“Quem mora em Floripa sabe que no verão a gente vira cicerone de parente. A primeira semana é legal, mas de repente chega primo até de quinto grau. O negócio é dar um jeitinho e pedir uns colchonetes no vizinho”.

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A música “Verão em Floripa”, interpretada por Elizah e Guinha Ramires há 20 anos, continua atual e parece ganhar novas versões a cada temporada. E não resume-se apenas à Capital. Muitos moradores do litoral catarinense começam a receber os primeiros visitantes.

É o caso de Gesica Prasito Camargo, de 27 anos. Ela mora em Itajaí e neste final de semana vai abrigar o primeiro dos 16 amigos que chegam do Mato Grosso do Sul. Eles vão se hospedar na casa dela até o ano-novo.

– É uma alegria receber. No ano passado foram 35 pessoas, uma loucura. Neste ano, graças a Deus, são só 16 – brinca.

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Visitantes colaboram com despesas e limpeza

Gesica é esteticista e conta que até a clínica vira quarto para as visitas. Os colchões são espalhados por todos os cômodos e eles saem em comboio para ir á praia e conhecer a cidade. Mas ela não reclama. Conta com o apoio de todos na hora de preparar a comida, limpar a casa e até dividir as despesas do supermercado.

A moradora de Palhoça Cleusa Bertamoni, 55 anos, também já se prepara para a maratona que inclui muita praia, festa e parentes para celebrar. No Campeche, em Florianópolis, boa parte da família se reúne nas festas de fim de ano e durante o verão. Em média, são 15 pessoas acomodadas, mas nas datas comemorativas pode chegar a 20. A estrutura está pronta. Colchões extras foram adquiridos e são dispersos nos quartos e salas.

– Aqui é a sede da família. E como é família, é relacionamento de amor e carinho. Toleramos mais – observa.

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Para aqueles que, diferentemente da Gesica e da Ceusa, não consideram tão agradável receber muita gente nesta época do ano, a dica é ser direto caso receba um pedido de hospedagem. Roberta Carlucci, personal stylist, afirma que geralmente as pessoas que se convidam tem alguma intimidade com os anfitriões. Então, o que vale é ser sincero, sem parecer mal educado:

– Fale que já vai receber mais pessoas e que não tem espaço para hospedar confortavelmente. E deixa o convite em aberto para outra época.

Contrato temporário pode ter número máximo de pessoas

O advogado especialista em direito imobiliário, Alexandre Zandavalli, ressalta que o número de ocupantes de um imóvel, sejam visitantes, hóspedes ou dependentes do locatário, não pode ser limitado. Isso porque a lei federal que trata das locações de imóveis urbanos, a Lei do Inquilinato, não estabelece número máximo de ocupantes no imóvel locado.

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– Porém, a limitação poderá ser imposta em determinados casos. Por exemplo, na locação para fins de temporada, já que a lei determina que essa modalidade se aplica aos casos de utilização para fins provisórios, normalmente relacionados ao lazer.

Fernando Willrich, presidente do Sindicato da Habitação (Secovi) da Grande Florianópolis, ressalta que o maior problema de superlotação concentra-se nos contratos de aluguel da temporada, até pelo problema de fiscalização.

Conforme Willrich, a recomendação é que os proprietários e imobiliárias ao alugar imóveis na temporada estabeleçam um limite de ocupação para evitar o excesso de pessoas.

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– A superpopulação traz toda uma série de problemas e o consumo de água e a própria edificação acabam sendo prejudicados.

Willrich defende que é importante a limitação constar do contrato e sob pena de ser rescindido em caso de descumprimento.

Síndicos fazem cerco ao excesso de visitas

A superlotação dos imóveis, para alguns, é motivo de dor de cabeça e exige fiscalização.

A subsíndica de um prédio de alto padrão em Balneário Camboriú, Nilcelene de Oliveira Prust, afirma que no local a restrição é de seis visitantes por apartamento e que está estabelecido no regulamento interno. E a medida facilita, inclusive o convívio nas áreas comuns:

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– A área de lazer não é muito extensa. E se deixarmos livre, os condôminos vão deixar de usufruir. Cada um deve ter bom senso.

Ela afirma que, de modo geral, eles não têm muitos problemas de superlotação, mas que já houve casos em que os moradores recebiam visitantes da própria cidade que vinham passar o dia para aproveitar a piscina e a estrutura nos dias quentes.

– Já falta água e infraestrutura na cidade. Imagina se a gente não limitasse, o que aconteceria? – questiona.

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Rodrigo Marcelo Cabral é síndico há dois anos em um prédio em Canasvieiras, no Norte da Ilha, em Florianópolis. Ele afirma que as visitas se intensificam nesta época do ano.

– Se eu percebo que tem muita gente em um apartamento, eu falo, sim. A gente não pode controlar tudo, tem a responsabilidade do proprietário também. Muitas vezes, eles só se preocupam em alugar.

Para o síndico, por ser comum faltar água e luz na região nesta época, é importante ficar atento ao número de visitantes.

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