O candidato a prefeito pelo PSD em Joinville, Darci de Matos, foi entrevistado na noite de segunda-feira no programa RBS Notícias. Durante oito minutos, ele respondeu a perguntas sobre a forma como pretende governar a cidade, se eleito; as promessas na área da saúde; as ações que planeja colocar em prática para coibir a violência; a situação financeira da Prefeitura; e a sua proximidade com o governo do Estado. Confira as respostas do candidato. Nesta terça-feira, será a vez do candidato do PMDB, Udo Döhler, participar do programa.
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Confira a entrevista:
Candidato, analisando o resultado do primeiro turno das eleições, o senhor venceu o seu oponente em apenas dez dos 40 bairros de Joinville. Como o senhor pretende mudar essa realidade nessa reta final no segundo turno?
A eleição do segundo turno é nova, totalmente diferente. Nós já mudamos. Segundo a pesquisa Síntese, que foi publicada ontem [domingo], nós estamos dez pontos à frente do nosso concorrente: 54% a 45%. Então, vamos continuar trabalhando muito, mostrando as nossas propostas e afirmando aquilo que falamos em toda a campanha. Nós vamos cuidar de toda a cidade, mas vamos dar atenção maior para aquelas pessoas que moram no bairro e que mais precisam da Prefeitura.
Candidato, na sua campanha, o senhor tem dito frequentemente que, se for eleito, vai governar para os bairros, que o senhor fará um governo voltado principalmente às regiões mais humildes. Eu lhe pergunto: e o restante da cidade?
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Olha, na verdade, a atual gestão governou para a parte rica da cidade e esqueceu dos bairros. Os indicadores sociais demonstram isso: na saúde, na falta de creche, no asfaltamento. Eu afirmei e afirmo categoricamente que vou governar para toda Joinville, para todas as pessoas, vou cuidar de toda a cidade, mas a minha atenção será principalmente para quem precisa da Prefeitura, que são as pessoas simples: a dona de casa, o trabalhador que levanta de madrugada, que vai no posto de saúde e não tem remédio, que ficas anos na fila para uma consulta, uma cirurgia, um exame, que o asfaltamento não chega. Minha prioridade absoluta é para quem tem menos.
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Candidato, na sua campanha, o senhor cita uma série de problemas na saúde pública de Joinville, entre eles, a falta de remédios. O senhor não cita, no entanto, que o fornecimento de parte dos remédios que estão em falta é de responsabilidade do Governo do Estado, que é do seu partido. O que o senhor tem a dizer sobre isso?
O Governo do Estado é do meu partido, mas eu não participo dele. A Secretária Regional de Estado de Joinville e região é a Simone Schramm, presidente do partido do meu concorrente. Agora, eu acho engraçado isso, só faltava o meu concorrente dizer que a culpa é minha. Quando o atual prefeito se elegeu ele disse categoricamente: “Eu sei o que fazer, não falta dinheiro, falta gestão”. E eu afirmo nesse momento: continua faltando gestão. Não adianta ficar reclamando, tem que ir atrás do recurso.
Ainda sobre saúde, o senhor promete um conjunto de medidas para melhorar o atendimento. Entre elas: a construção de um novo PA na zona Oeste da cidade, a ampliação do horário de atendimento dos postos de alguns bairros, a criação de um serviço de agendamento de consultas pelo telefone e o aumento do numero de médicos do programa de saúde da família. Levando em conta que a prefeitura já gasta atualmente 41 por cento do total arrecadado com a saúde, o que o senhor pretende cortar, deixar de fazer, pra conseguir cumprir tudo isso que o senhor promete na área da saúde?
