Mais de 200 mil garrafas de vinho foram apreendidas entre 1º de janeiro a 30 de setembro de 2021 em Santa Catarina. Só nas estradas, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) apreendeu 32 mil litros da bebida. Conforme a Receita Federal, o vinho apreendido vira álcool em gel.

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Na sexta-feira (1º), mais 744 frascos foram incluídos à conta, com uma apreensão em Mafra, no Norte catarinense. Eles estavam escondidos da caçamba de duas picapes. O motorista de uma delas, uma Saveiro com placas do Paraná, jogou o carro sobre um policial para escapar. Os suspeitos fugiram para dentro da mata.

Segundo o Chefe do Núcleo de Comunicação Social da PRF em Santa Catarina, Adriano Fiamoncini, a corporação realizou 70 apreensões desde janeiro. 

— As apreensões normalmente acontecem lá na região Oeste porque é de lá que entra o vinho argentino. Então a maioria é pego lá em Chapecó, Xanxerê, alguma coisa em Mafra, Joaçaba, geralmente nesta região. E quando é apreendido, flagrado, (a carga) é levada para a Receita Federal mais próxima — explica Fiamoncini.

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Vinho apreendido em estradas de SC
Vinho apreendido em estradas de SC (Foto: PRF/Divulgação)

Como funciona o esquema 

O delegado da Receita Federal Mark Tollemache, que atua na área de Dionísio Cerqueira, no Oeste catarinense, na fronteira com a Argentina, conta que o esquema dos criminosos envolve a compra de propriedades rurais na área, tanto no Brasil como no país vizinho. 

— Fazem a introdução irregular [de vinho] em caminhão com porcos, bois, escondendo os vinhos em chiqueiros, em cochos de bois, fingindo ser agricultores, mas só vivem do contrabando — explica o delegado. 

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Quando vão distribuir o vinho ilegal para venda, fazem isso em carros do tipo SUV, caminhões e carretas. Conforme o delegado, cidades como Chapecó, no Oeste catarinense, e Francisco Beltrão, no Paraná, possuem vários depósitos clandestinos.

O vinho ilegal vai para cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Balneário Camboriú, no Litoral Norte catarinense, e Florianópolis. 

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— São vinhos de alto valor agregado. Chegam até a restaurantes de luxo. Vinhos falsificados, conservados em chiqueiros em estruturas rurais clandestinas — diz. 

A maior parte da venda ao consumidor é feita via internet. Os criminosos criam empresas de fachada e comercializam o produto ilegal em sites. 

— A pessoa que compra está pagando, na média, R$ 150 a R$ 2 mil a garrafa. É um consumidor de bem que compra vinho mal conservado e falsificado — relata o delegado.

Operação em Balneário Camboriú contra contrabando de vinho no início do ano
Operação em Balneário Camboriú contra contrabando de vinho no início do ano (Foto: Receita Federal/Divulgação)

Vinho vira álcool em gel 

O delegado explica que o vinho ilegal não pode ser leiloado porque muitos são falsificados. 

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— O vinho é irregular não só na questão tributária, mas também na qualidade. A gente pega o mesmo vinho com três rótulos diferentes. Além do consumidor ser enganado por objeto de descaminho, também está comprando algo que pode causar prejuízo à saúde —diz Tollemache. 

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Uma iniciativa que está sendo útil na pandemia é a transformação do vinho em álcool em gel. O delegado explica que o processo de extração do álcool da bebida é feito em universidades do Paraná. Mais de 110 mil litros do novo produto foram feitos no primeiro semestre do ano a partir de vinho proveniente de descaminho.

Em relação às garrafas, elas precisam ser destruídas. “Só se tira o líquido porque pessoas coletam as garrafas, indo em lixões, para reembalar e fazer novamente a falsificação. O vidro é transformado em pó de vidro. Depois, a gente manda para a reciclagem”, relata o delegado.

*Com informações de G1/SC