Quando a porta se abre não é a visão o primeiro sentido a ser atingido. Antes que o olhar possa pousar sobre as delícias na bancada, o cheiro do chocolate derretido invade as narinas, denunciando o que há no interior do cômodo. Na fábrica da Pikantus, marca da Casa do Chocolate de Jaraguá do Sul, o doce é ingrediente principal e fonte de inspiração para as dezenas de combinações possíveis. A empresa é a mais tradicional da cidade na produção de chocolates caseiros.
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Quem entra na Casa do Chocolate e depara-se com as centenas de tipos e formas do doce nas prateleiras não imagina que sua produção é feita logo ali, em uma sala nos fundos da loja. São apenas quatro mulheres as responsáveis por completar as estantes.
Além de três funcionárias, que já têm a prática de lidar com o doce, a proprietária Giovana Luiza de Oliveira Hornburg também realiza parte da produção, como a decoração de ovos e o preparo de recheios das trufas. São as trufas, por sinal, o carro-chefe da fábrica e é Giovana quem assina a criação dos 23 sabores do doce – que eventualmente existem em maior número conforme novas combinações são inventadas.
Na sala onde ocorre a produção, há três máquinas e o restante é feito manualmente. Um dos equipamentos é a derretedeira. É nela que as barras de chocolate, compradas de um fornecedor, são derretidas para o trabalho. O segundo aparelho é uma derretedeira pequena, para o chocolate branco e o meio amargo.
Depois, o líquido vai para uma máquina que faz o choque térmico, esfriando um pouco a massa para que chegue à temperatura ideal. É a temperatura um dos importantes fatores no trabalho com o chocolate. Muito frio resulta em um chocolate esbranquiçado. Muito calor e o produto sua e derrete. O ideal é manter a temperatura entre 18 e 22 ºC.
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Massa pronta, é a mão das funcionárias que cria os quitutes. O chocolate derretido é colocado aos poucos em formas. Para os ovos, o trabalho é mais longo. É preciso fazer camadas de chocolate e resfriá-las até que se atinja a espessura desejada. Entre uma camada e outra, o ovo é colocado na forma em uma câmara fria. Para as trufas, são três etapas: o chocolate é colocado e espalhado na forminha, o recheio completa a forma e por fim uma última camada de chocolate é acrescentada, para o fundo. Tudo feito com a agilidade de quem já tem prática e o carinho de quem gosta do que faz.
– O chocolate é uma arte e tem que ser feito com amor. A receita até se passa, mas o resultado final só se atinge com carinho _ afirma Giovana, garantindo que ainda é uma apaixonada pelo doce, além de chocólatra assumida.
História de inovações
A Casa do Chocolate, em seu princípio, era uma loja na Vila Lalau que fornecia matéria-prima e instrumentos para quem quisesse derreter o chocolate em casa. Giovana Hornburg, formada professora e funcionária da empresa WEG por oito anos, viu a oportunidade de comprar o negócio. Ela e o marido, Valdir Hornburg, investiram, mas a loja não rendia o esperado. Isso 15 anos atrás. Logo começaram as inovações. Uma parceria com a marca Garoto garantiu a realização de cursos sobre chocolate. Foi onde Giovana aprendeu o que hoje é sua arte.
– Até então eu só sabia comer chocolate _ ri ela.
Há 12 anos, começou a produção da Casa do Chocolate. Há nove a loja mudou-se para o atual endereço, no Centro. E há dois foi lançada a marca Pikantus, que dá nome às produções e à um chocolate com pimenta.
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– Antes havia a ideia de que o chocolate caseiro era ruim, gorduroso, mas com o tempo fomos mudando isso.
Hoje, além da venda dos chocolates, a loja vende souvenires e canecas personalizadas, que podem ser feitas sob encomenda. Os chocolates também podem ser feitos para pedidos especiais: empresas podem ter o nome gravado em barras e os românticos pedem que alianças sejam escondidas em meio à ovos. Os cursos também continuam: além de chocolate, dicas de confeitaria, bolos, doces e salgados estão na lista de aprendizados passados. A próxima agenda de cursos será divulgada até o dia 15 de abril.