Saiba mais sobre os gêneros textuais

Cada situação comunicativa da língua exige um gênero textual específico conforme a finalidade e o público alvo. Os diversos tipos de composição que circulam por aí possuem características próprias. Assim, ao lado da dissertação, da crônica e do conto, podemos identificar a carta pessoal, o email, o anúncio, o discurso político, a lei, a notícia, o artigo científi co e tantos outros. A redação de vestibular é um deles.

É bom lembrar que as modalidades textuais não se apresentam de forma pura na vida prática. Foi-se o tempo em que a dissertação era o único gênero cobrado nos vestibulares. Muitas universidades têm apresentado a possibilidade, em seus processos seletivos, de que o candidato demonstre sua capacidade linguística por meio da narração, da carta argumentativa, da crônica entre outros.

Algumas instituições, a exemplo da UFPR e da Unicamp, têm inovado ao pedir resumo, relatório, interpretação de gráficos, entre outros tipos textuais mais próximos dos que serão utilizados na vida acadêmica. Relembraremos agora os aspectos da carta argumentativa, da narração, da crônica, do conto e da notícia.

Carta argumentativa

Trata-se de gênero muito próximo à dissertação, o qual também deve apresentar introdução, desenvolvimento e conclusão.

– Cabeçalho com nome da cidade e data. Ex: Florianópolis, 30 de junho de 2010.

– Vocativo inicial, cuja escolha dependerá do leitor ao qual se destina ou da sua relação com ele. Ex.: Excelentíssimo Senhor Presidente, Querido amigo, etc.

– Interlocutor defi nido ao qual você deverá se dirigir ao longo do texto.

– Adaptação da linguagem e da argumentação à realidade do leitor (hipotético) e ao grau de intimidade estabelecido entre vocês dois.

– Expressão que introduza a assinatura do autor. Ex.: atenciosamente, de um amigo, de um cidadão, de seu amor, etc.

– Assinatura. Invente um pseudônimo para o personagem criado na sua carta, pois, caso você coloque o próprio nome, sua redação será anulada.

Fique ligado! Enquanto na dissertação você tem um interlocutor universal, na carta seu leitor é específico. Por isso os argumentos devem ser escolhidos conforme a situação e dirigidos a ele.

Narração

É o gênero textual por meio do qual se relatam fatos, verídicos ou não, os quais se desenrolam em determinado tempo e lugar, com a atuação de uma ou mais personagens. Como no vestibular o limite para o texto é pequeno, o que não pode faltar?

– O examinador tem que “ver” a cena, imaginar com detalhes o cenário em que se passa a ação, enxergar o personagem e assistir cada reação. Ao descrevê-los, procure utilizar adjetivos que deem forma, cor e tamanho aos seres ou objetos da história.

– Embora não muito extensos, os diálogos devem estar presentes.

– Ao contar a história de um personagem, deve-se procurar questioná-lo e discutir seus valores.

– Deve-se demonstrar que o texto tem uma razão para ser escrito, com uma carga emocional ou ética que afete e envolva o leitor.

– Quanto à estrutura, a introdução deve apresentar os personagens, localizando-os no tempo e espaço. O desenvolvimento da trama deve ser construído por meio das ações deles. Já a conclusão, acontece após o clímax, finalizando a história.

Atenção! A crônica, o conto e a notícia também são gêneros textuais narrativos. Contudo, possuem suas especificidades:

Conto

– Diferencia-se dos romances, não apenas pelo tamanho, mas também pela estrutura: há poucos personagens, sem análise profunda; há acontecimentos breves, sem grandes complicações de enredo; há apenas um clímax, no qual a tensão da história atinge seu auge.

Crônica

– O que lhe é bem característico é que apresenta pessoas comuns como personagens, sem aprofundamento psicológico e delineados em traços rápidos. É um texto curto, o qual aborda temática cotidiana. Organizase em torno de único núcleo e único conflito.

Notícia

– É o relato de uma série de fatos a partir do mais importante. Deve ser estruturado de forma lógica e caracterizar-se por contar um fato de forma simples e objetiva. Nele devem estar sintetizados: quem, onde e o quê. O como e o porquê podem aparecer no corpo da notícia.

Currículo da professora: Cyntia Silva é licenciada em Letras pela UnB e mestre em Educação pela UFSC. Tem 22 anos de magistério na área de língua portuguesa. Atualmente, é professora de redação da Oficina da Palavra www.ofpalavra. com.br