Começou nesta terça-feira e vai até o início do inverno um dos períodos mais aguardados do ano para muitas famílias catarinenses. A colheita e a venda do pinhão já estão liberadas, e a expectativa fica por conta da produção, em queda nas últimas três safras. A atual, porém, deve marcar o retorno da normalidade e o aumento da quantidade de frutos nas araucárias.

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Dados da Secretaria da Agricultura de Lages, na Serra, apontam que a média histórica por safra na região, maior produtora do Estado, é de 250 mil sacos de 50 quilos, o equivalente a 12,5 mil toneladas, ou 12,5 milhões de quilos.

Acontece que nos últimos três anos os números despencaram. Das 12,5 mil toneladas colhidas em 2011, a quantidade caiu para 10 mil em 2012 e 7,5 mil em 2013, numa redução de 40% em apenas três safras.

Já para 2014 a previsão é de que a produção volte a subir e fique em 8,75 mil toneladas, mas ainda 30% abaixo do normal. A expectativa é de que o produtor receba cerca de R$ 3 por quilo no começo da safra e R$ 5 no fim. No mercado, o preço pode até dobrar para o consumidor.

Como a atividade ligada ao pinhão ainda beira o amadorismo, os estudos e os dados relacionados ao cultivo ainda são escassos e imprecisos. Instituições como a Epagri e o Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV) da Udesc, localizado em Lages, investem em pesquisas e já têm informações relevantes. Porém, muito ainda precisa ser descoberto, principalmente sobre os motivos que levam a produção da araucária a variar tanto de uma safra para a outra.

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Alguns agrônomos acreditam que por ser a araucária uma planta nativa, que não recebe manejo e nem a interferência do homem, está sujeita à flutuação de produção. Observações empíricas no campo indicam que a árvore passa por ciclos de aproximadamente três anos, alternando volumes altos e baixos de pinhão.

Uma das hipóteses para essa alternância é que a planta retira nutrientes do solo e a sua fisiologia regula a produção. Depois, é necessário um período estimado em três anos para a situação voltar ao normal.

– Tem também a polinização e as questões ligadas ao clima, como geadas tardias e estiagem. Nos pinheiros próximos a galpões, onde há esterco dos animais, a produção é maior porque as árvores recebem mais nutrientes. Mas são poucos os estudos que dizem exatamente o que acontece com o pinhão -, diz o agrônomo Raul Cerqueira, responsável pelo escritório da Epagri em Painel, pequeno município de 2,4 mil habitantes, distante 25 quilômetros de Lages e considerado o maior produtor do Estado, com previsão de colher 1,3 mil toneladas neste ano.