O Festival de Música de Santa Catarina (Femusc) é uma escola não apenas para os musicistas, mas também para o público. Quem prestigia a programação tem a oportunidade de se familiarizar com instrumentos pouco conhecidos fora do gênero erudito. Confira as histórias de músicos que se dedicam a estes objetos. Apesar dos nomes diferentes e de alguns não serem vistos com tanta facilidade pela plateia, eles são fundamentais para a harmonia de uma orquestra.
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O fagote
O músico Valter Pedro Rodrigues Nascimento, 25 anos, decidiu ser fagotista por causa do som. O fagote é o mais grave instrumento de madeira da família dos sopros.
– Eu conhecia o som e não sabia que instrumento era. Quando descobri, quis tocar fagote – comenta ele, que é integrante da Orquestra Juvenil da Bahia, estudante de licenciatura em música na Universidade Federal da Bahia e participa do festival de música pela segunda vez.
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Valter descobriu que tinha talento para a música depois de ouvir uma orquestra em Salvador, onde mora. Começou tocando saxofone, mas rendeu-se ao fagote há quatro anos e, desde então, dedica-se exclusivamente ao instrumento. Para não perder a habilidade, ele ensaia cerca de três horas todos os dias.
Uma curiosidade é que os fagotistas e os oboístas confeccionam as próprias palhetas e sempre levam junto uma pequena pasta com ferramentas específicas. Dependendo das medidas da palheta, o som fica mais aberto ou mais fechado.

Marimba e tímpano: a dupla de Clenio
A história de Clenio Henrique Souza Melo (foto acima), 29 anos, com a música começou quando ele era adolescente e participava de uma banda marcial em Goiânia, onde mora. Logo percebeu que tinha talento para a percussão: começou com o tímpano (tipo de tambor), partiu para a marimba (instrumento com teclas de madeira que produzem um som doce e melodioso ao serem percutidas com baquetas) e com o passar do tempo percebeu que queria mais. Hoje, ele faz mestrado em percussão múltipla para tocar vários instrumentos.
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– É um aprendizado constante – diz o chefe de naipe da Orquestra de Sopros e Percussão do Serrado, que está no Femusc pela primeira vez.
A marimba é da mesma família que o glockenspiel e o vibrafone, que se diferenciam pelo timbre. Clenio explica que é possível usar até seis baquetas para produzir a melodia. Segundo ele, a maioria das obras tem entre 12 e 18 músicos percussionistas.
Paixão pelo oboé
Filha de um músico, a colombiana Daniella Tejada Cortes, 19 anos, sabia desde criança que queria tocar oboé, instrumento ao qual se dedica há nove anos.
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– Minha mãe adorava a obra Lago dos Cisnes, do Tchaikovsky, que tem um solo de oboé. Meu pai tocava trompa, mas preferi o oboé. Todos os dias, aprendo um pouco mais – comenta. A jovem, que está no festival pela primeira vez, diz que gosta muito de participar dos concertos sociais por ser uma atividade diferenciada para os músicos e pela oportunidade de levar a música para pessoas que geralmente não podem ir ao teatro.
O oboé é considerado um dos instrumentos de sopro de técnica mais difícil, pois o instrumentista deve manter um sopro contínuo entre as duas extremidades da palheta dupla, colocando-as, assim, em vibração, uma contra a outra, para produzir o som das notas musicais.
– É preciso ter um grande controle da respiração para não errar – explica Daniella.

Disposição dos músicos melhora a acústica
A disposição dos músicos numa orquestra segue uma sequência padronizada: os músicos são dispostos em semicírculo, sendo que as cordas vêm na frente: harpa, violino, viola, violoncelo e contrabaixo. Em seguida vêm os sopros de madeira: flauta, flautim, clarinete, oboé, fagote, corne inglês, clarone (também conhecido como clarinete baixo), saxofone e contrafagote (é um pouco maior que o fagote e soa uma oitava abaixo).
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Os sopros de metal vêm no centro: trompete, trompa, trombone e tuba, e a percussão atrás: tímpano, caixa, prato, pandeiro, triângulo, bumbo, vibrafone, carrilhão, castanhola, entre outros, a critério do compositor. Na categoria dos teclados, o órgão é considerado um instrumento independente da orquestra; o cravo é usado apenas nas orquestras barrocas e o piano pode ser usado como instrumento solo ou parte da orquestra.
De acordo com o diretor artístico da orquestra filarmônica da Scar, Magnus Behling, essa disposição acontece por uma questão de acústica.
– As cordas ficam na frente e em quantidade maior porque o som dos instrumentos não é tão alto quanto o dos metais. Por isso é normal ficarem mais visíveis ao público – explica.
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Segundo Behling, o número de músicos numa orquestra depende do repertório a ser executado, mas essa quantidade varia, em média, de 30 a 120 instrumentistas.
Até o século 19, havia uma distinção entre Orquestra Filarmônica e Orquestra Sinfônica, a última referia-se à orquestra de profissionais e a primeira designava orquestra de amadores. Depois, essa diferenciação desapareceu e os dois termos são usados para designar orquestras de músicos profissionais. A diferença é que as Orquestras Filarmônicas são financiadas por empresas ou grupos de pessoas, sem fins lucrativos, e as Orquestras Sinfônicas são financiadas pelo Estado.
Ouça os sons: