Doença inflamatória da mucosa gástrica, a gastrite não é apenas um desconforto estomacal. Considerada aguda quando aparece de repente e evolui devido uma causa específica, ou crônica, quando pode não apresentar os sintomas e depende de exames específicos para ser diagnosticada, a doença pode estar ainda associada à infecção pela bactéria H. pylori, a mesma responsável pelas úlceras.

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A Helicobacter pylori, mais conhecida por H. pylori, é uma bactéria que vive no nosso estômago e no duodeno. A bactéria é transmitida de uma pessoa a outra, principalmente durante a infância. O endoscopista Sérgio Barrichello, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, explica que quando a H. Pylori estiver presente é importante erradicá-la com o uso de antibióticos específicos por 7, 10 ou 14 dias.

– Durante esse tempo é normal que os sintomas da gastrite pareçam ter aumentado, mas é muito importante levar o tratamento até ao fim para vencer a bactéria. Ao final desses dias, deve-se realizar uma endoscopia digestiva com biópsia para verificar se a bactéria foi realmente eliminada, e caso contrário, reiniciar o uso do antibiótico – explica o médico.

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Queimação e dor de estômago são as principais queixas de quem sofre com essa inflamação da mucosa estomacal. O desconforto esporádico, porém, não é suficiente para o diagnóstico de gastrite. É aconselhável marcar uma consulta médica quando ele dura mais de duas semanas. Para o diagnóstico, o especialista pedirá uma endoscopia. As imagens obtidas no exame revelarão se o indivíduo tem um dos dois tipos mais comuns da doença, a aguda, provocada pelo consumo abusivo de álcool ou de remédios, por exemplo, ou a crônica, que tem como causas principais o H.pylori, o estresse constante, o cigarro e o café.

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– A dieta precisa sofrer mudanças. Alimentos ácidos, gorduras, cafeína e álcool devem ser banidos. Os remédios só entram em cena se, apesar das alterações no cardápio, a dor não for embora – afirma Barrichello.

O tratamento geralmente é feito com a associação de antibióticos e um medicamento que inibe a acidez.

– A boa notícia é que as pessoas que têm a bactéria e passam por um tratamento têm próximo de 1% de chance de voltar a ter úlcera ou gastrite em um ano. Entre as pessoas que não tratam, o índice aumenta para 95% – alerta o endoscopista.

Como se prevenir

Medidas simples podem ajudar a prevenir a gastrite. Confira as dicas do médico Sérgio Barrichello:

1) Mantenha uma dieta saudável com verduras, legumes e frutas, e pobre em gorduras

2) Evite cafeína, álcool e condimentos ácidos e picantes, que estimulam a produção ácido-gástrica

3) Não tenha pressa ao comer. Faça, no mínimo, três refeições ao dia em ambiente tranquilo, não exagere na quantidade e mastigue bem os alimentos

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4) Evite consumir alimentos em temperaturas extremas (muito quente ou muito gelado), pois promovem congestão da mucosa gástrica com aumento da secreção ácida e retardo do esvaziamento gástrico

5) Beba líquidos com frequência, mas evite nos horários das refeições

6) Quem está passando pelo tratamento da bactéria, deve evitar alguns alimentos:

– Café, chá mate, chá preto e chocolate em excesso

– Bebidas alcoólicas, gaseificadas, refrigerantes e sucos artificiais

– Frutas ácidas (laranja-pera, abacaxi, caju, maracujá, limão)

– Doces concentrados (goiabada, marmelada, leite condensado, chocolate, cremes)

– Frituras em geral

– Temperos, molhos e condimentos ácidos ou picantes

– Frios (mortadela, queijo prato e mussarela, presunto, lombo defumado)

– Embutidos (salsicha, linguiça, mortadela, salame)