Entre os tantos afetados pela crise econômica que o Brasil vive estão as entidades assistenciais. Em Blumenau, diversas delas tiveram que se reestruturar para garantir o bom funcionamento e atendimento. Professora do curso de Serviço Social da Uniasselvi, Jeany Eskelsen diz que a readequação na oferta dos serviços das entidades pode ser uma saída paliativa para o problema.
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– Essas organizações têm papel extremamente importante na nossa sociedade. Quando você faz cortes, automaticamente está diminuindo o direito das pessoas em acessarem esse serviço.
Jeany acredita que para que as ONGs superem a crise é necessário mais do que equilíbrio nas contas: é preciso que a parceria entre terceiro setor, poder público e empresas seja fortalecida para ampliar os recursos. É necessário que outras alternativas de financiamento sejam encontradas, segundo a especialista.
– Diante de uma crise econômica, não podemos nos acomodar e aceitar os resultados. Temos que encarar de uma forma muito madura esses impactos sociais que a crise econômica está causando – afirma.
O Santa ouviu as sete entidades que mais recebem recurso da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Semudes). Confira a situação delas diante da crise econômica:
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– Associação Blumenauense de Amparo aos Menores (Abam)
Para reduzir as despesas, o tempo entre algumas manutenções – como roçado e jardinagem – aumentou. De acordo com o presidente da entidade, Pedro Prim, outros trabalhos precisam ser mantidos com a mesma frequência, como dedetização, desratização e limpeza de caixas d?água, já que esse tipo de serviço é fiscalizado pela Vigilância Sanitária. Ele diz que os recursos públicos atrasam às vezes, mas dão conta do pagamento do salário dos 25 funcionários.
Como ajudar: as doações são importantes e permitem que a Abam faça reformas nas unidades e qualifique os locais de convívio das crianças e adolescentes. Hoje a casa atende 30 crianças de zero a 18 anos. O objetivo da Abam é formar e ressocializar o cidadão. O fone de contato é (47) 3327-0484.
– Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae)
O repasse mensal de R$ 32 mil feito pela prefeitura e as outras duas fontes de verbas públicas – Fundo Social e SUS – não sofreram cortes, garante a presidente. No entanto, as doações diminuíram, o que fez com que a Apae apertasse os cintos. Segundo a presidente Lorena Starke Schmidt, as contribuições são importantes pois complementam a folha de pagamento dos funcionários, cujos repasses públicos não dão conta sozinhos.
Como ajudar: a comunidade pode contribuir com os eventos da casa, como o pedágio, que ocorre em Blumenau no dia 16 de junho. O fone de contato é (47) 3323-0000.
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– Associação Blumenauense de Amigos dos Deficientes Auditivos (Abada)
A Abada nota uma redução de 15% no volume de doações voluntárias entre 2015 e 2016. Hoje são 13 funcionários que atendem a comunidade e oito que trabalham no quiosque. A casa realiza cerca de 3 mil atendimentos por mês e o público alvo são deficientes auditivos, pessoas com baixa audição, idosos e pessoas em vulnerabilidade social.
Como ajudar: a Abada precisa de voluntários para o pedágio, que será no próximo dia 30. O contato é pelo fone (47) 3340-2463.
– Casa da Esperança
A Casa da Esperança notou queda nas arrecadações em duas áreas: nos projetos federais, que tiveram o fluxo reduzido, e nas doações de empresas e pessoas físicas. Os repasses através do FIA também diminuíram, segundo Elizabeth Rebellato. Para contornar a crise, as atividades feitas com as 120 crianças com idades entre seis e 15 anos tiveram que ser remodeladas, em função do número reduzido de professores e festas – como Dia dos Pais e das Mães.
Como ajudar: a maior necessidade da ONG é por alimentos, materiais de limpeza e expediente e roupas e cobertas para serem comercializadas no brechó. O telefone da entidade é (47) 3324-0886
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– Eurípedes Barsanulfo
A Associação Pedagógica Eurípedes Barsanulfo é a única das consultadas que não passa por problemas no caixa. O diretor financeiro, André Luiz Lobe, explica o motivo: a casa funciona em uma sede própria, o que livra a associação de pagar o aluguel. Além disso, quatro empresas – cujos sócios fazem parte da diretoria – cobrem parte das despesas e 40 colaboradores também fazem doações mensais. São 12 professores e 25 voluntários. Segundo Lobe, a única fonte de renda que registrou queda foi a proveniente do FIA. Hoje a Eurípedes atende 105 crianças com idades entre seis e 16 anos, no período inverso ao escolar. São desenvolvidas atividades que promovem o desenvolvimento social e humano.
Como ajudar: a casa precisa de recursos financeiros para expandir o trabalho realizado hoje. O contato é pelo fone (47) 3222-1896.
– Lar Betânia
A casa notou uma redução indireta nos repasses públicos. De acordo com o presidente Orlando Mattos Junior, a prefeitura reajustou os repasses em 6% em um período em que a inflação atingiu 11%. Além disso, há reduções nas doações, mas ainda não foram necessários cortes no quadro de funcionários.
– A captação de recursos está cada vez mais difícil, mas ainda temos muitas pessoas que nos ajudam. Estamos fazendo todos os esforços para que a crise afete o menos possível nosso trabalho – afirma.
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O lar desenvolve atividades de segunda a sexta-feira, das 7h às 18h. Hoje a casa atende 120 crianças na unidade localizada no bairro Ponta Aguda; 85 no Serviço de Convivência e cem na unidade localizada na Velha Grande (Lar Bethel).
Como ajudar: a comunidade pode ajudar com alimentos, dinheiro e serviços voluntários. Fone: (47) 3322-2207
– São Roque
A coordenadora financeira da casa, Nadir Ferreira, afirma que a diminuição nas arrecadações causou o fechamento de uma das unidades de atendimento, já que não havia recursos suficientes para o pagamento das contas. Atualmente 27 pessoas trabalham na ONG e também não tem condições de diminuir o quadro funcional, já que não há recursos no caixa para cobrir as obrigações trabalhistas. Hoje a casa sustenta-se com cerca de R$ 45 mil mensais do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (Fundeb) e Fundo Municipal de Assistência Social (FMAS). A ONG atende em duas frentes: crianças de quatro meses a cinco anos (atendimento infantil) e crianças e adolescentes de seis a 15 anos (Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos). A casa presta atendimento para os filhos de 130 famílias.
Como ajudar: a casa precisa de doações em dinheiro e alimentos (menos arroz). O fone é: (47) 3323-4061.
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