Mesmo sem saber sua casa pode estar abrigando uma sociedade inteira. Milhares de indivíduos trabalhando arduamente, de forma organizada e silenciosa. Eles são quase imperceptíveis até que o estrago esteja feito. Os cupins são insetos da ordem Isoptera e podem causar grandes problemas. Apesar da maioria ser benéfica ao meio ambiente e não trazer prejuízos aos seres humanos, pelo menos 5% das espécies são consideradas pragas nas áreas urbanas.
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O clima quente é o preferido para algumas espécies iniciarem a revoada, quando os cupins reprodutores partem em busca de parceiros e de um local para iniciar uma nova colônia. O problema é quando esse local é um móvel ou até mesmo partes da estrutura de uma casa ou de um prédio.
Como identificar se há cupins nos seus móveis
Alguns sinais podem indicar a infestação. Principalmente na época da revoada, quando os insetos com asa acabam entrando dentro de casa. Fechar janelas e portas é um começo. Caso algum acabe ficando, é preciso saber reconhecer os sinais da presença do cupim na madeira seca.
O biólogo entomólogo, especializado em cupins, Luiz Roberto Fontes, cita alguns indicativos da presença do inseto:
— Resíduo granulado expulso periodicamente das madeiras infestadas e presença de pequenos orifícios fechados na superfície das madeiras infestadas são sinais.
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— No caso de cupins subterrâneos, pode ser percebida a presença de túneis terrosos ou com outros detritos e com revestimento interno claro, pouco perceptíveis nas frestas da edificação. Serão observadas também peças deterioradas e fragilizadas pelo cupim.
— No caso dos cupins arborícolas e de solo haverá presença de túneis terrosos ou de resíduos de madeira e com revestimento interno escuro, bem visíveis em paredes, muros e tetos e presença de ninhos volumosos junto ao piso ou no teto, ou em árvores próximas no caso de cupins arborícolas.

Como lidar com o cupinzeiro
Prevenir é a resposta. A primeira dica é utilizar madeiras com uma qualidade melhor, já que são mais duras e resistentes, apesar de não serem imunes. Materiais de baixa qualidade são o grande atrativo para os cupins de madeira. Já para os cupins subterrâneos, os arborícolas e os cupins de solo, segundo o biólogo entomólogo, especializado em cupins, Luiz Roberto Fontes, os principais atrativos são umidade, cavidades fechadas e sem ventilação, que permitem ao cupim se abrigar sem ser percebido, plantio de árvores muito próximas à edificação (elas devem estar a pelo menos 5 metros das paredes), pois geram umidade e as raízes podem penetrar no piso e levar infestação por cupim. É importante remover entulho do sítio da construção ou quando efetuar reformas, e evitar acúmulo de materiais inservíveis nos espaços fechados da edificação.
— São cuidados recomendados a todas as construções. As edificações corporativas podem tomar algumas precauções a mais como treinamento dos funcionários para reconhecer sinais de pragas ou notificar qualquer sinal suspeito, arquivar toda a documentação referente a reformas, restauros, alterações paisagísticas, tratamentos contra pragas, e outras operações realizadas no território do estabelecimento (esse registro é importante para o diagnóstico do problema de infestação e também para o gerenciamento do problema a médio e longo prazo), recomenda Luiz.
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Para dificultar a vida do cupim é importante, então, realizar obras de drenagem, corrigir vazamentos hidráulicos, evitar infiltrações da água da chuva pelo telhado e nas paredes, evitar cavidades enclausuradas ou pelo menos prover uma via de acesso para ventilação e inspeção.
Caso o cupim já esteja instalado, a solução é contratar uma empresa para o serviço de descupinização. Luiz alerta para ter cuidado no momento de escolher. É preciso atenção para contratar um serviço de uma empresa legalmente habilitada e que demonstre conhecer o assunto.

As espécies existentes em Santa Catarina
Não há um levantamento de quantas espécies existem em Santa Catarina, mas certamente são dezenas. No Brasil, são conhecidas cerca de 400. Entretanto, de acordo com o especialista, há muitas espécies novas, ainda não descritas pelos cientistas e esse número tende a aumentar.
— Cada bioma apresenta uma riqueza faunística, com espécies que podem ser exclusivas de lá ou que lá são mais abundantes do que em outros locais. Os cupins fazem parte dessa fauna e se diversificam nos muitos biomas que compõem o Brasil. Em Santa Catarina, algumas regiões são muito ricas, por exemplo as matas costeiras, com cerca de 15 espécies de cupins, entre as xilófagas (comedoras de madeira) e as que habitam o solo — explica o biólogo entomólogo Luiz Roberto Fontes.
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Em Santa Catarina, as espécies nativas mais comuns são a Cortaritermes fulviceps, um cupim-de-solo e a Nasutitermes aquilinus, um cupim arborícola. Das espécies exóticas duas são mais problemáticas: o cupim de madeira seca Cryptotermes brevis e o cupim subterrâneo Coptotermes gestroi.
— As espécies mais destrutivas em Santa Catarina são as espécies exóticas, isto é, oriundas de outras regiões do mundo, e que também são pragas em muitos outros países nos quais elas foram introduzidas. Essas introduções ocorreram acidentalmente, seja em mobílias ou madeiras que vieram de outros locais, seja em navios ou mesmo em cargas de transporte ferroviário ou rodoviário infestadas com colônias de alados de cupins subterrâneos que recém revoaram e se instalaram nas cargas ou em resíduos transportados, explica Luiz.
Maioria é benéfica para a natureza
Apesar de causar dor de cabeça, a grande maioria das espécies de cupins, cerca de 95% do total, traz benefícios para a natureza e não causa nenhum tipo de problema ao ser humano. Segundo o especialista, entre os benefícios, está a manutenção da sanidade do solo, cuja maciez, porosidade e riqueza de matéria orgânica deve muito à ação dos cupins.
— Relacionado a esse benefício, está a recuperação da sanidade do solo em áreas degradadas ou sujeitas a degradação, por exemplo, locais de pastoreio: quem regenera o solo pisoteado e compactado pelo gado, em grande parte, são os cupins, que também degradam a matéria fecal depositada pelos rebanhos e a reintegram ao solo.
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Outro benefício citado por Luiz é a degradação da matéria lenhosa morta, como troncos e raízes, e sua rápida reincorporação ao solo, tornando essa matéria acessível às plantas.
— Os cupins são imprescindíveis à dinâmica dos solos dos solos nas regiões tropicais e subtropicais. Todos esses benefícios, que passam incógnitos ao pecuarista e ao lavrador, também ocorrem nas áreas urbanas, ou seja, o solo dos parques, jardins e gramados das cidades tem a sua sanidade mantida ou recuperada, em grande parte, pela fauna de cupins, explica.