Primeiro de maio de 1994, Grande Prêmio de San Marino, Ímola, Itália. A Fórmula 1 perde um dos maiores símbolos do esporte e o Brasil, um de seus heróis. Na curva Tamburello, na sétima volta da corrida, Ayrton Senna perde o controle de seu monoposto e se choca contra a proteção lateral da pista. O coração de milhões de brasileiros dispara em ritmo acelerado.
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Pela TV, o anúncio do acidente silencia milhões de fãs do automobilismo que assistiam à corrida. O piloto é encaminhado ao Hospital Maggiore, em Bolonha, onde poucas horas depois é anunciada a sua morte.
Vinte anos após o falecimento de Senna, pouco importa a região do País, a cidade ou o Estado, sempre existirá alguém que ficou marcado pela trajetória do piloto brasileiro na Fórmula 1. Mais que um ídolo, Ayrton Senna ganhou o status de super-herói brasileiro.
Contra tudo e contra todos, nos dez anos em que competiu na categoria, Senna jamais se intimidou com algum adversário. Ganhou três títulos mundiais – 1988, 1990 e 1991 -, foi vice-campeão nas polêmicas temporadas de 1989 e 1993 e transformou o automobilismo, que ainda era pouco conhecido no Brasil, em um esporte tão idolatrado quanto o futebol.
Há duas décadas, a data que marcou a vida de tantas pessoas marcou também a história de três famílias de joinvilenses em especial. Os chefes das famílias Martins, Silveira e Vieira escolheram no cartório o nome de Ayrton para registrar seus filhos, que se tornaram símbolos de uma homenagem a um dos principais homens do esporte nacional. Naquele dia 1º de maio, o piloto não estaria entrando apenas para a eternidade, mas passaria a fazer parte da família de cada um deles.
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Os três Ayrtons – com “Y”, assim como o grande ídolo – não tiveram a oportunidade de ver o piloto em ação, mas nem por isso deixaram de conhecer a história do piloto que é considerado por muitos um dos melhores da história da categoria.
Hoje, eles exibem suas identidades com orgulho, já que de algum modo ajudam as pessoas a relembrar das façanhas que o piloto conquistou nas pistas, e o carinho e o respeito que o converteram em lenda fora delas.
A cidade de Joinville também prestou sua homenagem ao ídolo. Em um ato simbólico, batizou uma rua com o nome do eterno tricampeão.
Nascido em 1º de maio
Ayrton César da Silveira carrega mais do que o nome do piloto como lembrança da homenagem que seu pai, Mário César, resolveu fazer. A data de nascimento, que não é por coincidência, é outro forte indício do amor que a família sentia pelo piloto: 1º de maio de 1995 _ exatamente um ano após a morte de Senna. Sabendo que o parto do filho teria que ocorrer por cesariana, não houve dúvidas no momento de escolher a data.
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Nesta quinta-feira, Ayrton César vai completar 19 anos. O presente de aniversário ele ainda não sabe o que vai ser. Mas há algo que ele tem certeza que vai acontecer. Em todos os anos, exatamente às 8h03 – horário em que o filho nasceu -, o pai o acorda com o Tema da Vitória de Ayrton Senna, que tocava na televisão sempre que o piloto cruzava a linha de chegada em primeiro lugar.
O Ayrton Senna de Joinville
Só batizar o filho com o nome de Ayrton seria pouco para simbolizar o amor que Aloísio Carlos Vieira tinha pelo piloto. Tinha que ser mais, tinha que ser Ayrton Senna. E foi assim que o metalúrgico, então, batizou o caçula há 16 anos. Com a certeza de que viu o “braço forte do melhor piloto da história” em ação, Aloísio jamais se esquecerá das manhãs e tardes de domingo em que parava em frente à televisão para assistir às corridas da Fórmula 1.
Ayrton não tem idade suficiente para ter conhecido o ídolo do pai em ação, mas isso não é desculpa para não saber a respeito da história do piloto, que, de certa forma, também faz parte da família. Quando não é o pai que lhe conta sobre alguma façanha que o herói realizou, é pela internet que o garoto se informa, seja lendo matérias ou assistindo a vídeos antigos.
“Prazer, eu sou o Senninha”
O dia do aniversário de 60 anos de Isaltina Martins foi amargo para o filho Eugênio, então com 22 anos. Não havia clima para celebrar a festa da mãe na mesma data em que morreu o herói de uma geração. A tristeza tomou conta da família por algum tempo. Mas, cinco meses e 24 dias depois, os Martins ganharam um novo motivo para sorrir: o nascimento de Ayrton Douglas.
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Foi Eugênio quem escolheu o nome do filho. Era a sua forma de homenagear o piloto e eternizá-lo em sua memória. Então, é ao pai que Ayrton deve agradecer, já que foi um garoto de sorte durante a infância. Se na época da escola os colegas costumavam apelidar os amigos com nomes nem sempre tão agradáveis, ele não tem do que reclamar: virou o Senninha. De tanto que gostou do apelido, resolveu adotá-lo e até hoje se apresenta como tal.
Uma rara coleção de cartões
Jairo Ferreira é outro fã joinvilense de Ayrton Senna. Ele coleciona todo tipo de cartões do ex-piloto – sejam de edições especiais para colecionadores ou telefônicos. Ao todo, são mais de 100 peças que ele tem. O acervo é de encher os olhos, mas, precisando de dinheiro, a necessidade fala mais alto. Decidiu que venderá os objetos. Compradores já fizeram propostas, mas nada que já tenha convencido o apaixonado fã a abrir mão de suas relíquias.
Piloto virou nome de rua
O município de Joinville também prestou sua homenagem ao piloto. Três meses após a morte de Ayrton Senna, o então prefeito de Joinville, Wittich Freitag, sancionou a lei 3.006/1994, que deu o nome de Ayrton Senna à rua nº 34, no Adhemar Garcia.
Vídeo: Jovens joinvilenses falam sobre o orgulho de levar o nome de Ayrton em homenagem a Senna
* Colaborou Camila Nunes