- Baixo desenvolvimento neuropsicomotor;
- Aumento da susceptibilidade e gravidade às infecções.
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Como combater
— O tratamento é diferente dependendo da fase clínica da desnutrição. No caso da aguda, a incidência de hospitalização e gravidade das infecções aumenta — explica a médica Juliana Bianchini.
De acordo com ela, o planejamento do tratamento é orientado em 10 passos, segundo protocolo publicado pela Organização Mundial de Saúde:
- Tratar e prevenir hipoglicemia;
- Tratar e prevenir a hipotermia;
- Tratar e prevenir a desidratação e choque;
- Corrigir os distúrbios hidroeletrolíticos;
- Tratar infecções;
- Corrigir a carência de micronutrientes;
- Iniciar a terapia nutricional com cautela;
- Instituir terapia visando recuperação nutricional;
- Implantação de estratégias de estímulo emocional e sensorial;
- Preparação para alta hospitalar.
Após a alta hospitalar, o objetivo é manter a recuperação nutricional, a reabilitação neuropsicomotora e evitar novas hospitalizações, segundo a médica.
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Para Tobaldini, o combate à desnutrição aguda exige uma abordagem “multisetorial e multiprofissional”. Ele cita a Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional (EMNT) como exemplo, que alguns hospitais possuem. Esta equipe é responsável pelo gerenciamento das terapias nutricionais, que são um conjunto de rotinas integradas onde cada profissional exerce uma atividade, a fim de proporcionar a nutrição adequada para o paciente.
Nesta equipe, estão inseridos não só os médicos, mas também os nutricionistas, o terapeuta ocupacional e o psicólogo.
— Além disso, não adianta só atuar na administração de alimentos, tem que atuar do ponto de vista de saneamento básico: educação, higiene, entre outros — afirma.
*Sob supervisão de Andréa da Luz
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