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Com relação ao PA na Zona Oeste, nós já acertamos com o deputado Patrício [Destro] para alocar o dinheiro do Governo do Estado, custa R$ 2 milhões. O agendamento de consulta não é custo, é atitude. Por telefone, pela internet, para evitar que as pessoas tenham que ir às 4 horas da manhã ficar esperando uma consulta. A saúde de Joinville está cara porque acumula na urgência e emergência. Nós temos que fazer a prevenção com saúde da família. Nós só temos 40% de cobertura da saúde da família. Se nós ampliarmos o número de equipe de saúde da família nós vamos baratear a saúde e aí vai sobrar recurso. Nós temos que aumentar a arrecadação do município também cobrando parte da dívida ativa e destravando a cidade para que venham novos investimentos, abrindo as empresas mais rapidamente para aumentarmos a arrecadação do município.
Candidato, além de tudo isso que o senhor promete na saúde, o seu plano de governo prevê uma série de outras medidas que aumentam os gastos públicos. entre elas, aumentar o numero de vagas nas creches, criar centros de convivência para estudantes da rede municipal, aumentar a destinação de recursos a projetos culturais, criar novas áreas de lazer… Levando em conta, que a situação financeira da prefeitura está no limite e utilizando uma máxima das últimas eleições, dá pra fazer?
A dívida ativa é de R$ 1 bilhão de reais. Quem deve não são os pobres, são os ricos. Nós temos que ir em cima da dívida ativa. Nós precisamos que destravar a cidade. Araquari abre uma empresa em 15 dias. Rio do Sul em sete dias. Em Joinville demora 5 meses. Alguns licenciamentos demoram anos. Enquanto nós demoramos muito tempo para abrir uma empresa ou liberar licenciamento, estamos perdendo arrecadação. A outra é montar uma equipe competente, fazer bons projetos e buscar recursos, em Florianópolis, em Brasília, principalmente para lazer e para área cultural.
Durante essa campanha, o senhor já foi questionado algumas vezes sobre o gasto com diárias de viagens na Assembleia Legislativa. Segundo o Tribunal de Contas do Estado, entre 2009 e 2011, o senhor foi o terceiro candidato que mais usou diárias na assembleia, um total de 267 mil reais, que dá uma média de R$ 10 mil por mês. O senhor alega que foi porque o senhor precisava percorrer o estado com o projeto do orçamento participativo. Sinda assim, eu lhe pergunto: R$ 10 mil em diárias por mês não é um gasto muito elevado?
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Se compararmos os meus 10 anos de mandato, o valor é metade disso. Eu já cheguei a fazer 4 mil quilômetros por mês e este pico em 2009 foi exatamente quando fui relator do orçamento do Estado, o que me honra muito. Como relator, eu precisava interagir com todas as regiões de Santa Catarina.
Candidato, o número de assassinatos em Joinville nesse ano já supera o que foi registrado no mesmo período do ano passado, quando nós tivemos um recorde histórico de homicídios. Em contrapartida, o reforço no efeito policial, que caberia ao Governo do Estado, do seu partido, não acontece. Como o senhor explica essa falta de apoio de um governo do seu partido pra combater a criminalidade aqui em Joinville?
Eu vou continuar cobrando do Governo do Estado. Eu entendo que o Governo está mandando recursos para Joinville, tem atuado na área de segurança, mas nós, como maior cidade, precisamos e queremos mais recursos. Agora, a Polícia Civil e Militar está prendendo. Só neste ano, foram presas 1650 pessoas e só tem 200 presos. Quer dizer, prende e solta, é como segurar gelo. Precisamos cobrar do Governo mais investimentos e eu vou continuar cobrando muito mais forte dele como prefeito, mas, agora, temos que falar da prevenção. Quando a gestão municipal abandona o bairro, as comunidades carentes e tem um índice de violência elevado, é por falta de alternativa, de inclusão social.
Para terminar, se o senhor for eleito no próximo domingo, qual será a sua prioridade nos primeiros meses de governo?
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Formar um equipe competente, destravar a cidade, fazer uma gestão com mais entusiasmo, mais alegria, e atacar rapidamente o problema da falta de remédio e a diminuição das filas de consulta e de cirurgias.