Após três meses, a safra da tainha termina nesta segunda-feira (31) com recorde na captura. Segundo dados do Tainhômetro, da prefeitura da Capital, mais de 257 mil animais foram pescados durante a temporada artesanal — 77,28% a mais que no ano passado. Para os pescadores, o saldo foi positivo, mesmo com a demora para a chegada dos peixes devido às condições climáticas.
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A pesca artesanal da tainha teve início em 1º de maio. Nesta modalidade ela é feita por comunidades tradicionais que, em embarcações pequenas dentro do mar, jogam uma rede de cerco, fechando os animais em um “saco”. A rede, assim que o cardume é capturado, é “arrastada” pelas extremidades até a areia da praia.
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Dados da prefeitura apontam que, até esta segunda-feira, foram 257.069 capturas foram contabilizadas em Florianópolis. A praia da Lagoinha do Norte foi a que liderou o número com 61.186 peixes. Em seguida, vêm Naufragados, com 45.001 — em um dia, o local chegou a recolher 40 mil tainhas —, e Gravatá, com 23.416. (veja o ranking abaixo)
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De acordo com o subsecretário de Pesca, Maricultura e Agricultura de Florianópolis, Adriano Weickert, os números deste ano também superaram o recorde de 2021, quando 215 mil tainhas foram pescadas.
— Elas chegaram tarde, por conta das nossas condições climáticas, elas chegaram no final de maio. Os pescadores ficaram ansiosos mas ultrapassamos a captura do ano passado e até do ano retrasado. Foi mais que o esperado e foi o suficiente para ajudar quase todos os ranchos de pesca — pontua.
Para o subsecretário, a expectativa para o próximo ano é que a modalidade siga capturando uma quantidade expressiva. Além disso, também há movimentos para o retorno da pesca industrial e de reconsideração nas cotas da pesca anilhada, que deve influenciar na atividade.
— Vamos ver se esses estudos estão certos para que a anilhada volte ao normal, a industrial volte a pescar e a artesanal pegue a quantidade que pegou neste ano — salienta.
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Confira as praias com a maior captura em Florianópolis:
- Lagoinha do Norte: 61.189
- Naufragados: 45.001
- Gravatá: 23.416
- Campeche: 21.759
- Prainha da Barra: 17.432
- Ingleses: 16.910
- Barra da Lagoa: 13.965
- Moçambique: 9.255
- Brava: 8.464
- Joaquina: 6.902
- Jurerê Internacional: 6.507
- Santinho: 6.048
- Pântano do Sul: 4.570
- Caiacanga: 4.336
- Ponta das Canas: 3.570
- Daniela: 2.392
- Cachoeira Bom Jesus: 2.193
- Galheta: 2.007
- Jurerê Tradicional: 811
- Canasvieras: 190
- Forte: 152
Temporada foi marcada por decisões judiciais e polêmica
A temporada da tainha em Santa Catarina foi marcada por uma série de polêmicas, principalmente envolvendo a pesca anilhada, encerrada em 22 de junho. A finalização ocorreu porque o Estado atingiu a cota de 460 toneladas, estipulada pelo governo federal, para esta safra.
O governo federal reduziu neste ano o volume permitido à modalidade, antes em 830 toneladas, e diminuiu a zero a pesca industrial sob o argumento de que as medidas são necessárias para garantir a sustentabilidade da atividade e o equilíbrio da espécie.
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O fim da safra também foi repercutido pelo governo estadual, sob gestão Jorginho Mello (PL), que tentou reverter ao longo da temporada as restrições impostas pela União, inclusive com idas à Justiça.
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A gestão Jorginho fez apelo alertando sobre os danos econômicos da redução. Já em março, altura em que as cotas reduzidas foram anunciadas, o Estado calculava que o setor pesqueiro catarinense teria perdas de R$ 10 milhões com a proibição da pesca industrial.
Além disso, Tribunal Regional Federal (TRF4) negou o pedido de revisão do Sindicato das Indústrias da Pesca de Itajaí e Região (Sindipi) sobre a proibição da pesca industrial da tainha em 2023. Com início em junho, a atividade é feita em embarcações maiores, que utilizam um sistema de cabos de aço para esticar as redes no mar.
CORREÇÃO: Inicialmente a reportagem informou que o aumento era de 178% na captura dos peixes. A informação foi corrigida.
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